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A nossa opinião através dos
jornais no século XIX
Baseando-me num trabalho magistral do Cel. Tancredo Fernando
de Mello, em sua obra O Município de Santa Vitória
do Palmar, venho colocar à consideração
dos leitores a trajetória das opiniões de
nossos conterrâneos através de seus jornais,
desde sua fundação, até o alvorecer
do século XX, cheio de progressos e saltos em qualidade
técnica na parte de imprimir palavras, dando as diretrizes
políticas e as informações econômicas
e sociais em nosso meio.
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Por sermos uma localidade isolada do resto do País
e com influência uruguaia, nossa pequena elite cultural
prendia-se ao manejo das letras ancoradas numa associação
de intelectuais e homens que se atiravam ao afã de
divulgar a sua opinião pelo meio em moda que era
o jornal, dando-lhe um cunho político, o que fazia
com que estes sempre fossem ligados a uma corrente partidária.
Nesse momento em que nos reportamos a duas forças
que se digladiavam ao chegarmos à República:
eram os seguidores de Gaspar Silveira Martins e Julho de
Castilhos.
Em toda a nossa pátria as lutas locais eram contundentemente
acirradas, fazendo com que a sociedade local se transformasse
em palco de lutas sangrentas, quase sempre incentivadas
pelas penas de um pequeno grupo. A pugna era mais local
do que geral.
O nosso primeiro jornal foi apresentado em 7 de janeiro
de 1879, e tinha como diretor e proprietário o sr.
Marcos Roiz de Lima. Como colaborador, o célebre
Valentim de Emílio Barrios, que a cada semana estava
prestes a induzir conceitos incitando a lutas que tantas
vezes se transformaram em querelas perigosas que tanto agitaram
a pequena cidade e sua campanha.
O Echo do Palmar foi outra voz que retumbou pelos campos
palmarinos e teve como seu dono e responsável José
Celly Duarte Nunes, tendo a auxiliá-lo Aristides
Epaminondas de Arruda. Foi órgão do Partido
Republicano.
O Violeta, que defendia o Partido Liberal, além de
sua função opinativa, dava os informes literários,
existindo de março de 1878 até o fim de 1879.
O Povo representava a idéia do Partido Conservador.
Redigido por J.C de Freitas Noronha, circulou de 1882 até
1883.
Tivemos o Argos (cuja foto do cabeçalho está
estampada nesta crônica) e era do mesmo empresário
J.C Freitas Noronha, seguindo a linha anterior de propriedades
do mesmo.
Além destes aqui apresentados, existiram muitos outros
defendendo as diversas correntes partidárias, sendo
que alguns apresentaram a fisionomia literária e
outros de ferina crítica e de duração
efêmera, sendo que um deles, O Relâmpago, de
vida muito curta, teve uma de suas edições
queimadas em praça pública por causa de severas
críticas à banda Progresso Vitoriense.
Desse modo fizemos uma resenha dos mais importantes jornais
santa- vitorienses, que ditaram normas e conduziram opiniões
naquele período, embora muitos outros estiveram gravitando
em torno dos conceitos políticos, principalmente,
mas nunca deixando a verve literária onde nossa comunidade
foi tão pródiga, como a crítica jocosa,
às vezes de tão contundente penetração
e de tantos mal entendidos que provocaram grandes atritos
e resultaram em profundas desavenças no seio da sociedade
da terra.
Por aqui ficam alguns exemplos da manifestação
intelectual de nossa gente, através da palavra escrita
e que ditou os caminhos da opinião, sempre ligados
às facções partidárias da época,
no século XIX.
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