O Banheiro Rural - O Melhor
Couro do Mundo
Até hoje pouco explicada a condição
do porquê não existir a praga do carrapato
em nossos campos, mas que agora, infelizmente já
é uma dolorosa realidade. Alguns técnicos
afirmavam que era devido à posição
estratégica, sendo uma verdadeira península,
a do Albardão, limitada ao norte pelo enorme banhado
do Taim, tendo o Atlântico por um lado e a Mirim,
pelo outro, o que dificultava a passagem dos portadores
tão nocivos para a qualidade de couro vacum e por
isso, nos orgulhávamos de sermos conhecidos, pela
região onde esse produto era o “melhor do mundo”,
porque não apresentava os furos causados pelos sugadores;
outros, ao se referirem à situação,
impunham que a condição era graças
a acidez do solo e a sua posição geográfica,
aliada a ele.
Assim, como possuíamos vantagens da qualidade do
produto, também existia o reverso da moeda, já
que o gado vacum não poderia ser comercializado fora
do município, a não ser para o abate, graças
a condição de que uma enfermidade transmitida
pelo “aracnídeo acarino” (nome científico),
e que produzia o chamado “banzo” ou a “tristeza”.
Vantagens eram de sempre sermos uma localidade exportadora
da carne e do couro, base de nossa riqueza, até os
primórdios de 1960.
Para evitar a propagação da enfermidade através
do contágio com outros animais alienígenas,
foi criada no ano de 1925 uma barreira sanitária
nos moldes das que se vêem agora, nas fronteiras com
o Uruguai e Argentina, a fim de evitar a propagação
da aftosa. Esse fato, principalmente, por nossa situação
geográfica, em Curral Alto, localiza-se na estreitura,
ao norte, entre as lagoas Mirim e Mangueira, no Km 518,
9, caracterizou a terra santa-vitoriense, já que
ao entrar aqui, mais ao sul, encontrava-se o inusitado fato
de o gado passar por uma banheira e os animais ao adentrarem
aqui, vinham banhados e logo, livres da contaminação.
Em campos do estancieiro Pedro Alfredo Alves da Silva doado
por este morador, de maneira gratuita, foi edificada a obra
em questão e esse benemérito cidadão
deu assistência ao trabalho, como sempre se preocupou
em conservar a área. A Prefeitura Municipal foi a
responsável pelo trabalho e coordenação
que depois, foi passado ao estado do Rio Grande do Sul,
através da Inspetoria Veterinária. Era o chefe
do Executivo Municipal, Mário Teixeira de Mello,
cuja preocupação com a saúde ambiental,
já que era médico, foi uma das constantes
de seu governo.
Hoje, o local é conhecido pela localidade “do
Banheiro”, que agora está em ruínas,
porque não foi possível conter o avanço
da peste e também, porque existe uma crença
moderna de que devemos permitir a propagação
da doença para que a mesma crie uma autodefesa, como
vacina natural para permitir que os nossos melhores espécimes
bovinos, sejam comercializados fora.
Aí está uma característica “suis
generis” da vida econômica, que talvez não
seja encontrada, em outra parte do Brasil.
Fatos que somente Santa Vitória do Palmar apresenta
no concerto dos demais municípios da federação.
|
|
Ruínas
do então Banheiro Municipal criado no governo
de Mário Teixeira de Mello |
O mesmo local visto de outro
ângulo.
|
|