O PRIMEIRO JORNAL ESTUDANTIL
DO GINÁSIO DE SANTA VITÓRIA DO PALMAR
Passados mais de cinquenta anos, no fim
do ano letivo do GSV, precisamente no dia 10 de dezembro
de 1952, esse estabelecimento de ensino ginasial editou
o seu primeiro “JORNALZINHO ESTUDANTIL” que,
muito timidamente, pretendia apresentar a vida naquele educandário
no seu setor cultural em um tempo que somente a arte das
letras poderia demonstrar aos próprios estudantes
ansiosos, aos familiares orgulhosos as inclinações
literárias, artísticas e esportivas, além
de indicar rumos de conduta, quando a ordem e a moral eram
diferentes de hoje.
Os livros cívicos e históricos sobressaiam
no espírito dos jovens e dos condutores da educação
neste país e no mundo. Fazer com que a juventude,
mais pela mão dos professores, ditasse normas para
o desenvolver da cidadania em tão tenras almas, futuro
de uma nação civilizada, era imperioso.
Em nossa cidade, o Grupo Escolar Vicente do Amaral já
havia praticado esse ato com seus jornais escolares de saída
incerta, mas de uma espera muito grande.
O GSV em seu 2º ano de funcionamento, entre tantas
novidades e com a chegada daquele que seria o maior professor
que passaria por suas salas, o jovem José Simões,
ídolo de todos que com apenas 21 anos marcou uma
juventude inteira por sua breve passagem de dez anos no
educandário e pouco mais de uma vida cheia de bons
augúrios e que a morte prematura veio interromper
essa brilhante travessia, também, lançou a
consideração dos moços da terra, o
seu jornal a RODINHA.
Era seu diretor o estudante do 2º ano, o autor destas
crônicas e o conselheiro, o mestre referido. Por quê
esse título tão diferente? Na realidade, era
uma maneira de demonstrar as ideias de modernismos que agitava
a mocidade e todos queriam fazer algo de diferente e RODINHA
apareceu como sendo um elo de ligação que
cercava a todos, imbuídos em tão nova atividade
escolar.
A RODINHA nada mais seria do que o encontro dos grupos que,
de uma maneira ou outra, apresentavam-se na divulgação
das letras.
O logotipo estranho saiu da inspiração da
mestra Clair Pinto Torino que sempre seguiu a inquietação
da juventude do nosso meio.
O professor Josué Petrak, diretor do educandário
fez o editorial de fundo com o título COMEÇANDO,
que aqui vai transcrito:
COMEÇANDO
“Num estabelecimento de ensino o jornal escolar é
uma parte integrante da formação dos alunos.
É através dele que, de um lado, os estudantes
expressam as suas idéias e os seus interesses. Ele
representa, por isso mesmo, a própria vida estudantil,
com seu labor quotidiano, suas atividades extra-classe,
seus valores e suas comédias. Nesse sentido, o Jornal
é, pois, o espelho da alma do ginásio, onde
se miram individual e coletivamente todos os seus integrantes.
Por outro lado, jornalismo é uma ciência e
uma arte que nem sempre tem sido bem praticada. É
comum vê-lo usado deturpadamente, quando a sua real
finalidade é a de informar com precisão e
opinar com imparcialidade.
Se este jornal que hoje sai em seu primeiro número
conseguir incutir nos jovens estudantes o espírito
sadio da boa prática jornalística, terá
alcançado a sua real finalidade.
Avante, pois, e parabéns aos denodados estudantes
por esta nobre iniciativa”.
Josué Petrak
Depois, seguem as notícias como a excursão
à Porto Alegre e também, das festividades
daqueles que ficaram por aqui, não participando de
tão proveitosa viagem.
Seguindo, estampava a RODINHA, o esporte que era uma das
mais destacadas atividades, principalmente o futebol e o
voleibol.
Posteriormente, está a coluna Honra ao Mérito
onde destaca os alunos com melhores notas e comportamento,
sendo premiada a aluna Tarcila Garcia, com nota geral de
9,7 e da mocinha Odaleia Mendonça que, durante o
ano letivo de 508 dias de aula, faltou somente uma.
A estudante da primeira turma Clari Pinto de Oliveira fez
uma resumo das atividades artísticas e sociais, como
bailes e ida à Fortaleza de Santa Tereza, no Uruguai,
ponto muito procurado pelos estudantes, naquele tempo comemorando
as férias.
Por fim, ficou estampado no jornalzinho a formação
do Conselho Escolar que era composto pelas diretorias das
turmas que eram em número de três assim constituído:
Presidente – Armando Cava;
Vice-Presidente – Wolsey Ribeiro;
Secretária – Adair Vera;
Tesoureiro – Homero Suaya Vasques Rodrigues.
Departamentos:
Cultural – Maria Soely Soares;
Artísticos – Clair Pinto de Oliveira;
Social – Alda Silva;
Esportivo – Osvaldo Martino;
Jornal – Homero Suaya Vasques Rodrigues.
A RODINHA foi um exemplo que pouco durou, mais pela saída
daqueles alunos iniciais que ao se formarem na 4ª série
e partindo para outras cidades, já não estão
mais entre nós por diversos motivos, mas fica aqui
como encerramento do 1º numero que ficou estampado
o profético aviso que infelizmente não foi
seguido por diversas razões:
A RODINHA
“lembre-se, caro colega, de que a RODINHA é
o seu jornal. Prestigie-o colaborando, também, com
seus artigos e informações e com a valiosa
crítica construtiva, dando-nos as suas sugestões.
Caro leitor, o tempo passou, a RODINHA, não mais
existe, mas a sua marca indelével de um trabalho
que pretendeu colaborar para a evolução cultural
de nossa gente., está nesta simples, lembrança.
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A
primeira e segunda turma cursavam o Ginásio
no prédio do Sindicato Rural (foto do acervo
de Serafina Mega e Italo Giudice). |
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Primeira
turma do Ginásio. |
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José
Simões (Conselheiro do Jornal). |
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Josué
Petrak (Diretor do GSV) e Clair Pinto Torino (autora
do logotipo). |
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Prédio
original do Sindicato Rural onde funcionou o Ginásio
Santa Vitória de 1950-1961 (Foto Sérgio
Oliveira - Foto Color). |
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Logotipo
da "A RODINHA". |
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