Quem somos
Coberturas
Notícias
Revista
Entrevistas
Enquetes
Arquivo
José Golgerci
Políbio Braga
Colaboradores
Zero Hora
Correio do Povo
Diário Popular
O Globo
Gazeta Esportiva
Clima Tempo
Weather Channel
UFPel
Tempo Agora
Banco do Brasil
Banrisul
Bradesco
Caixa Federal
Santander
Secretaria Fazenda RS
Receita Federal
Proc. Geral da União
TRT
TRE
INSS
Detran-RS
Consulta CEP
Lista Telefônica
 
 

BIBIANA ELISA SÓRIA - A moça que gostava de estar na janela
“A vida passou na janela só a mocinha não viu” - Chico Buarque de Holanda

São tantas as personalidades que, a sua maneira, caracterizaram a vida em nossa cidade, que levaríamos largos momentos a descrevê-las no passar do tempo.
A história reflete os grandes instantes que marcaram a passagem na importância do desenvolvimento de uma comunidade e Santa Vitória do Palmar não poderia ser diferente.
Dos mais destacados, tendo suas vidas passadas a limpo e que orgulharam os seus convivas, marcando a vida por estes rincões com lembranças das mais importantes para que sempre fôssemos adiante. Políticos, intelectuais, progressistas homens de negócios, mulheres que foram fonte de reconhecimento por suas atitudes, principalmente na área da Educação, são o exemplo.
Não podemos deixar de nomear, que também, por estas bandas, apareceram ou daqui saíram, indivíduos que, se já quase não mais são lembrados, os relatos se diluem no tempo porque os viventes em torno, procuram diluir a participação deles por tão maus atuantes entre nossa comunidade. É bom falar, recordar e escrever sobre pessoas que marcaram, por tudo aquilo que deixaram de bom a todos. Os que foram negativos, que sirvam de exemplos para as gerações futuras na esperança que esses nunca mais sirvam como parâmetro a seguir.
Bibiana Elisa Sória, por esse pomposo nome, talvez, não se lembrem dela, mas essa personagem, tenho certeza, voltara à lembrança de muitos com um tênue e carinhoso recordar de suas simples atitudes, comportamento sereno e até em muitas ocasiões, infantis.
Bibiana chegou do Uruguai, da cidade de Minas juntamente com seus pais para trabalhar na estância do médico e depois, Prefeito Municipal, Mario Teixeira de Mello e quando de seu crescimento, com a morte dos familiares e do patrão, essa moça veio para a cidade e foi dada à gente do Clã dos Patella indo abrigar-se na residência do casal Artur Pinto e Palmira, que foram destaque em nosso meio. Daí nunca mais saiu.
Tinha uma conduta serena, embora, parecesse, as vezes, que apresentava alguma deficiência, mas mesmo assim, a sua personalidade era de fazer-se querer bem por todos que a cercavam.
Criou os rebentos daqueles que citamos e foi companheira das filhas mais velhas como a agora sra. Ena, as falecidas Clara, Ármia (Lola) e a caçula Elba, grande figura do nosso meio social e artístico, que a cuidou com desvelo maternal e a acompanhou por toda a vida.
Ficou tão integrada familiarmente a esta última que o seu filho, Francisco, por gratidão e amor, quando nasceu a sua filha, colocou-lhe o nome de Bibiana, como para perpetuar essa figura tão achegada a eles.
Já disse de Bibiana algumas cousas, mas quero destacar suas maneiras que a tornaram uma personalidade reconhecida entre todos. Morava com seus beneméritos, já que havia ficado sozinha no mundo, na rua Osório quase esquina Conde de Porto Alegre e em muitas ocasiões era vista nos seus locais preferidos como a porta e a janela da residência Patella Pinto, por isso lembrei acima dos magistrais versos do Chico Buarque de Hollanda. De um asseio corporal a toda prova, encantava-se com um perfume e por isso, estava sempre cheirosa e tinha suas funções, quase sempre mecânicas, terminadas ou prestes a desenvolver, principalmente cuidar da menina Elba, quando vinha da escola, do matinée ou depois, nos bailes que gostava tanto e mais ainda, nas noites frias de nossa terra, quando insone, postava-se para esperar o final dos ensaios do grupo de teatro Francisco Gomes de Almeida onde sua protegida era a mocinha das grandes peças levadas no Cine Theatro Independência.
Gostava de revistas, embora pouco soubesse ler e outra paixão era “escutar rádio”, com músicas de sua gente, lá do outro lado da fronteira.
Seus agora parentes, amigos e tantos outros que faziam da sua companhia momentos de trabalho ou aconchego, não souberam explicar se teve algum amor na vida. Se aconteceu, guardou para si!
Quando a Elba casou com o popularíssimo Chico do Paco, Francisco Rodrigues Corrêa e foi morar no Hermenegildo, para lá partiu Bibiana, companheira fiel e assistiu o nascimento do Chiquinho e da Rosane, mais tarde, passando a viver com eles em Pelotas,onde faleceu.
Esta foi a Bibiana Elisa Sória, que marcou sua passagem da mesma maneira que sempre viveu: calma, solícita, mas profundamente humana, cuidada pelos que estiveram em volta dela numa redoma de saudade e gratidão.
Bibiana sempre com um humilde sorriso nos lábios atendia cortesmente a todos e deixava-se ficar à porta vendo o trânsito de nossas calçadas estreitas e ruas arenosas, mas quem sabe, debruçada numa janela, não foi como tantas personalidades simples, uma das que inspiraram Chico Buarque quando disse que...
“A vida passou na janela, só Bibiana não viu”.
Ela foi e será uma carinhosa lembrança de respeito, gratidão e amor.
Sinto que o Luis Alberto, Maria Helena, Regina, também, possuem a Bibiana no coração.
Não é verdade?

 

 
Bibiana nas areias da praia do Hermenegildo
Bibiana Elisa Sória
 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br