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Desde uma festa surge a Santa Casa de Misericórdia

Quando uma comunidade se arregimenta em prol de seus maiores anseios, transforma todos os fatos coletivos em uma comunhão de fé, para que aquilo que considera uma necessidade se torne uma realidade permanente.
Assim aconteceu com a criação de nosso hospital, que viria atender uma próspera cidadezinha do interior e que, mais que um local de saúde, era o receptáculo das angústias de sofredores. Local igual, somente a mais de 100 km para o Uruguai e 300 para o Brasil, numa época em que chegar aos centros maiores, além de ser uma aventura, era demasiadamente demorado.

Corria o ano de 1890 quando uma festa de despedida que se fazia a João Ladislau Riet Corrêa , conhecido como Ladrizinho, chefe político do Partido Republicano local e que estava de viagem marcada para Porto Alegre (como eram longas as viagens naquele tempo e quão duradouras as estadas fora da terra), na residência de Fileto Cardoso de Brum, por inspiração do grande médico Estevão de Souza Lima, começou a delinear-se a criação de nosso nosocômio, que tanto contribuiu para sanar os males desta gente sulina.
A família Corrêa, de onde o homenageado era oriundo, tomou a si a parte econômica do empreendimento, José Maria da Rosa, Manoela Maria Mirapalhete e Bilisário Corrêa ofertaram o terreno que se localizava numa coxilha, a uma breve distância do centro da cidade, estrategicamente postada, em razão das doenças contagiosas, muito comuns naquela época. O médico Alípio Santiago Corrêa, o grande benemérito dessa instituição, colaborou com seus serviços profissionais e tantos outros foram se aglutinando em torno da obra que foi transferida para o papel através do fotógrafo José Maria Pedreira Júnior.
Cabe destacar a figura de João Ladislau Riet Corrêa, de alcunha carinhosa de João Ladriz e tantos outros conterrâneos que, de uma maneira ou outra, estiveram atuando para que a obra fosse uma realidade somente em 1900 e que até agora continua prestando serviços inestimáveis em toda a região.
Esta instituição valia-se de grandes contribuições pecuniárias de vários conterrâneos afortunados monetariamente e ficou como costume, até por muito tempo, de pessoas sem herdeiros diretos deixarem seus bens para a Santa Casa.
Aqui está a lembrança desta instituição secular, que atende ao sofrimento humano e que na atualidade, com a dor dos outros, convive e passa por grandes dificuldades que também afligem a todas as Casas de Saúde, já que o sistema de atendimento hospitalar está falido em todo o País.
Da esperança daqueles priscas eras esperamos que se renovem os desejos de sua continuidade, mas lembrando que a instituição ainda está de pé, graças à boa vontade e dedicação de quase todos os santa-vitorienses.

Foto já do século XX, antes da reforma de nossa Santa Casa de Misericórdia, que começou na década de 1940


:: Pergunta da Semana ::

Quem foi e que profissão possuía Alcides Rocha?
Resposta: Alcides Rocha era uruguaio de Lascano. Depois de trabalhar no campo, veio para a cidade e passou a fazer a limpeza de nossos poços negros (entre 1930 a inicio de 1960). Trabalhador honesto, homem bem quisto e respeitado por todos era conhecido pela alcunha de MANDUCA.

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br