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VARIG

ELA PRECISA DE NÓS? VAMOS AJUDÁ-LA COM ESTAS LEMBRANÇAS

 

Nossa terra sempre lutou contra as dificuldades relativas aos meios de transporte. Determinismo geográfico das grandes distâncias e a carência de material sólido para compactar as estradas, faziam com que fôssemos vítimas da irregularidade de comunicação, tanto por terra, como pela lagoa.
A VARIG, a pioneira empresa brasileira de aviação, gaúcha, começou a sua presença aqui no ano de 1943, quando o seu presidente, Rubem Berta veio até o extremo sul, para sacramento com o prefeito municipal agrônomo Guilherme de Souza Castro, a instalação da linha, cuja reta seria Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande, Jaguarão e nossa cidade.
Chegou pilotando um Bucker Studene, acompanhado pelo aviador L. Souza Pinto, autor de um livro “Como se voava antigamente”, da editora Reditora Rio e que descreveu suas primeiras impressões sobre o nosso município e a urbe. Ao falar sobre a travessia e uma pane no motor durante a passagem na lagoa Mirim, ele diz...” de Jaguarão para Santa Vitória do Palmar atravessamos a Mirim que de mirim só tem o nome, porque lá de cima, é um imenso mar, principalmente quando o motor da nave começou a falhar, mostrando um grande perigo, mas que foi sanado a seguir. E ao chegarem, assim se expressou...” do campo de pouso fomos para o centro num fordeco do agente, sr. José Santos, por uma estrada cheia de buracos e poeira e ao enfrentarmos com o prédio da prefeitura, vimos que o mesmo não possuía porta”....
O primeiro avião que estabeleceu definitivamente a linha para estes lados, foi um Junker-f-13 considerado de grande potência e que fez a sua chegada no “Campo de Aviação”, cujo encarregado de zelar pela área era o sr. Meca Mirapalhete. Posteriormente essa linha modificou os seus veículos, passando por um Electra e finalmente pelos famosos DC3, os Douglas, que haviam, depois de serem transporte de guerra (39-45) muitos se dirigiram para cá e serviram no uso de civis. Grande contribuição eles deram para todo o Brasil e são relembrados com muita saudade.
O segundo representante da firma foi o sr. Oscar Petruzzi, sua sede se localizava na casa que era de empresa Atlântica, ao lado do café Tupi, para depois, transferir-se à outra esquina, onde hoje está a relojoaria Giudice, destacando-se entre vários funcionários, Reinold Correa ( o Nono) João Oliveira, Fernando Plá e contando quase sempre com a caminhonete do turco Valdemar Salomão.
As viagens aconteciam nas terças e quintas e também, dependiam da situação climática em toda a rota, e grande era o número de pessoas que se deslocavam ao centro do estado. Muito concorridas no momento de férias, quanto aos estudantes e para o transbordo de cargas ao comércio local e do Chuí. Enfim, ficou destacada como a grande comodidade da época.
As suas atividades foram até o ano de 1960 cessaram, motivando esse final, a melhoria das ligações por terra, via rodoviária, já que os preços ficavam muito caros e o tempo de percurso até Porto Alegre, pelo ônibus, quase o mesmo, que o avião, pois este, deveria descer nas cidades do caminho e demorava muito tempo de embarque, desembarque de produtos e passageiros. Para complementar essa difícil situação, no dia 12 de abril desse ano, houve um desastre no aereoporto da Princesa do Sul, onde, dos 22 passageiros, e tripulantes, morreram 12 e que os santa-vitorienses não tiveram a lamentar seus conterrâneos, pois, a maioria deles, desceu naquele local e somente dois seguiram com destino à capital e nesse momento é que aconteceu o sinistro. Dois mergulhões persistiram na rota capitalina, a jovem Marilene Balau e o autor dessa crônica.
Mais tarde, durante os iniciais tempos da terrível ditadura de 1964, o governo militar, com sua política de segurança (ou insegurança?) tentou reviver a linha, mas os fatores anunciados, não permitiram que a iniciativa tivess sucesso.
Extinguiu-se tão importante linha aérea para nossa cidade, mas a VARIG sempre estará presente e reconhecida nos corações de tantos que desfrutaram desse empreendimento, que muito contribuiu para o desemvolvimento da região.



 
Mostra de um JUNKERS-F-13 o primeiro avião da VARIG aqui (foto do livro citado - uma cortesia de Túlio Andrade).
 
Um DC-3 estacionado em nosso aeroporto quando da chegada de uma caravana política, tendo a frente os principais representantes do PTB, Leonel Brizola e Fernando Ferrari (cujo nome hoje batiza o nosso CAMPO DE AVIAÇÃO) - do acervo de Lígia Petruzzi.
 
As duas agências da VARIG em nossa cidade. Na sacada o segundo representante Oscar Petruzzi.(acervo Lígia Petruzzi).
 
Reinolde Corrêa, o NONO falando ao microfone do rádio da empresa comunicando-se com as cidades da rota (cortesia do retratado)
 
Os funcionários Fernando Plá e o sr. Meca, além do fotógrafo Vitório Giudice e o Inspetor de polícia sr. Neves, na caminhonete do Valdemar (Lígia Petruzzi).

Agradecimento a Foto Collor de Sérgio Oliveira pela preparação visual do trabalho.



 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br