Alvorecer
do Século XX - Vamos estudar pra dentro.
A expressão "Vamos Estudar Pra Dentro"já
comentada numa de nossas crônicas, com pergunta aos
leitores, foi muito usada em nosso linguajar desde prisca
formação. Isso se deveu ao fato de que o ensino
(também já comentado) era rudimentar e de
pouca abragência em nosso meio, oportunizando apenas
o contato com os primeiros conhecimentos de linguagem, matemática,
história, geografia, religião, etc, além
de que a população de oitocentos e meados
do novecentos, estava concentrada no interior, quando o
jovem, em especial os rapazes de boa condição
econômica e apresentando pendores para o estudo, aliado
ao interesse dos pais em "possuir um filho doutor",
deveria deslocar-se para as cidades maiores, como Rio Grande,
Pelotas, Porto Alegre e num outro lance, para cursarem uma
faculdade, em especial de Ciências Jurídicas
ou Medicina as mais procuradas e se transformarem em "doutores",
erradamente chamados aqueles que possuíam o curso
universitário, se deslocavam para São Paulo
ou Salvador .
Jaguarão, cidade irmã da nossa, localizada
do outro lado da Mirim e debruçada sobre o rio que
lhe dá o nome e que provavelmente haja recebido esse
epíteto por causa dos jaguares, felinos abundantes
na zona e de proporções avantajadas, demarcou
o local com o aparecimento deste e que no aumentativo teria
sido apelidado de "Jaguar- Grande" ou ainda ,
por causa de restos de uma ossamente que talvez não
seja deste felino e sim, de restos fósseis de um
maior pré-histórico, "Tigre-dente de
sabre", que foi um dos carniceiros de plestocênio,
sendo uma espécie da mega fauna desse período.
Esta urbe teve, muito antes de nós, escolas preparatórias
de estudantes referidos acima, de origem protestante e principalmente
católica e que pela proximidade do contato com nossa
gente, através da lagoa e em seus iates a vela e
motor, mais os vapores como o Mirim, Juncal, América,
Colombo e por fim o Rio Grande, já referidos na crônica
da semana anterior, atraiu a mocidade estudiosa para lá.
Recentemente a EDUCAT, editora da UCPEL, editou uma série
de cartas do padre belga Thomas Aquinas Schoenars, da congregação
dos Missionários Premonstratenses que, radicado aí,
deu-nos uma visão muito importante de como era a
geografia, a história e a vida nesta região.
Mais ainda, nesta mesma obra, destaca-se como tradutor,
o médico radiologista Cornelis Christiaan Van Ommerem
M. D. de origem holandesa, muito ligado a nossa gente por
ser irmão do grande santa-vitoriense por adoção,
Hendrik Van Ommeren . O rádio técnico Holandês.
Este trabalho organizado pelos padres dessa confraria européia,
faz breve referência sobre estudantes de Santa Vitória
do Palmar que estudavam aí, entre os anos de 1901
e 1903.Também estampa a foto de quatro alunos do
Colégio Espírito Santo oriundos daqui e quem
sabe, algum amigo ou parente, possa identificá-los.Além
do mais, o padre Thomas faz menção à
terra dos verdes palmares e destaca a capacidade dos meninos
que se apresentam fardados com o uniforme da referida instituição.
Mais tarde, os metodistas do IPA de Porto Alegre, em fins
de 30 ou indícios de 40, fundaram o Instituto Porto
Alegre, como filial de grande educandário da capital
e que repetindo a ação dos belgas, os americanos
da Igreja Wesley, receberam também, uma plêiade
de mergulhões que foram "tirar o ginásio"
nessa cidade.
Assim transcrevemos mais uma página da vida cultural
desta região sulina, onde nós, também,
ficamos incluídos nela, até que em 1950, o
mesmo IPA, através da figura ímpar do grande
professor protestante OSCAR MACHADO, sob os auspícios
da prefeitura municipal, tendo a frente o médico
Osmarino de Oliveira Terra, criou o GINÁSIO SANTA
VITÓRIA, que no dizer do grande bel. CÂNDIDO
AUCH RIBEIRO, dividiu a história de nosso município
em: "antes e depois do aparecimento do GINÁSIO".
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