UM MERGULHÃO NA FORÇA
EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
Mauro Pereira de Ávila – Um representante Legítimo
do Pastoreio
Nosso
município orgulha-se de haver contribuído
com um pequeno contingente de soldados que foi lutar nos
campos da Itália. Enfrentamos os regimes totalitários
do nazi-fascismo que convulsionaram todo o planeta numa
guerra louca e destruidora, que esperamos, não mais
acontece, aliás, que depois da bomba atômica,
um conflito de proporções mundiais será
praticamente impossível. Se assim acontecer, setenta
por cento da população terráquea desaparecerá.
O contingente militar da FEB, em apreciação,
saiu das fileiras do quartel de Rio Grande onde nossos jovens
foram alistados para cumprir a ordem de que, aos dezoito
anos, todos devemos prestar o serviço militar.
O soldado Mauro Pereira de Ávila, esteve destacado
na cidade marítima e depois de um treinamento e como
nosso país havia entrado em guerra contra o EIXO
(Alemanha, Itália e Japão), foi para o palco
de operações num navio americano. Dirigiu-se
com outros tantos patrícios, para a península
itálica e desembarcou no porto de Nápoles
e daí, estacionou na localidade de Staffo, próxima
ao local do conflito, distante muito pouco do monte Castelo
onde a gente brasileira desenvolveu a sua ação
bélica.
Amparado pelo contingente do EUA que nos dirigia, começamos
a saga, resultando no exemplo de heroísmo de nossos
patrícios, mas, ao mesmo tempo, onde deixamos os
restos de tanta gente patrícia.
Mauro conta, que a sensação de estar na zona
da luta foi de indiferença, porque haviam recebido
tantas vacinas e injeções (mais de 360) que
pareciam que estavam dopados, achando em tudo aquilo que
os cercava, uma situação natural.
O contato com os americanos foi sempre amistoso, e eles
nos respeitavam muito, como também, os prisioneiros
alemães e mais ainda, a população periférica
de civis, que nos viam como valentes, mas ao mesmo tempo,
amigos e alegres. Nossas músicas e alegria contagiavam
a todos.
Contatar com ianques era fácil, já que nossos
superiores, quase todos falavam inglês, mas o custoso
era com os italianos, pois se expressavam com gestos e gritos,
fato que fazia duro o entendimento. A palavra que eles mais
usavam era “Paúra” que queria dizer,
medo, fato totalmente compreensível com aquela gente
desamparada, com frio e fome.
Era triste ver as dificuldades das populações
dos povoados que faziam de tudo para suprir suas necessidade,
mesmo possuindo liras na mão, nada havia para comprar.
As crianças, velhos, mas principalmente, as mulheres,
eram as maiores vítimas dessa sanha guerreira que
sempre só interessa a uma pequena camada dirigente
e a elite.
Diz Mauro, que o lado feminino não faltava jamais,
porque as coitadas, para viverem, vendiam o mais sagrado
de seus bens, que eram seus corpos que havia em abundância.
Muitas delas se enamoraram dos pracinhas os brasileiros
e nossos mergulhões pontificaram nisso. Algumas vieram
mais tarde para o Brasil e outras tiveram romances tórridos
com os soldados, como é o caso da gringuinha Zulmira,
enamorada do soldadinho brasileiro, conforme a foto atesta
e que com a permissão de Dª. Vilma, mostramos,
já em adiantado estado de gravidez. Seria mais um
menino gerado com sangue italiano com forte origem dos santa-vitorienses,
em terras conflagradas na península itálica
do Velho Mundo?
Feita a paz, nossos soldados retornaram ao Brasil e como
referência positiva, atente-se que dos vinte e dois
santa-vitorienses todos retornaram ao convívio brasileiro,
devido ao fato do grupo não participar dos terríveis
batalhas de Monte Castelo.
Nem as enfermidades, muito menos o frio, contribuíram
para prostrar os gaúcho do extremo sul.
A chegada à antiga capital federal, a bonita Rio
de Janeiro, foi outro momento de impacto na alma dos pracinhas.
Lá, os conterrâneos capitaneados pelo “Castelhano”,
apelido do capitão Nestor Corbiniano de Andrade,
fizeram uma visita ao Presidente da República, Getúlio
Vargas. Este, fez questão de tê-los em seu
gabinete devido a amizade que o mesmo possuía com
o nosso Manoel Vicente do Amaral, em cuja culta e serena
sombra, o mesmo, junto a outros jovens bacharéis,
fortificou seus conhecimentos na cultura jurídica
e política.
Dele, os soldados souberam do andamento das obras do Porto,
grande aspiração de nossa gente, onde ele
se empenhou, como chefe da nação, em construí-lo.
Hoje, o nosso “pracinha” Mauro Pereira de Ávila,
deixa a vida passar entre nossa cidade e de vez em quando,
perambula pelos ondulados campos do Pastoreio, onde possui
propriedade.
O dever cumprido é a sua grande afirmação
como cidadão e junto aos seus familiares onde desponta
aquela, outrora mergulhonazinha de Curral Alto, dona Vilma
Alves da Silva, no seio de seus filhos, cujas narrativas
serviram para documentar um momento aflitivo de nossa nacionalidade,
também, a formação de uma família
linda dos Pereira de Ávila, mas sobretudo, o amor
de um homem do interior de nossa Terra, que teve como primeira
meta, mesmo jovem de 22 anos, o orgulho de servir, desde
estes rincões sulinos, ao Brasil.
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