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A Igreja Matriz
Símbolo de Fé - Presença Jurídica
Como em todo Brasil, principalmente em tempos passados,
a Igreja Católica era ponto fundamental de união
das pessoas, e também dispersão de idéias,
cultura, assistência, mas muito mais do que isso,
a fonte civil dos indivíduos.
Sendo a Igreja pertencente ao Estado pela constituição
de 1824, todos os documentos registados por ela, como nascimento,
casamento e óbito, principalmente, eram de fé
pública e saiam daí para regerem o destino
dos cidadãos.
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A religião católica era ministrada, antes
de 1855, em nosso meio, através das andanças
dos padres que vinham desde a cidade do Rio Grande, em especial,
do Taim. Recorrendo por meses nosso território, ora
começando pelo lado da Mirim e voltando pela "Outra
Costa", espargiam os sacramentos mais importantes,
sendo essa atividade um transtorno para as pessoas que habitavam
estas plagas sulinas. Nunca a gente sabia quando o representante
da Igreja e, principalmente, das autoridades constituídas,
iria passar por aqui, dificultando a vida legal das comunidades
que habitavam nossa campanha. Esta situação
foi uma das causas da vontade dos habitantes, principalmente
os estancieiros, em criar uma povoação onde
os mesmos pudessem ter instaladas as repartições
públicas e mesmo uma capela onde oficiariam os rituais
religiosos.
Em 1855, quando o cel. Manuel Corrêa Mirapalhete,
reunido com outros potentados da gleba, fundou a Povoação
de Andréa; seu primeiro ato contínuo à
demarcação foi construir uma capelinha humilde,
de madeira e coberta de palha e com uma grande vara para
o sino, a fim de centralizar os anseios de todos. Mas logo
a seguir, o mesmo comendador contatou o pedreiro Bernardo
Cruspeire, imigrante "basco francês" (informação
dada ao dr. Anselmo Amaral, historiador desta terra, pelo
filho do empreiteiro, Bernardino Cruspeire, já em
idade avançada) e começaram as obras do templo,
de material e com uma torre para servir de reduto de fé
e ofício. Relata ainda Anselmo Amaral que todos os
dias, bem em frente ao prédio onde hoje está
seu busto, o ancião levava uma cadeira e aí
ficava por horas, assistindo aos árduos trabalhos
de pedreiro e carpinteiro.
Há um anedotário contado pelo próprio
filho de Cruspeire que, este estando no trabalho nos altos
do prédio, escorregou e caiu de uma razoável
altura e seria bem possível que um acidente grave
iria acontecer com ele. Quando todos que ali estavam correram
em seu socorro, este estava lavando-se em um tonel e nada
lhe havia acontecido, já que caíra em cima
de um monte de areia que se achava em baixo para servir
como material de construção e o historiador,
num rompante de poeta, afirmou- lhe que "fora o primeiro
milagre de Santa Vitória em nossas terras"...
Em outro momento, como já foi citado em anterior
crônica, os documentos que registravam a vida civil,
feitos na Paróquia entre os anos de 1861 a 1890,
foram perdidos num naufrágio na lagoa quando estes
eram transportados para a diocese de Pelotas, num iate na
altura do Pontal dos Afogados foi ao fundo. Graças
ao zelo do padre José Vasques Gonçalves, sacerdote
desta igreja, a transcrição dos assentamentos
eram feitos em folhas e guardados em forma de livro, nossos
conhecidos "borradores", e depois passada aos
livros oficiais,que naquela ocasião ficaram nas profundezas
das águas.
Estes "borradores" ainda estão em nossa
comunidade, em mãos de herdeiros do padre José.
Quando da instalação da República estes
passaram a ter fé de ofício, já que
foram criados cartórios na separação
da Igreja como o Estado, mas a lei brasileira reconhece
o valor de tais papéis, que depois de transcritos
e assinados pelo pároco, servem como instrumento
legal da comprovação de origem. Estes documentos
foram muito usados como prova documental na herança
de Domingos Faustino Corrêa, quando muitas pessoas
precisavam, para se adjudicarem como herdeiros do celebre
testamenteiro, provar sua origem Corrêa.
Estes foram dois momentos da atuação da Igreja
Católica em nosso meio, que sempre se destacou na
vida social e política desta gente, abrigando em
seu seio a imagem da Santa Vitória, mandada pelo
marechal Andréa em março 1856, e que ficou
sendo a padroeira de Santa Vitória do Palmar.
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