VITOR – O CARROCEIRO
E NAZEAZENA A MÃE EXTREMOSA
A Raça Pontificando em Nossa Sociedade
Certas
famílias ficaram caracterizando uma situação
ou momento pelo qual passou a nossa Terra. Umas, foram com
suas riquezas, outras, na arte, algumas dedicando-se ao
contato com seus semelhantes, mas todos contribuindo com
o progresso e afirmação de Santa Vitória
do Palmar.
Vitor de Oliveira, o Carroceiro, desde menino ombreou sua
fé no trabalho e juntando se pelo amor por toda a
vida a menina Nazeazena formou um clã que foi destaque
entre nós e que até hoje, pontua com seu exemplo
de retidão, trabalho e fé na educação,
que somente por uma formação sólida
sabemos que no desenvolvimento do ensino, pode-se chegar
aos píncaros do destino a que a gente se propõe.
Prole enorme, com três meninos, Pedro, Elpidio que
desde cedo se transformaram de condutores da carroça,
principalmente com destino ao porto da cidade, em empresários
de sucesso, destacando-se o Antônio Oliveira, o Selo,
que foi uma referência entre esta pequena comunidade
e que, infelizmente, partiu cedo, deixando uma grande ausência,
principalmente no seio de seus amigos fraternos.
As demais partes desta grande aglomeração
dos Oliveira chegaram com as meninas, todas dedicadas ao
magistério, atraídas pela mais velha, Sílvia,
afilhada do Inspetor de Educação, hoje Secretário
Municipal de Educação, Pedro Américo
Vasques, o conhecido Perico Vasques, que impulsionada por
este, rumou para o Rio Grande onde, mercê a sua capacidade
intelectual, força de vontade e mais, com a ajuda
de seu esposo, pôde concretizar a sua caminhada, tornando-se
uma das mais destacadas mestras da Cidade Marítima.
Silvia, conseguiu a façanha, apoiada pelos pais,
Vitor e Nazeazena, que não mediram esforços,
triplicando as suas horas de trabalho para que todas as
irmãs fossem ter com ela e daí, transformaram-se
em grandes professoras que para cá vieram contribuir
com sua aplicação e competência no desenvolvimento
do saber por estes lados tão carentes em ensinamentos.
Maria, Oriete, Gregória, Marta Emiréia e a
caçula Urânia, formaram um esquadrão
de inteligentes moças que até agora são
lembradas e apontadas como condutoras do saber.
Vitor e Nazeazena possuindo uma chácara no caminho
da Mirim, fizeram uma doação de parte do local
e com seus recursos, ajudados pela Prefeitura Municipal,
criaram uma pequena escola onde os filhos dos trabalhadores
daquela região, passaram a freqüenta-la, principalmente
quando começou a ter deslocamento de gente graças
as obras do porto e que passou a funcionar precariamente
tendo como professora a menina Maria que lá desenvolveu
seu mister com vontade e afinco para que, na periferia da
cidade tão longe da urbe e da lagoa, o estudo também
se fizesse sentir.
O casal em questão, além dessa parte, que
foi o mote de sua afanosa vida, prestou seus serviços
e recursos para que a raça negra, que se aglomerava
em torno de uma sociedade bailante, tivesse um local para
construir uma sede que viria ser o marco inicial do Clube
Liame Operário, que, como bem diz o seu nome, LIAME,
é o entrelaçamento das gentes e que eles repetem
como orgulho que lá foi onde começou a luta
para terminar com a separação dos conterrâneos,
divididos principalmente pela cor.
Hoje o mundo mudou! Vitor, Nazeazena, Silvia e Oriete, mais
o Selo não estão mais aqui conosco, mas obras
que eles deixaram continuam vivas na memória de todos:
o Liame, Rio Branco, Conjunto Musical lembram a passagem
do Antônio, o Selo por esses lugares, o Wandelina
Nunes, escola padrão na parte sul da lembrada Oriete,
que agora tem seu nome marcante numa escola municipal chamada
Oriete Garcia, no outro lado de nossa povoação.
Silvia partiu da terra que adotou, mas a semente que deixou
por todos os lados que passou frutificou nas irmãs
e a querida veneranda colega Maria é a “patrona
da escola Duque de Caxias” e Gregória, Marta
e Urânia são pontos destacados e orgulho de
muitos pela conduta reta e dignificação do
magistério.
E ao fim, Dª. Nazeazena lutando ao lado do marido que
se desdobrava em sua carroça areneira, ajudado por
seus filhos do sexo masculino, doando o pouco de seus para
que a comunidade pudesse desfrutar dos bens que adquiriram,
todos juntos dignificam esta gente sulina que deve respeitar
aqueles, independente do credo religioso e político,
inclinações partidárias, futebolísticas,
riqueza, mas principalmente a cor da raça para que
como ontem que vivíamos numa sociedade tão
separada por tudo isso que nomeamos acima, sejamos um exemplo
de fraternidade e respeito nestas plagas mais ao sul do
Brasil, que se orgulha de ser conhecida por Santa Vitória
do Palmar e Chuí.
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