Nosso 1º Transporte Coletivo Por Terra
Nos fins século XLX e num quarto do século
XX, éramos servidos por transporte coletivo feito
pelas diligências, tão em moda nas conquistas
do interior, antes da vinda dos trens e automóveis,
mesmo, nas estações balneárias e a
fronteira, quando eram ligados por esses carros que transportavam
varias pessoas e movimentadas por tração cavalar.
Viagens duríssimas pelos maus caminhos, anteparados
de arroios e banhados e o que muito mais difícil,
pelo tempo que levavam, obrigando os transeuntes a penosas
estadas em paradas, onde eram muito bem recebidos, mas de
precárias acomodações, já que
no inverno, o frio e o barro, dificultavam a passagem e
no verão, o calor e a poeira, desagradavam àqueles
heróicos conterrâneos que se deslocavam a maiores
distâncias. Era a maneira de ir e vir!
Santa Vitória do Palmar possuía serviços
de “diligências” que se aventuravam em
viagens “para dentro” , como se dizia então/
e que no possível, sempre foram regulares, embora,
nem sempre possuíam horário de chegada. Ao
Arroito, em dois dias, Chuí, em um e na Quinta, no
Rio Grande fazia-se em três ou quatro. O usuário,
pela necessidade de locomoção, já se
acostumara a tão incômoda peregrinação,
muitas das vezes, com segurança precária,
tanto nos acidentes, como nos assaltos e mais do que isso,
pela violência da época, nas tentativas de
assassinatos que não eram raras. Os funcionários
das “diligências” , como seus funcionários,
estavam prevenidos diante dos rigores do recorrido.
Três linhas regulares se destacavam no final de 1800
e nos primeiros trinta anos de 1900 e que serviram à
comunidade, até a chegada das rotas constantes feitas
pelos automóveis por dentro e pela orla do mar, numa
passagem muito mais rápida. Estas serviram muito,
mas também, foram motivos de severas queixas dos
usuários, principalmente, pela demora de trânsito
e a qualidade dos carros e o estado dos animais que variavam
de seis a oito, inclusive de reservas, mas que ajudaram
e como, a uma população tão carente,
de transporte, isolada e as principais foram, como atesta
um “reclame” no Jornal República, de
1910:
n Diligência Nova Victória—
Saídas 4—14—24—de cada mês
da cidade
Volta do Arroito –10—20 e 30
De Lúcio Barrios
Diligência Comercial
Saídas de Santa Victória do Palmar –5—15—25
Saídas de Rio Grande ---10—20—30
De Maioral, Manoel Cunha.
Mensageira Uruguaya
Partida de Santa Vitória do Palmar –10—20—30
Partida da Quinta –5—15 e 25
Maioral e proprietário Quintino de Souza Machado
OBS. O tempo de viagem desta última era de três
a quatro dias e as paradas para o pernoite eram na casa
de Carlos Grande, na Árvore Só, Joca Miranda
em Curral Alto e na capilha, provavelmente na casa comercial
de Pedro
Cesare.
Assim foi o relato destas “linhas” de carros
coletivos que tanto servirem na ligação com
a terra e mesmo, Rio Grande, sem falar no Chui e que, além
de transportar pessoas, também, dedicava-se ao transbordo
de mercadorias e o Correio.
Penosas viagens que nossa gente já estava acostumada
e que além, das carretas demoradas e os barcos pela
Mirim, foi-se moldando até o momento em que o motor
desbanca-os e onde ficamos esperando o trem de ferro que
iria colocar-nos em segurança, nas mais importantes
praças e que somente depois da Br-471, asfaltada,
deixou-nos dentro do habitah seguro da nacionalidade e do
exterior.
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Propaganda do Jornal República
de 1910 |
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