MAURINDINA FEIJÓ
DE SOUZA – uma dama voando nos céus de Santa
Vitória do Palmar
A CRIAÇÃO DO AÉREO
CLUBE
A nossa topografia e a claridade desta zona, sempre facilitaram
que admirássemos os dia e as noites subtropicais
e num constante olhar para o alto, pensando que por ali,
devido a estas intrafegáveis lonjuras, seria o caminho
de comunicação em tão passados tempos.
Desde a vinda do primeiro aeroplano que pousou nos campos
onde hoje está localizada a base da Corsan perto
do hospital, depois, quando passou em nossas alturas o Graf
– Zepelin, mais tarde, a descida de hidroaviões
na Mirim e por fim, a linha desde Rio Grande até
a Barra do Chuí, com uma parada em Curral Alto, sempre
tivemos a conciência de que, pelos ares, venceríamos
as grandes distâncias. E assim foi:
Os maiores desafios de nossa gente sempre tiveram, como
impulso, as grandes crises, como foi o caso que, em plena
2ª Guerra mundial, e no ano de 1941, no dia 7 de janeiro,
um grupo de moradores daqui, resolveu unir-se e fundar uma
entidade para a prática da aviação,
onde sairiam pilotos para conduzir naves e onde a locomoção,
principalmente em casos de urgência, faria a ligação
entre os necessitados.
Por estes lados, a vontade de dirigir um aparato mais pesado
que o ar, tendo a fé do Pai da Aviação,
era latente, sendo que para isso, três jovens estudantes
foram para a Escola Militar de Porto Alegre e de lá
ingressarem na arma da Aviação. Refíro-me
ao malogrado tenente Mario Aguiar, que faleceu num acidente
dentro de caça de guerra, durante as comemorações
da Semana da Asa. Tivemos, também, Flávio
Castro, da estirpe familiar dos Sousa Castro, que chegou
ao posto maior de Brigadeiro do Ar e o reconhecido patrício
Wilson Policarpo de Azambuja, que também galgou aos
píncaros da promoção, como seu companheiro.
Voltando ao Aéreo Clube, nomeamos os membros de sua
primeira diretoria formada por:
Presidente – Guilherme Schultz Filho;
Vice-presidente – Gaspar Velasco Molina;
Secretário – Dirceu de Almeida Peres;
Tesoureiro – Francisco Rota Cava;
Secretário – Dirceu de Almeida Peres;
Tesoureiro – Francisco Rota Cava;
Diretor Social – Análio Rodrigues Rotta;
Instrutor técnico – Comd. Luis Leal Netto dos
Reis;
Comissão de Contas – Niro Teixeira de Souza
– Guilherme de Sousa Castro e Clóvis Rodrigues
de Castro.
Mas agora, ressaltando a atuação do Aéreo
Clube de Santa Vitória do Palmar, lembremos alguns
de seus alunos que se desenvolveram na função
de pilotos. Mario Donato, Fábio Spotorno, Bonifácio
Estrella, Moacir Souza, Lino Rodrigues, Maurindina Feijó
de Souza, José Antônio dos Santos, Dirceu Peres,
Julia Fernandes.
Da. Maurindina saída das bandas de Curral Alto, veio
para a cidade, onde desempenhou funções de
funcionária pública na Justiça local.
Apaixonada pela arte de voar, inscreveu-se como aluna na
nova entidade e recebeu licença de piloto, fazendo
sua preparação nos famosos Paulistinhas, os
“Teco-Tecos” os Pipper, com um lugar na frente
e outro atrás e nos Cesnas, com o banco onde voavam
duas pessoas, lado a lado. Esta jovem aviadora exerceu de
maneira amadora sua inclinação até
o final do clube.
Outro que ficou perpetuado na memória dos santa-vitorienses,
foi o Lino Rodrigues, taxista de profissão e que
sendo “brevetado” na ocasião, serviu
a comunidade onde nasceu. Como as dificuldades de locomoção
pelas distâncias do interior, onde as estradas eram
precárias e a passagem heróica, principalmente
no inverno, um grupo de estancieiros locais comprou um avião
dos já citados e o entregou ao comando e guarda do
Lino que fazia seu trabalho para eles e também, aos
particulares que necessitassem de cobrir léguas e
léguas pelos ares, chegando rápido e seguramente
a todos os nossos rincões e servindo de apoio à
empresa de ônibus Atlântica, quando seus carros
ficavam tempos na costa do mar, motivados pelo vento sul,
chuvas ou pane, colocando em risco a segurança dos
viajantes e este reunia as famílias dos que estavam
apuros que enchiam sacolas de mantimentos e os transportava,
jogando-os alto.
O Aéreo Clube teve dois instantes de grande repercussão
trágica quando, Mario Donato sofreu um acidente às
margens da lagoa Mirim, felizmente com poucos danos à
sua pessoa. Noutro momento, nos campos do sr. Alberto Talayer,
o instrutor Vilar e o fiscal do ICM, de nome Coimb
ra. O primeiro, embora com sérios ferimentos, salvou-se,
mas o segundo veio a falecer no local.
Este é o resumo breve da vida do Aéreo Clube
que, depois, de um longo recesso, em 1962, tentou voltar
a atuar em nosso meio, sem sucesso.
Infelizmente foi uma MANICACA, expressão que na gíria
da aviação, assemelha-se a uma “BARBEIRAGEM”,
que fez com que associativo fosse extinto para ainda não
voltar. Quem sabe se algum dia esquecendo-a tenhamos outro
grupo voltando aos ares do sul.
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Estatuto do Aéreo
Clube de svp |
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Carta de licença
para pilotar |
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Maurindina
Feijó de Souza em frente ao avião |
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Grupo de estudantes
da autoridade da aviação, tendo ao fundo
o Teco-Teco onde faziam seu aprendizado (as 4 primeiras
fotos são do arquivo da família de Maurindina
sedidas por sua filha Leozina Feijó de Souza) |
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Outro estudante,
o jóvem Bonifácio Estrela (propriedade
da família) |
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Ficha médica
do aprendis Fábio Ferreira Spotorno, expedida
pelo Ministéreo da Aeronáutica (acervo
do mesmo) |
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