Nos anos 20 a comunicação
pelas ondas Hertezianas – o RÁDIO
Em 1923 começam a funcionar no Brasil as emissoras
radiofônicas com a fundação da Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, hoje Roquette Pinto, posteriormente,
São Paulo e mais tarde, em 1925, os gaúchos
introduzem a Rádio Pelotense, imitando as programações
de Buenos Aires e Montevidéu.
Emissoras de pouco alcance, graças a limpeza dos
seus, onde não havia interferência, a não
ser das descargas elétricas durante os dias de tormentas,
eram ouvidas muito longe, inclusive, pela noite, poderíamos
captar, embora muito mal, as transmissões das já
citadas.
Os governos dos paises e dos estados brasileiros encampavam
com ajudas substanciais somas de Valores, para que esse
veículo pudesse propagar as suas realizações
e idéias, sendo ao mesmo tempo, um meio muito poderoso
de dominar as populações. Diga-se de passagem,
que as recepções eram somente chegadas aos
lares ricos por meio de compra de aparelhos à válvula
e à bateria, feitos no exterior e do aluguel dos
mesmos.
Santa Vitória do Palmar não poderia, nos
idos de 1920, abdicar de grande novidade eletrônica
e passamos a receber, principalmente via Uruguai e Argentina,
de aparelhos fabricados na Europa e Estados Unidos. Foi
assim que começaram a chegar por estes lados os “potentes”
(?) recursos das ondas espaciais.
Nesse período era já novidade juntarem-se
amigos, vizinhos e passantes, nas salas das melhores famílias
locais para “escutar rádio”.
A programação era feita para uma elite, se
é que poderíamos chamar assim, que assistia
música clássicas e programas breves, mas de
caráter cultural, nada parecido com os temas de agora.
No livro do historiador conterrâneo, Péricles
Azambuja, TAHIM – a última divisa -, o mesmo
já faz referência que as notícias da
Revolução de 30 eram assistidas aqui, no entanto,
antes disso, as emissões radiais já se faziam
sentir, com jogos de Box e outros eventos de caráter
internacional.
Com o aumento das potências das sociedades radiofônicas,
um novo aparelho, fácil de fabricar-se aqui, começou
a servir para os amantes das audições que
eram a coqueluche do momento, que chamava-se GALENA, e que
nada mais era do que uma bobina, com um fone de ouvido(como
a foto 1 mostra) e que aproveitando a energia de estação
emissora, captava os sinais. Paulo Guerra, a grande inteligência
uruguaia que por aqui chegou nos fins de 20, construiu muitos
desses aparelhos afim de “escutar” as vozes
de sua terra e principalmente das músicas, o tango.
Para ter-se uma GALENA era necessário uma bobina
de fios de cobre, um demarcador de estação,
o famoso ponteiro e uma “boa” antena e o terra,
cravado no solo.
Mais tarde chegam os rádios à válvula
e alimentados pela energia elétrica de uma bateria
de 6 volts que era carregada por um CARREGADOR, como se
dizia aqui, e aérodínamo ou cata-vento, em
outras parte é esse objeto era tão popular
junto com os moinhos de puxar água, que o poeta maior
do Rio Grande do Sul, Mario Quintana, editou um livro de
poemas sobre a capital, chamado de “a rua dos cata-ventos”.
Este CARREGADOR, encontra-se na foto 2 quando instalado
no hotel da Dra. JURACI, no Hermenegildo. Como hoje, o símbolo
de grandes posses ou posição social é
ter uma antena para captar as transmissões de TV.
via satélite, na época anterior, os CARREGADORES,
demonstravam a propriedade de tão importante invento.
Esses receptores mais populares eram o PYE, inglês,
o holandês, PHILIPS, e os americanos, ZENITH, AMERCAN
BOCH, na foto 3 e o moderníssimo PILOT, foto 4.
Conta-nos a Dona Ida Donato Castro que em certas ocasiões,
por motivo de grandes eventos internacionais, principalmente
no Rio da Prata, a Prefeitura Municipal de nossa cidade
“prendia a luz”, durante o tempo que estes durassem.
Quanto modismo resultou das transmissões radiofônicas
que cada vez eram melhor ouvidas por estas lonjuras, mesmo
assim, com uma dificuldade, graças a famosa “descarga”.
Com a deflagração da guerra de 1939-45, quando
os americanos entraram na luta, as comunicações
pelo éter foram aperfeiçoadas e não
havia família que tivesse um receptor, que não
ouvisse o famoso REPORTER ESSO e que ainda, quando pessoas
mais velhas referem-se a sintonizar os noticiários,
dizem: “vou escutar o repórter” .....
A cultura santa-vitoriense, devido as dificuldades de nossos
conterrâneos deslocarem-se para o centro do pais,
foi sendo amalgamada pela intelectualidade vinda do sul,
e é nesse momento que formamos uma mentalidade platina,
em especial com grande amor à música e a literatura
dessa região.
Hoje, o rádio é um complemento diário
e com a chegada dos transistores vieram os rádios
portáteis”, que alguns, por estes lados da
terrinha, chamavam de “portáticos” e
que se tornaram a maneira da vida de todos nós. Proliferou
tanto este hábito que no cinema Independência
era proibido entrar com tal aparelho para não provocar
incômodo agora, o que agora o celular faz em reuniões,
velórios e tantos outros lugares de aglomeração.
E para finalizar, relembrando um cartaz muito significativo
colocado no portão do cemitério durante os
finados, onde dizia: “é proibido namorar nos
túmulos e ouvir rádio portátil”.
Cousas da época, quando na década de 20 recebemos
essa grande conquista que foi um aprimoramento cultural
e motivo de reuniões familiares.
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Foto 3 |
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Foto 4
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Nota: A GALENA exposta na FOTO1 é de propriedade
do técnico em eletrônica, José Luiz
Van Ommerem, o Chicão.
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