A ERA DA AVIAÇÃO
– CURRAL ALTO NA ROTA DA LINHA AÉREA
RECONHECIMENTO A GERALDO CABREIRA –
CHININHO VIDRACEIRO
Nosso município sempre sofreu brutalmente com as
dificuldades em comunicação. Primeiro, chegava-se
por terra numa viagem com duração de semanas
e com os perigos do caminho; depois, a lagoa Mirim foi uma
leve solução para um transporte mais rápido
e levando grandes cargas da época; quando da chegada
dos carros a motor, o interior era impraticável,
em especial no Taim e depois, pelos percalços da
costa do mar.
Era uma situação que nos colocava de costas
para o Brasil e somente não ficamos uruguaios, pela
grande e patriótica determinação desta
gente sulina, cuja cultura nacional sempre foi muito forte
e o senso de brasilidade aflorava em nosso íntimo,
mesmo recebendo grande influência dos nossos vizinhos.
Esta, talvez, haja sido das maiores demonstrações
de amor à Pátria, registrada na nossa história!
Em matéria de ligação viária
com os maiores centros do estado, dificuldade tamanha que
criou um condicionamento nas pessoas daqui, chegando ao
auge, de nunca termos pressa em viajar e quando o fazíamos,
era de uma maneira tão peculiar que parecia uma transumância
por tempo prolongado. Trafegar, para nós, condicionava-se
uma preparação antecipada e cálculos
de tempo nestes longos espaços, enfim, fazíamos
uma verdadeira “mudança”, com muitos
pertences que era do nosso diário íntimo.
Verdadeira epopéia dos Mergulhões!
Dessa situação, não podíamos
dispensar o anseio de viagens pelos ares, num momento em
que o mundo estava numa reviravolta de atitudes e progresso,
saindo da la. guerra mundial (1914-1918) e nos ufanávamos
do grande invento de um nosso patrício, que foi Santos
Dumond e no instante em que o Brasil afirmava-se na criação
de linhas aéreas por todos os lados, é bem
verdade, que de origens estrangeiras, principalmente da
Alemanha, mas as rotas espaciais cortavam o pais desenvolvido.
Vimos aviões descerem em nossa lagoa desde meados
dos anos 20, mas devido ao clima da região, ficava
muito perigoso amerissar, baixar em nossos campos planos
e próprios para essa atividade, até que uma
linha governamental brasileira, sediada na cidade de Rio
Grande, mais precisamente como controladora do único
porto gaúcho de mar, começou a voar por essas
bandas, indo até o farol da Barra do Chuí.
Da BASE AÉREA NAVAL DE RIO GRANDE saiam pequenos
aviões que faziam uma viagem de norte a sul, ora
pela beira do oceano ou, em outras vezes, interiorizando-se
numa reta, onde hoje passa a BR-471, guiando-se por núcleos
de fazendas ou postos comerciais, como a Casa Anselmi, em
Curral Alto.
Em fins de novembro, quando executavam-se melhorias num
campo de pouso nos arredores do nordeste da cidade, onde
agora mais ou menos, está o aereoporto Fernando Ferrari,
inclusive, com a instalação de uma emissora
de rádio para guiar as naves, ficou decidido que
em meio ao caminho, na localidade citada, haveria uma parada
ao lado do armazém já comentado e ai, depois
de demarcações de uma pista de pouso, os aviões
da Base Aérea Naval, fariam parada, dando um grande
impulso naquelas lonjuras.
Naquele momento em que a referência é feita
a tão grande empreendimento nas comunicações,
deve-se fazer justiça a um nosso conterrâneo
de grande vivência na comunidade e de prestigiosa
memória, além de conhecimentos históricos,
recentemente falecido, que foi o informante desse grande
melhoramento. Refiro-me ao sr. GERALDO CABREIRA –
o Chininho Vidraceiro – que contestado sobre a tal
linha, afirmava que ele foi o carpinteiro que confeccionou
as placas para demarcar o local e facilitar a orientação
dos pilotos. Quando instigado, que deveria ter sido feito
para descer algum “Teco-Teco”, perdia a paciência
e voltava a afirmar a sua história.
Pelas páginas do Sul do Estado foi feita a confirmação
de sua narrativa e que em 1º de dezembro de 1939, um
avião de registro 1-2h1-108, aterrissou em Curral
Alto transportando um passageiro e correspondência,
inaugurando essa linha que teve pouca duração,
já que mais tarde, a VARIG, passou a operar semanalmente,
embora com outra rota.
Curral Alto, na localidade da firma Anselmi, foi o pioneiro
da aviação no interior de nossa terra, proporcionando
um grande avanço nas comunicações por
estas distâncias deste Brasil, sempre voltado para
o progresso e a Brasilidade.
|
|
|
Um hidroavião
Dorniel Wal "Atlantico" (do livro Como se
voava antigamente - de L. Souza Pinto |
|
Junker, mais ou
menos parecido com o tertratado na crônica,
de dois lugares (fonte anterior) talves um Taifun |
|
|
|
|
|
|
Casa Anselmi e
Cia, em Curral Alto - do acervo de Flávio Echartea |
|
Geraldo Cabreira
- Chuninho Vidraceiro |
Agradecimento especial ao Técnico em Informática
Marcelo Amaral.
|