GOVERNO DE OSVALDO ANSELMI
– UM FATO QUE FAZ PENSAR
Ecos de uma grande Administração
Estávamos
nos fins da passagem administrativa do médico Francisco
Osvaldo Anselmi que, seguindo a tradição daqueles
que o antecederam, foi marcada pela austeridade no jogo
político, numa época em que as diferenças
partidárias eram enormes por estes lados do sul.
Nosso Prefeito Municipal, em questão, serviu seu
município e nunca tirou vantagens da chancela que
o povo santa-vitoriense deu-lhe nas urnas. Dividiu a tarefa
de condutor dos nossos destinos com o de doutor chefe do
Posto de Higiene, labutando pela manhã ai, entre
funcionários dedicados e pessoas que precisavam urgentemente
dos cuidados do corpo e por que não, da alma?
Era um momento da cidadania em que a assistência para
as curas e internação hospitalar fazia-se
sentir somente para aqueles que possuíam sobras financeiras.
O povo carecia de quase tudo.
Já foi relatado que o, mesmo, possuindo cargo público,
chefe de nossa Santa Casa como uma clínica famosa,
chegou ao fim de sua edificante vida, com as mãos
quase vazias de dinheiro, mas cheia de afeto, admiração
e fé, daqueles que conviveram com ele.
O médico foi um grande exemplo. Francisco Osvaldo
Anselmi está no coração dos que compartilharam
com ele e que, ainda agora, ficam conhecendo a sua história
de homem dedicado e bom.
Mas, um fato que será narrado é conhecido
entre muitos servidores, pelo óbvio do tempo que,
já não estão mais aqui, como o folclórico
contador da Prefeitura de Santa Vitória do Palmar
e mais o agente da cena narrada por ele, que por uma questão
de ética, será ocultada a sua identidade,
como da firma comercial estabelecida no ramo de vendas de
automóveis, caminhões, mas, principalmente,
de máquinas para o uso nas estradas, como as famosas
e conhecidas de todo público, as “Patrolas”.
A narrativa foi assim:
A Prefeitura Municipal, tendo a frente o biografado Francisco
Osvaldo Anselmi, comprou da determinada empresa, uma potente
máquina para trabalhar nossas ruas e estradas tão
necessitadas. O valor em cruzeiros muito alto chamou a atenção
para o tratamento a ser dado à rica zona sulina de
estancieiros e que já havia anteriormente adquirido
um caminhão “caçamba” em moda
no momento para os trabalhos afins.
Terminada a negociação, o representante da
firma em questão, localizada em outro ponto do Estado,
perguntou ao titular da municipalidade se ele possuía
conta em algum dos bancos da cidade e diante de curiosidade
do Prefeito conterrâneo, o agente explicou que lhe
seria depositada a quantia de 30 milhões de cruzeiros,
na moeda da época, como retribuição
a cordialidade em que foi feito a transação.
Dr. Osvaldo negou-se a receber a quantia ofertada, alegando
que o dinheiro do pagamento era pertencente ao erário
público e quem deveria beneficiar-se dessa pequena
fortuna era o povo que, no momento ele comandava. Diante
da insistência do vendedor, antevendo outros grandes
negócios, o médico-prefeito, disse-lhe que
30 não lhe interessava, mas sim, 70 milhões.
O agente atônito afirmou que essa quantia deveria
ser dada com aval da empresa e que, como as comunicações
eram precárias, ele deveria dirigir-se à sede
da companhia e dias após esse encontro, o mesmo voltaria
e lhe daria a resposta de seus chefes.
Acontecido isso, partiu o vendedor e logo retornou para
a nossa isolada comunidade com a reposta aceita do 1º
mandatário desta longínqua e isolada parte
do Brasil. Era o aceno para grandes transações
futuras. Contato feito, o vendedor ficou pensando numa situação
profética para os dias de hoje com tantos escândalos
e roubalheiras por todo o território brasileiro e
assim contou para algumas pessoas...... “que prefeitinho
ladrão”!
No momento do pagamento dos 70 milhões o chefe do
executivo, ao vê-lo preparar-se para dar-lhe o dinheiro
vivo, ouve outra surpresa, quando o mesmo disse-lhe que
deveria ser em cheque. Novo pensamento íntimo: além
de desonesto, burro, já que o poder do cheque fica
a descoberto como vemos agora acontecendo nas grandes negociatas.
No momento em que preparava o documento acordado foi chamado
ao gabinete Antonio Rota Rodrigues, o contador já
nomeado, talvez, para assistir a bandalheira e “num
bem de conversa”, como se dizia antigamente, perguntou-lhe
quanto custava outro caminhão, um Ford alemão
verde, que terminou os seus dias de atividade recolhendo
o lixo urbano e o vendedor com maior entusiasmo, dizia que
seria (o valor não confirmado) de 120 milhões
de Cruzeiros e nesse instante, sai o maior assombro homem
de comércio que possuía largos anos de contato
com prefeitos e outras autoridades nas questões de
vendas da maquinária.
Disse para o “Furão”, apelido de seu
serventuário:”prepara um cheque de 50 milhões
para comprarmos o referido veículo com os 70 doados.”
Esta é uma simples história de um grande negócio
que a Prefeitura Municipal de Santa Vitória do Palmar
fez com a firma comercial que sempre nos servia, aliás,
esta foi a maneira de que se valeu o chefe do executivo
santa-vitoriense, Francisco Osvaldo Anselmi, para mais uma
vez, respeitar o erário do povo que ele sempre jurou
respeitar e ganhando quotas para dedicar, como justo, à
esta gente tão sofrida de nosso Extremo Sul.
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Dr.
Osvaldo Anselmi acompanhado de seu irmão Mário
e dona Deca, Oscar petruzzi esposo da funcionária
Ligia, Osman conhecido alemão esposo da funcionária
Ceneir, e demais funcionários do Posto de Saúde
na comemoração dos 10 anos de fundação
do Posto. (Foto da pesquisadora Ligia Petruzzi) |
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Dr.
Osvaldo dois anos antes do seu falecimento ao lado
do jovem médico, Luis Carlos Scherer que viria
a substitui-lo. Foto comemorativa de um concurso infantil
em 12 de outubro de 1961 – Dia da Criança.
(Foto pesquisadora Ligia Petruzzi) |
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Francisco
Osvaldo Anselmi numas foto de sua formatura em Medicina
na Universidade do Rio de Janeiro (foto do autor).
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