GINÁSIO DE SANTA
VITÓRIA E SUA CAMINHADA,
SEU FUNCIONAMENTO, AS DIFICULDADES E SEU GRANDE DESTINO
A
organização desse novo educandário
foi feita através da estrutura de um Colégio
Metodista, o Instituto de Porto Alegre (IPA), que possuía
uma filial em Jaguarão.
Os professores saíram dessa cidade fronteiriça
e o professor Oscar Machado desde a capital do Estado, foi
preenchendo os quadros docentes com mestres que se dispunham
a vir para cá heroicamente, neste local tão
distante ou que, por falta de oportunidade em outros estabelecimentos
do grupo religioso, precisavam de uma oportunidade.
O grande mestre uruguaiense colocou para si o cargo simbólico
de Reitor do Ginásio de Santa Vitória e para
cumprir com suas obrigações, chegava até
cá, no mínimo duas vezes por semestres, trazido
pela Prefeitura Municipal, a mantenedora dele, nas asas
rápidas do avião da carreira, da VARIG.
O diretor de fato era um excelente professor de Letras,
Euclides Osório que depois foi substituído
por um jovem recém formado, Josué Petrak,
que esteve à frente do estabelecimento até
princípios do ano de 1955 e daí, veio Washington
Gutierrez e assim por diante.
O corpo de professores era formado pelo diretor dando português,
latim e na falta de matemática, precariamente, também,
sendo depois substituído pelo incomparável
mestre José Simões. Na cadeira de francês,
colaborando, encontramos a Sra. Lilia Melzer, que prontificou-se
a participar, mais, geografia e história, Geraldo
Costa. Em música estava a conterrânea Anália
Rossumano, em desenho a eterna professora Clair Pinto Torino
e em educação física a mocinha Gilca
Calvete Estrela. Inspetor Federal Jorge Calvete.
Completavam esse produtivo quadro administrativo, Rubens
Romeu, depois Remôlo Fontes, como auxiliar de disciplina
e Clari Pinto de Oliveira, a Lula, na parte de secretaria.
Como a precariedade de local para o funcionamento da escola,
já foi escrito anteriormente, usou-se graciosamente,
o prédio da Associação Rural, hoje
Sindicato de Santa Vitória do Palmar, na rua Mirapalhete
esquina com Neyta Ramos.
Faltava acomodações para a prática
da conhecida “Aula de ginástica” e a
solução foi usar gratuitamente o conjunto
esportivo do E. C. Rio Branco que era o que ficava mais
próximo na subida da Coxilha, tendo aulas duas vezes
por semana. Na primeira parte as moças e depois os
rapazes. Era gracioso ver nas terças e quintas aquele
grupo de estudantes, em sua maioria subindo a ladeira, passando
o Riacho e a Santa Casa para alcançando a Fábrica
de Fumo e o armazém do seu João Bárbara,
adentrar no campo do tricolor, quando toda a turma se reunia
e mais um fato pitoresco, os meninos que deviam chegar às
dez horas, já estavam a espera das colegas que iriam
trabalhar primeiro no tapete verde do grande clube de futebol.
A atração maior era o uniforme dessas companheiras,
lembrança afetiva deste cronista, quando as mesmas
traziam uma blusa branca sem mangas e um ousado calção
que lhes chegava até o joelho.
Assim começou a vida do querido GSV, monograma estampado
no uniforme masculino e feminino, composto de uma calça
e jaqueta de brim cáqui e um “casquete”,
cobertura como a dos soldados, da mesma cor e as damas,
traziam uma blusa branca e saia rodada chegando até
os tornozelos e um chapéu igual ao masculino, mas
de cor azul.
O símbolo do GSV sempre estava ali, estampado, para
o orgulho que os rapazes andavam sempre com a farda, inclusive
no cinema, como prova do grau de ensino que haviam chegado.
O coração do ginasiano era sempre voltado
para as cousas do Ginásio de Santa Vitória.
Na administração dos estudantes foi fundado
o Grêmio dos Estudantes do Ginásio e o jovem
companheiro Holmis Camejo foi o seu presidente. Na parte
de esportes teve a formação dos times de futebol,
vôlei masculino e feminino, sob a direção
do entusiasta carinhosamente chamado de Osvaldinho Martino.
No setor cultural, a modelo da organização
ipaense, criou-se um jornal, “A Rodinha”, tendo
como diretor este cronista e responsável o professor
José Simões.
O número de alunos que passaram no Exame de Admissão,
espécie de vestibular, foi reduzido a 30, mas os
professores, tentando um maior ganho e com a idéia
cultural que graçava no Dr.Osmarino de Oliveira Terra
e depois, no próximo chefe do Executivo Municipal,
João de Oliveira Rodrigues, criou-se um Curso de
Admissão ao Ginásio, onde preparavam os candidatos
para tão difíceis provas de português,
matemática, história, geografia e ciências,
teste limitante ao número de vagas do colégio,
a maneira dos vestibulares tão populares de hoje.
Faltava um hino para dar o sentido sonoro neste exemplar
reduto de ensino, já que na bandeira as suas cores
eram brancas e azuis, tendo um fundo amarelo, onde se destacava
uma tocha simbolizando o saber. Este canto que perdura até
hoje, nos ouvidos dos antigos alunos, professores e funcionários
saiu da inspiração poética e musical
do grande Doutor em Teologia que foi Tancredo Frederico
Blotta, conhecido por Professor Blotta e que por motivos
de idade não quis participar desse grupo magisterial.
Finalmente veio o lema de inspiração do Reitor
onde ficou para sempre eternizado na frase: A Educação
é a Única Herança Imperecível.
E assim foi...
|