FASE HERÓICA DO GINÁSIO
DE SANTA VITÓRIA
José Simões – Um dos maiores Professores
que por aqui passou
A
criação do Curso Ginasial foi uma das epopéias
mais destacadas que contribuiu para o desenvolvimento de
nossa terra.
Contra a pressão das forças políticas
adversárias ao governo de Osmarino Terra, levando
inocentemente o bispo de Pelotas a lançar um manifesto
(famosos boletins) ao público católico ameaçando
de “excomunhão” aos pais que levassem
seus filhos para o novel educandário e com a conquista
do local, que foi prontamente resolvida pela classe dos
pecuaristas através da Associação Rural,
tendo a frente o culto bacharel Andy Emílio Mate,
que cedeu a sua flamante Casa Rural e a Maçonaria,
Rotary, enfim, a comunidade em geral, que não deu
ouvidos as mesquinha atitudes de um pequeno grupo, mas muito
importante o empenho da comunidade, que trouxe para cá
a infra-estrutura do IPA(Instituto Porto Alegre) da capital
do Estado, via filial de Jaquarão e dessa maneira
este aglomerado de ensino passou a funcionar em 1950, sobe
a Reitoria Honorífica do Prof. Oscar Machado.
A frente da Escola estava a capacidade do professor de Letras
Euclides Osório que lecionava Português e Latim,
mas na falta de professor em importante matéria,
arriscava-se em Matemática.
Passado um ano e com grande sucesso, este jovem professor
não sentiu-se com coragem e capacidade para transacionar
com os números no Curso Ginasial e faltando um educador
entre os nossos conterrâneos que o fizesse e não
possuindo alguém de fora, foi procurar na improvisação,
contar com um mocinho de apenas 21 anos para incetar tão
difícil atividade.
Assim chegou José Simões! Por que ele passou
a frente de uma importante matéria e depois, ditando
cátedra em Inglês e Ciências!
Em primeiro lugar, porque conseguir um titular em questão
era muito problemático, já que até
nas cidades maiores que nos cercavam, a falta dele era sentida.
Segundo, nossa cidade era tão distante que não
pagava a pena, por tão mísero salário,
chegar até nós.
Em segundo, José Simões, foi trazido pelo
destino que o envolveu desde menino numa teia de dificuldades
e rigores, pois teve uma doença terrível que
o impossibilitou de levar uma vida normal e preso à
sua casa não podia deslocar-se para outros lugares
onde exerceria seus estudos com grande proeficiência.
Estudante do Colégio Gonzaga desde o primeiro ano
primário até o terceiro cientifico (segunda
parte do ensino médio), foi um aluno laureado com
melhores notas conquistadas por um estudante naquele período,
fato atestado em uma placa onde era antigamente localizada
a secretaria da Escola e que deve estar lá até
hoje naquele local.
Indo para a capital fez o vestibular para engenharia e como
resultado de sua capacidade e dedicação aos
estudos, ingressou na mesma obtendo o segundo lugar em tão
difícil exame.
Não chegou a cursar o segundo ano, pois foi acometido
dessa fatal enfermidade que ao fim de alguns anos o levaria
de nosso convívio.
No início de janeiro de 1951 o diretor de nosso educandário,
amigo de um jovem comerciante, Mahamud Lima Pereira, o Mudi,
que possuía junto com seu pai, Mário e irmão,
Hassain, na rua Barão do Rio Branco, uma loja, fez
contato com o mesmo e disse-lhe que estava aqui porque não
conseguia um mestre para ditar as intrincadas classes dos
números e este jovem acenou-lhe com a possibilidade
de quem, contar com a capacidade de um menino de 21 anos,
parente ou afilhado da família, que passava os verões
na Barra do Chuí, carregando a sua condição
de enfermo.
No encontro entre o professor Osório e Simões,
surgiu a possibilidade deste último tentar lecionar
essa matéria e depois, passou a ditar o Inglês
e Ciências (física, Química e Biologia)
que ele havia se dedicado durante o tempo de reclusão.
Assim começou a vida desse jovem estudioso filho
de Pelotas, que aqui granjeou a fama e respeito por se transformar
com pouca idade no maior professor daquele tempo e ainda
hoje reverenciado por todos os seus alunos e comunidade.
Ditou moda entre nós e foi amigo de todos, pois,
com sua capacidade, com uma didática notável
e sentido de que somente pelo estudo poderia vencer aquela
grande deficiência na saúde.
Foi referência entre seus pares e agora, passados
tantos anos de seu desaparecimento, quando um ex-aluno seu
é perguntado que nota daria ao Simões como
atuante no magistério do Ensino Médio, a grande
maioria, nunca desce de 8 ou 9 para pontuá-lo na
característica pedida.
Trabalhou entre nós até o fim do ano de 1960
e partiu para Porto Alegre para incetar uma nova carreira
que era a de ser médico psiquiatra, agora essa nova
empreitada e lá, com ajuda de um ex-aluno, foi terminar
os seus dias como diretor em São Paulo da prestigiosa
firma de propaganda conhecida como MPM-Propaganda.
A morte veio encontrá-lo em pleno desenvolvimento
de suas potencialidades em outro ramo fora do magistério,
com apenas 38 anos, cessando uma trajetória de destaque
ímpar no meio da Educação.
José Antônio Mecheref Simões, mas carinhosamente
chamado de Professor Simões ainda agora é
lembrado pelos mais velhos estudantes, quando uma equação
se torna difícil, um assunto cientifico é
colocado em moda, principalmente nas conquistas da técnica
espacial, mas no momento em que os seus alunos do velho
e respeitoso Ginásio de Santa Vitória ou Ginásio
Noturno Mal. Andréa, sentem que a nossa carreira
passa por dificuldades financeiras ou mesmo de identidade
e respeito pelos velhos mestres, este homem pontifica como
uma lembrança dos tempos que não voltam mais.
Santa Vitória do Palmar deve-lhe em dedicação
e amor pelo ensino que aqui praticou!
Grande professor Simões!
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