A LEITURA FEZ O PROGRESSO
DESTA TERRA.
OS LIVROS ESCOLARES E AS REVISTAS DE LAZER
Esta região vivia em profundo isolamento
geográfico, mas, mesmo assim, nunca deixamos de sermos
instruídos e levar no peito, uma enorme gama de brasilidade.
Alguns fatores contribuíram para que assim fosse
e entre eles, estava a leitura de livros escolares e das
revistas infantis e o catálogo de compras que vinha
do Uruguai, para pacientes brincadeiras.
Nos anos de 30, mas mais recente, no despertar de 1940,
quando o mundo enfrentava os horrores da guerra e as filosofias
políticas se acerbavam, cada qual, tentando conquistar
adeptos, o fascismo e nazismo, de um lado e o comunismo,
por outro, desembocaram em horrendos regimes políticos
baseados no terror e no cercimento das liberdades individuais.
Em nosso pais, a ditadura de Getúlio Vargas criou
uma auréola de civismo e fez com que no ensino público
e privado, essa ideário tivesse o seu ponto alto.
Mas, mesmo assim, a juventude brasileira lucrou, porque
houve um forte direcionamento para fazer com que, o aluno
tivesse uma sólida formação intelectual,
principalmente com a Escola Primária, com seus 6
anos, tentando prepará-lo para a vida sem a continuidade
escolar.
O Rio Grande do Sul, tendo a frente a figura do grande educador
Coelho de Souza, promoveu um aprimoramento entre os professores
e dotando os colégios de sede própria, como
foi o caso do Grupo Escolar Manuel Vicente do Amaral, onde
os mesmos ostentavam em sua frente, a frase que nos demais,
também, havia e que era tão a gosto do venerando
e ímpar professor Frederico Tancredo Blotta onde
dizia LABOR OMNIA VINCIT (o trabalho tudo vence) de forte
inclinação da doutrina Positivista.
Mas os livros eram as maiores preciosidades, como é
o caso do exemplar do “1º ano do Elementar”,
chamado QUERES LER?, adaptado por Olga Acauam Gayer e Branca
Diva Pereira de Souza.
De larga tiragem, este volume instruiu diversas gerações
e conduziu, além da formação das letras,
um sentido profundo de civismo e dogma moral da época.
Quem não lembra das lições que começavam
com o ÔVO – O ovo e a UVA-A U e uva (grafia
antiga) para terminar, com o dificílimo Crucifixo
– cru-ci-fi-xo, - que depois dele, já podíamos
nos considerar alfabetizados.
Depois, vinham as leituras de temas morais como, A CARTA,
O MENINO ASSEADO, o poema sobre a Bandeira Brasileira e
tantos outros.
Encontravam-se, também, como leitura obrigatória,
fatos da História rio-grandense, que inclusive hoje,
pouco ou quase nada se estuda, dos fatos e desta gente sulina.
Refiro-me ao livro CHRONOLOGIA DA HISTÒRIA RIO-GRANDENSE,
feito por ª G. LIMA, no ano de 1916 e que seguiu perpetuando-se
até o início de 1950, quando o Curso Ginasial
começou a ter mais força e ser muito procurado.
Mas, já que ninguém é de ferro, os
“gibis” faziam a delícia dos meninos
que se espelhavam nos Super-Heróis do cinema, mas
quase todos de origem norte-americana. Para isso, o Governo
Federal incentivou o aparecimento de revistas com temas
nacionais (e que falta fazem hoje, quando da era do rock
e tantas outras futilidades).
A mais procurada pela garotada era o ALMANAQUE DO TICO TICO,
com ensinamentos cívicos, regras de moral e mais
ainda, figuras apelativas ao gosto da meninada. RECO RECO,
BOLÃO E EZEITONA, simbolizavam a vivência das
crianças do Brasil. Livro muito requisitado e ainda
faz parte de grandes coleções, lembrando um
pais, cuja filosofia não tem mais cabida nos dias
de agora, de tão trágica “globalização”.
E por fim, as meninas, jovens e senhoras, possuiam uma revista
editada no lado vizinho, mais precisamente na famosa loja
LONDON – PARIS, saida nas quatro estações
do ano e nada mais era do que um catálogo de compras
que tanto ataria. Roupas, produtos domésticos, esportivos
e até bicicletas, eram encomendadas através
de uma rota já mostrada aqui: fazia-se a encomenda
numas folhas especiais que vinham dentro dele e colocados
num envelope eram, através do Pássaro Azul,
enviados para a roviária do “PEPITO, no Chuy,
uruguaio e pela ONDA, empresa de ônibus que demandava
à Montevidéu e na volta do correio, chegava
o aviso até o cliente que sua encomenda estava na
fronteira e pelos funcionários do seu TANO, do Pássaro
Azul, e recebimento era feito.
As meninas aproveitavam os modelos de pessoas e recortavam-nos,
para depois, fazer o mesmo, com os vestidos e outros objetos
e assim, representá-los com vestidos e roupas, elém
de outros adereços afins. Era fascinante ver um grupo
de crianças do sexo feminino brincando de “casinha”
com os modelos do LONDON-PARIS.
Hoje isso nada mais existe! Os estudos tomaram outros rumos
e tecnologia veio substituir aqueles livros tão afetivamente
ligado a muitos. As edições infantis, principalmente
com temas nacionais, somente são peças de
coleções e o lançamento do catálogo
do LONDON – PARIS, também desapareceu, com
a própria existência dessa firma, tão
importante, localizada na capital do país amigo,
mas a cultura e o entretenimento, podem mudar de forma,
mas sempre serão uma recordação nesta
comunidade de 150 anos.
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Livro
editado em 1916 - CHRONOLOGIA DA HISTÓRIA RIO-GRANDENSE
- de A. G. Lima |
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Livro QUERES LER?
de Olga Acauam Gayer e Branca D. Pereira de Souza
- 1918 |
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Almanaque
do TICO TICO - 1945 |
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Catálogo
do LONDON PARIS - nº 90 da estação
Primavera - Verão (1959-60) |
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