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A DURA TRAVESSIA DO TAIM E A AÇÃO DE DOIS GRANDES BRASILEIROS
- Eng. CLÓVIS PESTANA E EGIDIO COSTA -

O determinismo geográfico que sempre caracterizou nossa terra, impondo-lhe dificuldade para que o homem português aqui se localizasse, teve como ponto de estrangulamento os grandes banhados do Taim.
As comunicações por terra ficavam a mercê das condições da lagoa Mirim, que devido as crescentes, não permitia a passagem pelo lado ocidental do Taim, isolando grande parte do município, principalmente Curral Alto e Espinilho.
O tráfego era feito, principalmente por essa massa de água, ligando-nos ao Uruguai, Jaguarão, Pelotas e pelo São Gonçalo e lagoa dos Patos, com Rio Grande e Porto Alegre.
Tudo dependia do tempo e essa situação atrasou o desenvolvimento, a ponto de nosso deslocamento ser feito para a nação oriental, deixando-nos presos culturalmente e em assistência com eles e se ficamos eternamente brasileiro, foi graças a dedicação o o amor de nossa gente pelas cousas do Brasil.
O 1º grande sonho dos santa-vitorienses foi a construção de um porto na enseada dos Capinchos, em frente a cidade de Santa Vitória do Palmar, distante 5 km dai. O 2º desejo, foi a travessia nos banhados do Taim que impraticava a construção de uma estrada por ali, ligando-a ao extremo sul, no Chuí, aproveitando a lombada que cortava nosso território bem ao meio, na direção norte-sul, parecendo aos antigos povoadores uma grande albarda, tipo de lombilho que servia para a montaria e pela mesma ser muito grande, era chamada de – “a grande Albarda – ou seja, o ALBARDÃO”.
Na década de 40 os pedidos das lideranças locais junto ao governo federal encontraram eco no seio do Chefe da Nação, Getúlio Vargas, que graças a uma grande amizade com o “velho Amaral”, aliás, seu nome conhecido pelo grupo governamental, o bel. conterrâneo Manuel Vicente do Amaral, deu o sinal verde para os estudos e depois de sua saida, junto ao novo mandatário gal. Eurico Gaspar Dutra, a monumental obra foi estudada e logo em seguida começaram os trabalhos de esgoto e formação de um dique para permitar a passagem por aqueles difíceis caminhos.
Dois gaúchos pontificaram no atendimento de nossas prédicas, que foram os engs. Clóvis Pestana e Egídio Costa.
O primeiro, ocupando altos cargos dentro do governo estadual e federal, principalmente como Ministro de Viação e Obras Públicas, propugnou uma intensa atividade até ver concretizada a autorização e o começo da construção da via. Primeiro o “Dique” no banhado e depois a estrada cujo traçado praticamente é o de agora, onde corre uma das mais importantes do pais, a BR-471.
Clóvis Pestana, gaúcho de Porto Alegre, ligado às hostes do Partido Social Democrático, quando no ministério de Viação e Obras Públicas, no governo do general Eurico Gaspar Dutra, preparou as condições que viriam resultar na confecção da monumental passagem da Península do Albardão em direção ao centro do Brasil. Sempre esteve ligado à nossa terra e foi considerado um filho dileto daqui que o homenageou com o título de “Cidadão Santa-Vitoriense”.
Na execução da rodovia tivemos, também, como grande incentivador que nunca se descuidou dos trâmites, o engenheiro Egídio Soares da Costa, rio-grandino de nascimento, mas, ligado por laços familiares com gente nossa e que, desde menino, passava as suas férias nos campos de Curral Alto e na Barra do Chuí.
Quando em 1950 já podíamos atravessar as barrentas áreas alagadas no extremo-norte, encontramos o engenheiro Egídio Costa sendo diretor do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem e dele tivemos a ajuda necessária para que a estrada federal, embora não asfaltada, de dificil passagem nos tempos chuvosos, que lhe deu o triste apelido de Estrada do Inferno, fosse uma realidade.
Este homem, passou pelas administrações como Clóvis Pestana, dentro da filosofia partidária deste e quando o asfalto chegou até a fronteira, ele estava alegre e feliz pelo dever cumprido com esta gente que sempre o considerou como filho e por isso, na ocasião, também recebeu o título honroso.
Homens dessa fibra, tornaram esta região próspera, principalmente na atividade agrícola, dando-nos um contato imediato com os mais longíncuos pontos na Nação Brasileira.
Somos gratos a eles que não mediram esforços e sacrifícios para a construção de tão importante trabalho que ligou-nos definitivamente ao resto do Brasil.

Cerimonia da entrega do título de Cidadão Santa-Vitoriense aos retratados nesta crônica, juntamente dado ao uruguaio Jayme Lopes Barrera, Intendente de Rocha - ROU. Discursando na ocasião, representando o poder público, o eng. Carlos Alcy Cardoso
Clóvis Pestana numa foto estampada no jornal Sul do Estado

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br