OLEGÁRIA E AMÉLIA
Doceiras que marcaram época em nossa cidade
A
rua Osório entre Barão do Rio Branco e Conde
de Porto Alegre, além de arenosa e de possuir prédios
conhecidos como o do lado leste da Loja Acácia Vitoriense,
(Maçonaria), a Sociedade Italiana, a venda do Brás
Guarino e Casa Econômica, de Cristóvão
Giudice estando no outro lado o consultório do Dr.
Amonte, poucas casas de moradia como a de Pedro Estrella,Artur
Pinto, além da residência em questão
nesta crônica, a moradia das senhoras Olegária
e Amélia, conhecidas pela alcunha de LAGUNAS.
O prédio era modesto, “metido para dentro”,
como se dizia no então, com um pequeno pátio
fronteiro, que dava acesso a um estreito jardim, cuja lembrança
retrata na fixação de alguns canteiros feitos
de tijolos segurando a areia em altitude de destaque e mais
uma palmeira do tipo Jerivá num extremo e no outro,
uma enredadeira que florificava com cores muito bonitas.
Nesse ambiente viviam as famosas doceiras cuja família
havia chegado em tempos remotos de Santa Catarina, mais
precisamente de Laguna, por esse motivo, a alcunha de Os
Lagunas do Porto, porque alguns viviam às margens
da Mirim, sendo o mais conhecido ultimamente, o CHICO LAGUNA.
Ai estavam os familiares tendo como cabeça do grupo
a famosa Dona Olegária, acompanhada por dona Amélia,
Zeca e mais a moça Pituca (não conseguimos
o nome de batismo), além do mocinho da casa que era
o conhecido funcionário público municipal,
Tacyr Ribeiro, que depois contraiu núpcias com Maurendina
Feijó que deu-lhe como filhos, Francisco, José
Afonso e Leozina e se destacaram dentro de nossa comunidade.
O motivo deste trabalho é tornar lembrança
dessa gente que encantou tantos nos idos de 30, 40 e 50,
cujo trabalho fundamental era o fabrico de doces, balas
e pirulitos e tantos mais exemplares surgidos do açúcar.
Toda a gurizada desse tempo lembra da atração
que exercia em todos os habitantes da pequenina cidade o
perfume que exalava das redondezas da rua Osório
onde a cozinha grande da habitação da dona
Olegária,nome referência e depois, o de dona
Zeca, quando do falecimento daquela.
Nas proximidades do local assinalado, na Conde de Porto
Alegre quase na esquina vivia outra irmã conhecida
por CHINA e muitos netos e afilhados que estavam em redor
do clã que era destaque na arte de fazer doces.
Era “gostoso” ver pela tarde alguns meninos
com seus cestos nos braços ou caixas de madeira presas
ao pescoço por um talabarte de barbantes, saírem
da casa da dona Olegária para fazerem o reparto e
a venda avulsa por nossas artérias cheias de pó
ou barro. Eram os fregueses fixos como os bares, cafés,
moradores que não dispensavam o saborear de tão
delicioso produto.
O ponto final desse comércio, tão peculiar
entre nossa gente, eram as sessões do cinema no Independência,
nos saraus noturnos e matinées, onde a freguesia
era mais ativa, embora as compras fossem de produtos de
menor valor, dado os bolsos fracos dos assistentes dos filmes
de mocinho.
Quem não lembra das queijadinhas, quindins, batatadas,
pastéis açucarados ou creme e mais do que
tudo isso, as balas de mel, os pirulitos envoltos em papel
pardo, que era conhecido como “papel de venda”,
mas despontando a vontade entre os pequenos, os “bichinhos
ou letrinhas”, incomparáveis guloseimas que
eram as preferidas por, além de serem gostosas, duravam
bastante.
Dona Olegária faleceu primeiro, sendo substituída
por sua irmã Amélia, cujo negócio manteve
junto com os seus, mas o tempo foi dificultando esses trabalhos
e o modernismo industrial provocou uma mudança nas
preferências dos cidadãos.
É verdade que o tempo passou, a vida seguiu o seu
caminho de transformações, mas netas terras
de Santa Vitória do Palmar, nós, os guris
e gurias do nosso tempo, como diria sra. Dorina Estol Azevedo,
esses,obrigatoriamente, relembramos com saudades, o fino
paladar e do perfume que saia da casa de Gal. Osório
na referência citadina das maravilhas que eram produzidas
pelas mãos da dona Olegária, Amélia,
da Pituca, assistindo as traquinagens do Tacyr, na compania
da dona Zeca, China e de tantos outros que endulçaram
o paladar dos mergulhões.
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