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UM MERGULHÃO E UM GRINGO TRAZENDO SUAS CULTURAS PARA NÓS – Parte 1

Esta terra sempre foi pródiga em acalentar em seu seio, gente de todas as latitudes que, aqui fazendo seu lar, ajudaram a desenvolver sua capacidade e dinamismo, mas também, mandou aos confins do mundo, seus filhos, para aprimorarem suas potencialidades e voltando para cá, neste torrão sulino, proporcionam seus conhecimentos e experiências.

Santa Vitória do Palmar teve na imigração italiana uma sólida formação de trabalho e entre muitas das importantes famílias conterrâneas, os peninsulares se destacaram e foi por isso, que aqui, conhecemos muitos vultos, que pelo trabalho se sobressaíram em nossa sociedade, mas também, por força dessa cultura, tantos estrangeiros vieram para cá, na maioria, de passagem e deixaram-se ficar, inclusive, por amor às filhas desta zona.

Veremos dois casos categóricos que atestam acertiva. É o caso do santa-vitoriense BRASILIANO ÍTALO PATELLA, surgido no seio dessa família de alienígenas que para cá se deslocaram na ânsia de homens e mulheres que procuravam no Novo Mundo, uma maneira descente e progressita de viver e que, por estes lados, se deram muito bem.
BRASILINO ÍTALO PATELLA, foi estudar em Roma, um dos centros mais cultos da Europa e lá, brilhantemente, formou-se em medicina e retornou à pequenina cidade acompanhado de seu grande amor, surgido no outro lado do Atlântico que foi, a moça de origem nobre, a condessa ADELAIDE BARTOLI PATELLA, e aqui se instalaram, vivendo numa estância de família em São Miguel onde o casal abdicou dos luxos das cortes européias para se afincar nas barrancas do pequenino arroio. A estada durou pouco, já que a jovem, desolada por tanta precariedade no ambiente, terminou o romance e retornou à Pátria natal. Brasiliano passa a exercer sua profissão em nossa urbe e começa uma trajetória de lirismo e afã de escrever seu sentimento de solidão. Deixou impressa nas páginas dos jornais locais e de outras cidades gaúchas e uruguaias sua verdadeira condição de um dos grandes intelectuais que por aqui se desenvolveram. Especial orador, exímio esculápio e muito mais ainda, a grande pena para todas as causas.
Triste e mordido pela ausência e cheio de saudades, enveredou pelo caminho do álcool, que, no dizer de seus contemporâneo abreviou-lhe a vida. Foi muito respeitado, admirado e ao mesmo tempo, recebeu a solidariedade de suas patrícios, por tão infinita mágoa e dor.
BRASILIANO ÍTALO PATELLA deixou entre nós uma auréola de fé e ao mesmo tempo gratidão, por suas aflições que o tornaram vítima do destino.
A condessa partiu para longe deixando-lhe uma imensa melancolia que foi mitigada pelo trabalho na medicina, no verso, e na boêmia.
Transcrevemos um de seus poemas mais sentidos:

RECORDANDO

Esta tarde de maio,
Cor de cera
Tarde austera,
Impenetrável como um mistério,
Melancólica como um augur,
Acorda-se o passado distante, deletério.

Este céu de mármore,
O horizonte azul leitoso,
Riscado de ondas delgadas cor de ouro;
O sol, como um borrão dourado
No rasgão de uma nuvem,
Mostra-me, apartado,
Um cofre inatingível de quimérico tesouro.

Esta colina risonha
Promitentemente verde:
Uma casinha branca na distância
E um penacho de fumo na azulada calma
Lembram na sua arrogância
As esperanças da vida e a altivez de uma alma.

Quem o passado olvida
Caminha às arrecuas
Na dúvida infinitas desta vida.

BRASILIANO foi um mergulhãozinho que formou cultura no Velho Mundo e veio morrer de amor em sua terra.
Obs.: O gringo citado nesta crônica será retratado em outro trabalho.

 

Brasiliano Ítalo Patella

 

A condessa Adelaide Bártoli Patella com a filha adotiva Terezita

 





Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br