Manuel Vicente do Amaral- A era do Grande Estadista
Esta conterrâneo é, em crônicas feitas
neste espaço, o mais comentado e destacado por sua
participação na sua formação
do conceito político e social de nossa terra. Foi
direta ou indiretamente, um símbolo de grandeza que,
a todos que desejarem escrever a história de nosso
município e também, da fase política
do Rio Grande do Sul, era obrigatória a referência
no seu passar por todos os acontecimentos, que vão
desde ao início da propaganda republicana e depois,
a formação e organização do
novo Estado Brasileiro e que culminou com sua participação
de maneira inesquecível, durante o negro período
da 2ª. Guerra mundial.
Estudante laureado na faculdade de Direito de São
Paulo, teve como companheiros de cátedra, os futuros
presidentes da República Wenceslau Brás e
Afonso Pena e também, atuou no governo gaúcho
ao lado de figuras lapidares como Júlio de Castilhos,
Assis Brasil, e mais chegadamente, ao governador Antônio
Borges de Medeiros, recém saidos da grande refrega
que culminou na revolução de 1893 quando terminou
seus dias, o grande caudilho que habitou este pagos e que
foi Gumersindo Saraiva—Arauto das lutas pela Democracia!
Deputado na Assembléia rio-grandense, quando preparou-se
e foi a provada a Constituição de 1891, criada
pela magistral cabeça de Castilhos e onde o nosso
conterrâneo participou de diversas comissões
de trabalho.
Veio para cá desenvolvendo os dotes advogatícios,
mas destacou-se na economia, desenvolvendo modernamente
a pecuária em sua estância dos Provedores que
ainda hoje, ai está, como marco de uma história
que sempre nos orgulha.
Incentivou e criou grandes obras, como a modernização
da Cacimba Pública, chamada popularmente de Cacimba
da Nação, dotando-a de uma caixa d’água
e de um motor para o recalque do líquido e sua posterior
distribuição, resolvendo um grave problema
de saúde que já foi descritos em páginas
anteriores deste espaço. Contribuiu para a fundação
da Sociedade Agrícola e Pastorial e que foi a mãe
de nosso Sindicato Rural, e o Matadouro Público.
Preocupou-se com os contratos para a melhoria da nossa Usina
Elétrica, modificando-os quando nos colocava a merce
da firma Bromber e Cia. Foi, também, uma de suas
metas a melhoria das estradas municipais que eram simples
traçadas de tropas que recorriam o nosso interior.
Lutou para que o nosso porto fosse feito e dotando- de uma
estrada com uma ponte de material conhecida por Ponte do
Passo do Colchão e lutou para que uma linha de bondes
fosse até lá e que uma estrada de ferro, ligando
a Quinta ao Chui, terminasse com a angustiante isolamente
de toda esta península conhecida como Albardão,
obra que até hoje, não foi realizada.
Como intendente Municipal, por três vezes, em 1908-12,
12-16 e 20-24, organizou as finanças municipais e
deu-nos características de modernização,
inclusive com a regulamentação de impostos
que viriam a prover o erário de recurso.
Foi Chefe político que preocupou-se com a pacificação
de nossa gente que estava profundamente separada e com demonstrações
de violência que hoje faria admiração
neste momento de grande insegurança. Quando da modificação
política trazida pela Revolução de
1930, no bojo de idéias do positivismo que grassavam
desde o século anterior, mas que nas mãos
de Getulio Vargas, seguidor de Borges, apresentou uma evolução
tão grande que colocou o Brasil numa era de modernização,
fazendo com que nos transformasse em uma potência
de destaque, lá estava Manuel Vicente do Amaral,
com o seu prestígio junto ao ditador, para orientá-lo
e o que é mais importante desfazendo uma injustiça,
quando o juiz Carneiro Pereira, em 1938, em sua estada no
Rio de Janeiro, então capital da República,
pediu ao chefe do poder, dono de tudo neste pais, uma solução
para dotar Santa Vitória do Palmar de uma ligação
com o resto da pátria, tendo invocado o nome de Manuel
Vicente e Getulio, assim se referiu ao pedinte: ”Diga
ao velho Amaral (o chamavam carinhosamente assim) que o
quê ele pedir, será dado e que, junte-se com
as lideranças municipais e decidam o quê deve
ser feito—um porto ou uma estrada de ferro—que
assim terá esta terra mais ao sul”!...... modo
foi feito ea nossa elite política e comercial, resolveu
pedir um atracadouro e que ai está e que no momento
em que iria ser inaugurado, o dique do Taim foi aberto e
a Br-471 acabou por matar esta grande obra que ainda está
pela espera de uma revitalização e cujo transporte,
o mais barato, seja, novamente atualizado.
Manuel Vicente do Amaral, já velho, retirado de
suas atividades que lhe eram mais cara, praticamente não
mias se expunha, motivo pela velhice e enfermidade, mas
quando em plena 2ª. Guerra Mundial, os navios brasileiros,
foram bombardeados pelos alemãs em 1942, o povo da
cidade foi até o sobrado ao lado da igreja matriz,
pedir-lhe uma orientação para o fato tão
cruel que as lutas provocam, e este , saindo de seu leito
de enfermo, até a sacada em breves palavras, externou
sua indignação e o patriotismo que os munícipes
deveriam Ter, inclusive, inocentado os oriundos germânicos
que aqui contribuíam com o progresso desta gente.
Manuel Vicente do Amaral falou, fez sentir o quê
lhe ia na alma e voltou para seu leito e na madrugada do
dia 9 de setembro desse ano, deixou de existir.
Grande exemplos de uma figura grande ! O nosso Maior Homem
Público!
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Manuel Vicente do Amaral |
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