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150 Anos-Passagem da História de uma Grande Terra

A Vida de Nossa Comunidade Contada Por Pequenos Jornais

Sempre as cidades do interior tiveram uma voz forte em seus jornais, tão bem retratados nos versos dos grandes compositores dos anos 40, Marino Pinto e Mario Rossi que caracterizam uma povoação interiorana quando dizem: “cidade do interior tem a sua estação de trem. Um clube, a matriz, um jardim e um baile mensal, familiar. Tem um cinema modesto e um pequeno JORNAL, que circula aos domingos e quando é feriado nacional”.
A nossa não possue um trem, mas deveria tê-lo, já que gostamos de imitar os grandes paises, ontem a Inglaterra, França e agora os EUA, mas esquecemos de seguí-los quando fazem de seus principais meios de transporte, o barco e pelas ferrovias, circula toda a riqueza. No entanto, temos o Riacho, o clube, a Igreja, um Jardim e tínhamos um baile mensal familiar, e fomos pródigos na representação escrita, desde o primeiro semanário que foi O VITORIENSE e que hoje, nossa história cotidiana é transcrita num outro do mesmo nome do primeiro e no Liberal, um dos mais antigos do Brasil, feito por gente fora dos grandes centros.
No início dos anos 30, era moda que os jovens daqui se envolvessem na difícil arte, mas mesmo assim, muito dignificante, de escrever e à sombra dos gazetas maiores e inclusive, em suas oficinas, eram editados, e por isso, apareceram diminutas edições de vida breve, que eram especializadas em esporte, literatura e principalmente, de páginas de críticas contundentes aos costumes da região e é por isso, que queremos destacar três exemplos desses órgãos que divertiram, possibilitaram aparecer as veias dos escritores e poetas locais e ao exemplo do Gaiato, feito à mão, pelo grande artista conterrâneo, Francisco Gomes de Almeida, o Chico Almeida, ser uma fonte de ataques jocosos, que muitas vezes colocava em risco os autores das informações.
Os mocinhos, recém, entrados nos seus vinte anos, como Nelson Vasques Rodrigues, que depois, seria um dos poetas desta terra e Boaventura Marco, influenciados pela grande personalidade do uruguaio, médico Justino Amonte Anacker, também poeta e forte escritor que iriam tempos depois, no E. C. Santa Cruz trazer à luz, os jornais que aqui vão estampados:
O ESPORTE, que na sua edição nº 1, mas do ano 2, fato que não entendemos, tem como lema “Semanário Esportivo, Literário e Crítico”, onde estão estampadas as notícias de jogos inolvidáveis, como a vitória “espetacular do Rio Branco sobre o Vitoriense, fala sobre jogadores que marcaram época, como Russo e Cardeal e incentivando que as senhoritas da sociedade santa-vitoriense comparecessem aos campos de futebal;
Depois, veio o BA-TA-CLAN, folha nos mesmos moldes da anterior e que já estava voltada mais para a apresentação de escritores jovens que começavam a carreira literária, sonhando alcançar vôos maiores, como é o caso Chico Bóia, que mais tarde veio a afirmar-se como poeta laureado, não só em nosso município. Boaventura Marco, morador da Coxilha, da família formadora do auri-negro e parente de Sezefredo da Costa, o gênio, que depois foi conhecido no mundo inteiro, integrando com sua arte de centro avante, no Regimento (atual Farroupilha) Fluminense, do Rio de Janeiro, Nacional, de Montevidéu e por fim, nas seleções gaúcha e brasileira.
E finalizando, é apresentado o OLHO, mais contundente e agressivo, que causou grande furor no meio local. Dos mesmos proprietários e tendo como colaboradores, a escola cultural da terra, inclusive, dos famosos “monstros sagrados”, do jornalismo, como Brasiliano Patella, Amonte e mais um grupo de músicos e desenhistas. Grandes ataques hilariantes forem desferidos entre várias facções da juventude esportiva, artística e dos veranistas dos balneários, Barra do Chuí e Hermenegildo, de eterna rivalidade, no município.
Esta é uma resenha do quê foi a vida editorial que, afastada da filosofia dos grandes jornais rivais do momento, o veterano Sul do Estado e o novíssimo Liberal, grandes opositores na política municipal e estadual, tendo como ícones, as figuras do bel. Mario Anselmi e prof. Tancredo Blotta, aproveitavam o momento social da nossa comunidade que neste ano se rejubila por poder caminhar nos seus 150 anos de tradição e cultura.

   

Figuras que ilustram este trabalho são os “nanicos” da época, ESPORTE, BA-TA-CLAN e o OLHO, números pertencentes a coleção do autor.


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br