DOIS URUGUAIOS DA MESMA
PROFISSÃO E ATIVIDADES SEMELHANTES
PEDRO ROBUSTIANO MORENO E SANTIAGO ECHETO MACEIRA
OS GARIMPEIROS DO AMOR
Sempre
foi importante para nossa Terra a vinda de imigrantes, mas
os do lado oriental, do Uruguai, pela proximidade da fronteira
e maior oportunidade de trabalho por estes lados, sempre
foram de especial agrado.
De profissões diversas aqui contribuíram para
o engrandecimento de todos e forjaram famílias que
estão entre as mais importantes da localidade.
Sempre possuíam algo em comum: a língua espanhola
que jamais abdicavam e o gosto por pertencerem ao E. C.
Rio Branco, fato já explicado em trabalhos anteriores
nesta mesma coluna, mas com os dois falados agora foi diferente.
Pedro Robustiano Moreno, embora rio-branquista no início,
virou um ardoroso torcedor do G. E. Brasil e o segundo,
Santiago Echeto Maceira, defendeu as cores verde-negras
até o final de sua vida. Ambos foram presidentes
de tão importantes agremiações de nosso
município e palmilharam suas atividades entregando
seus restos para este solo fraternal.
Pedro Moreno, como era mais conhecido, chegou por estas
bandas, mais ou menos em 1911, cria de San Luiz, quando
sua mãe, viúva, resolveu atravessar a lagoa
Mirim e tentar nova situação, por estes lados.
Mas, de temperamento irriquieto, depois, partiu para Rio
Grande, Pelotas e Porto Alegre e sempre labutando enganjou-se
naqueles locais. Um inveterado carnavalesco e boêmio
incurável, fez parte de blocos de carnaval nas cidades
por onde andou, mas a saudade da família o fez retornar
por estes lados austrais.
Aqui começa a sua atividade afanosa, criando, juntamente
com Antônio Donato, a Correaria Brasil, instalada,
primeiramente na esquina leste das ruas Conde de Porto Alegre
e Francisco Osvaldo Anselmi, depois, na direção
oeste, para seguindo, transferir-se para a rua Campos Neutrais
e mais tarde formando o popular Pavilhão na Conde
de Porto Alegre, onde está até hoje, com setores
diversificados e por onde passaram funcionários como
o presidente da Câmara de Vereadores, Volmair Barreto,
Carlos Miranda, “o negro Mico”, Raul, Rochicha,
Chico Araújo, Mario Donato, Marinho Blotta, Vanise
e tantos outros.
Pedro Moreno foi figura chave dentro da comunidade e suas
tiradas ficaram famosas, pelo jeito jocoso de dizê-las,
como... “a contento geral - ótimo para o masculino
e ótimo para o feminino, e estou tentando etc...”
Era delicado, fino e sobretudo, amigo daqueles que lhe dedicavam
ligações, as mais diversas.
SANTIAGO ECHETO MACEIRA, veio de Lascano (Rou) em março
de 1940, quando terminava o verão. Nascido em 1921
foi estudar em Montevideo na escola profissional Don Bosco
(internato). Voltando a sua cidade natal, parece que sob
a influência de um grande carreirista desta terra,
Juvenal Lima, resolveu instalar-se profissionalmente, em
meio aos santa-vitorienses.
Maceira, como o chamavam com carinho, radicou-se no prédio
localizado nas esquinas das ruas Conrado Alves Guimarães
com Gal. Osório, onde hoje está o mercado
Chalana. Depois de muito tempo ali, transferiu-se para a
rua Barão do Rio Branco com casa de calçados
Maceira que, depois de aposentado, passou-a à sua
filha Maria de Lourdes Maceira de Oliveira. Igualmente como
fez Pedro Moreno, que transformou a razão social
de sua firma em Pedro Moreno e Filhos Ltda, dando parceria
a Nilza Moreno e Aroldo. Mais uma coincidência!
Maceira, homen calmo, viveu naquela zona quase toda a sua
vida e por aqui deixou-se ficar cercado de familiares e
muitos amigos.
Foi uma dádiva para Santa Vitória do Palmar
conviver com esses uruguaios, mas, iguais no trabalho, mudança
de clube de futebol, foram os dois grandes GARIMPEIROS DO
AMOR! E por que assim agora os caracterizamos? Primeiro,
porque Santiago Maceira cercou-se da família Cava
e o verbo CAVAR fez formar-se uma prole destacada porque
foram aparecendo filhos duplicados, tendo dois casais gêmeos
só não o primogênito Luiz Alberto, como
se o afã de ajudar a desenvolver sua nova terra,
dando-lhe filhos que seguiriam a trajetória do pai
e a mãe Elsa Cava, simbolicamente fez uso da pá
cavando em solo fértil para dar-nos conterrâneos
importantes no meio sulino;
Pedro Moreno, no dizer de seu amigo Floriano Correa, também
era, um garimpeiro porque perambulando pelas ruas, principalmente
nas noites de serenatas encontrou uma jóia valiosa,
nada mais que a Matilde Donato, a querida da. Pepita, por
isso do garimpo. Um, o Maceira Cava e Cava, na procura de
tão precioso bem e Pedro, acha a sua notável
peça nos recantos desta linda cidade do estremo sul
do Brasil.
Santiago Echeto Maceira era tímido, mas com sua tranqüilidade
e bonomia, lá pelos lados dos Cavas, encontrou sua
amada Elsa e Pedro num arroubo de amor e poesia ofereceu,
desta maneira a sua escolhida um frasco de perfume que ficou
perpetuado num cartão simples mas bonito como um
perpessar pelos ares de uma comunidade romântica,
e quando ele diz assim, afirma todo o seu grande amor por
Matilde, a Pepita:
“Ofereço este frasco de extrato à minha
querida Matilde para perfumar o seu epiderme, já
que o seu coração exala um aroma que prende
a todos por sua bondade e carinho sincero. Com votos de
mil repetições desta efeméride, beija-te,
Pedro.
Evaé, 14/03/1939.
Assim passaram estes homens que vieram de um país
bonito como o Uruguai, de cidades vizinhas, San Luiz e Lascano,
e aqui, trabalhando na mesma profissão, souberam
garimpar o amor de Matilde e Elsa e deixaram-nos com testemunho
desses grandes feitos uma prole que dignifica o seus e mais
a esta gente do rincão meridional do Brasil.
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O
jovem estudante Santiago Echeto Maceira juntamente
com seu professor na escola Don Bosco em Montevidéo.
(avervo da família) |
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Prédio
onde inicialmente funcionou a Correaria Maceira. (Foto
Collor) |
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Pedro
Robustiano Moreno e sua esposa Matilde Donato, da.
Pepita. (da coleção familiar) |
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Prédio
à direita onde inicialmente funcionou a Correaria
Brasil de Donato e Moreno. Na casa à esquerda
o segundo estabelecimento, agora, Correaria Brasil
de Pedro Moreno. (foto Collor) |
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