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Um mergulhão e um gringo trazendo suas culturas para nós (PARTE 2)


Os italianos imigrantes se apegaram à terra como se esta fosse a sua de ultramar, no entanto, o solo ubérrimo destes Campos Neutrais os tornou grandes agricultores e fizeram o progresso local, mais ainda, com a habilidade dos peninsulares, começando aqui, uma nova era de trabalhos manuais que chegaria até os dias de hoje na conduta de seus descendentes.

Posto isso, também quero ressaltar, que outros gringos se deslocaram da senda dos anteriores e muitos, aplicando outras profissões, no entanto, RENATO SALVINI, aportou por estes lados, com uma profissão definida, a de “agrimensor”, que posteriormente, viriam chamar-se os bel. em engenharia agronômica. Começou a desenvolver as suas atividades com respeito e dignidade por nossa gente e pela conduta séria que o iria caracterizar entre seus pares. Sua vinda para estes lados do sul, é uma incógnita, como a de tantos que por aqui se estabeleceram.

Ardoroso adepto do Fascismo e do Duce Mussollini, sofria com as violências do Velho Mundo, mas, foi entre essa gente mergulhona, que veio realizar suas enormes aptidões.

O coração falou mais alto e uma das principais causas de sua longa permanência entre nós, foi a visão de uma conterrânea, da família Patella Rodrigues, de nome Maria, que cativou a sua alma e fez com que se mimetizasse entre todos daqui.

Foi autor de grandes projetos que resultariam alguns em grande progresso e noutros, sonhos mirabolantes e que hoje, passados muitos anos, vemos que os mesmos são de plena execução.

Foi o grande incentivador no século XX para o plantio de matos de eucalipto, que seria uma das saídas para o desenvolvimento; lutou com suas habilidades científicas para que vários produtos agrícolas fossem produzidos em nossas terras, como as frutas do temperado, o trigo e o arroz; deu destaque para os transportes e preocupou-se com as ferrovias e rodovias para que cortassem o nosso território nos quatro pontos cardeais, nunca deixando de destacar o aproveitamento das nossas lagoas. Criou o primeiro plano de engenharia para a construção de um porto no local onde está o atual, com posição inversa ao mesmo, fazendo com que dois canais adentrassem para o continente e não houvesse um cais para o lado da Mirim. Grande número de propriedades foram demarcadas e com grande eficiência, seguindo os passos de Antônio Ross e Tilinho Soares e que depois foram continuados por outros dois, que foram os agrônomos Artur Moreira e Carlos Alcy Cardoso.

Como derradeira obra, já vivendo em Porto Alegre, preparou a nova fisionomia da praça Gal. Andréa, tendo como destaque a Rosa dos Ventos, colocada no centro da mesma.

A obra de Renato Salvini


Renato Salvini passou por aqui e deixou sua marca, mostrando competência, honestidade, mas acima de tudo, a fé no desenvolvimento deste município austral brasileiro. Pontificou sua atuação deixando-nos um livro escrito mais tarde, em 1936, cujo título serviu de rumo para a caminhada rumo ao futuro-SANTA VITÓRIA-PINDURAMA SULINO - o que produz e o que deveria produzir o Município de Santa Victória.

Hoje a obra segue servindo para a orientação da história de nossa gente, no entanto, resguardando as diferenças dos anos, é um marco de tudo aquilo que fomos e daquilo que poderemos ser.

Renato Salvini, o gringo que por amor aqui ficou e deixou suas marcas entre todos, num pulsar de ânsias por todo o progresso, e a crença num futuro melhor, lembrando o seu livro quando diz: “o que produz e o que pode produzir”, servindo ainda como um desafio na capacidade dos santa-vitorienses rumo a um futuro melhor.

Gringo saído de Florença idealizou um porvir maior para esta gente que se espelhava na figura de sua adorada Maria.


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br