SAMUEL PRILIAC – O
HOMEM ESPECIAL DE UMA FRONTEIRA
O
aventureiro que foi derrotado pelo amor
Corria o ano de 1931 e a Europa se encontrava abalada pelos
rigores da 1ª Guerra mundial e a grande depressão,
resultante dela. A falta de oportunidade e de um horizonte
risonho, fez com que muitos habitantes de lá, procurassem
outros caminhos. Entre eles estava o Brasil e a Argentina
que pontificavam no desenvolvimento, industrial, o primeiro
e na pecuária, o segundo.
Um jovem saiu da Romênia e deslocou-se para São
Paulo e depois, chegou a Buenos Aires onde começou
a trabalhar. No serviço de imigração,
pela dificuldade da língua, um agente, ao inscrevê-lo,
sem querer, transformou o sobrenome de Prilic, para Priliac
e continuou assim, motivado pelos transtornos que aconteceriam
para os trâmites legais. Assim surgiu SAMUEL PRILIAC.
Depois de uma estada em solo portenho, o jovem imigrante
resolveu voltar à sua terra e para tanto, empreendeu
a viagem de volta, mas no seu afã de conhecer novos
lugares, traçou uma rota que passaria por Montevidéu,
Porto Alegre, até o porto de Santos e daí,
ao velho Mundo. Quis o destino que em 1932 este esperançoso
mocinho chegasse à fronteira entre o Brasil e Uruguai,
nos incipientes povoados às margens do arroio Chuí
e dali nunca mais sair em busca de aventuras, porque o coração
falou mais alto e a menina DOMINGA HERNANDEZ lhe entregou
sua vida inteira.
Radicado do lado dela, o astuto SAMUEL, percebeu que o mercado
era mais favorável para vender aos platinos era aqui,
trazendo mercadorias brasileiras, cujo caminho era a costa
do mar, de difícil passagem, mas que compensava.
Erva mate, café, doces enlatados, cachaça
e tantos outros, fizeram o empório deslanchar. Colocou-se
quase na entrada da estrada que ligava o povoado à
Santa Vitória do Palmar, sede do município
e também, na ligação da rota 9, que
estava prestes a ser completada, indo para Castilhos, Rocha
e o destino final de todos os castelhanos, a capital do
país.
SAMUEL PRILIAC passou a constituir duas facetas que o tornaram
inconfundível por estes lados: o seu forte comércio,
a CASA SAMUEL, onde a característica da mesma era
suprir todos os lados fronteiriços com abundância
e mais do que isso, numa cordialidade presente, quando ele
e seus filhos, Samuelito, Norma, Rubens, Wilson e Wagner,
dedicavam aos compradores grande atenção e
um batalhão de funcionários que o serviriam
por toda a vida e que ainda são testemunhos da gratidão
e amizade que ele irradiava.
Ficaram famosos os seus hábitos de presentear os
“fregueses” com os procuradíssimos “Chapéus
de Palha” brasileiros, os tijolinhos e as frutas enlatadas,
como o abacaxi em calda. Não admitia reclamações.
Todos sempre tinham razão mesmo, quando nos feriadões,
a lista de ônibus que vinham de várias partes,
transformava aquele pacato local, num movimentado centro
de transações e negócios.
Mas o mais importante legado de SAMUEL PRILIAC, foi a sua
constante preocupação com a benemerência,
em ambos os lados da divisa, indo mais além, como
a nossa cidade, Castilhos e outras do oeste como 33, Lascano,
etc.
Escolas ergueram-se com a ajuda substancial de SAMUEL. Bairros
foram edificados dentro de terrenos de sua propriedade que
eram vendidos a preços altamente acessíveis.
Contribuiu no esporte, o futebol sua grande paixão,
tendo o Nacional do Chuy como clube de seu coração.
O hospital de lá foi uma realidade e não havia
necessitado, que recorrendo a ele, não tivesse o
amparo, por mínimo que fosse.
Com a abertura da Br-471 e uma de suas derivações
passando pelo interior da vila, o grande negociante, mudou-se
para o centro, bem no coração do agrupamento
nacional.
Este grande homem partiu deste mundo, relativamente cedo,
já que sua atuação nas localidades
adjacentes, sempre era esperada como aura de progresso e
convívio. Seu passatempo juntou uma multidão
de pessoas de tantos lugares, como o foram, as homenagens
que ele recebeu em vida.
SAMUEL PRILIAC, não saiu mais da fronteira. Para
sempre está introduzido na memória de quase
todos nós e principalmente, por que seu coração
ficou eternamente enraizado numa uruguaiazinha que lhe deu
tudo, desde uma grande família, até o conforto
e o entusiasmo para fazê-lo ser o GRANDE HOMEM DA
FRONTEIRA de duas grandes nações, como são
o Brasil e o Uruguai.
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Samuel
Priliac com sua característica boina junto
a um dos netos |
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Samuel Priliac
na capa da revista uruguaia Reporter |
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A Casa Samuel onde
no lado leste foi a grande propulsora do comércio
fronteiriço |
As fotos estampadas são do acervo de seu filho Wilson
Priliac
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