NOSSA CIDADE E SEUS CINEMAS
Já nos fins de 1800, esta gente do sul, tinha a
possibilidade de assistir, embora precariamente, sessões
de filmes, principalmente documentários e obras francesas.
Chegava o momento da afirmação do visual e
que, depois seria um acompanhante do desenvolvimento da
cultura social dos povos.
Por aqui, nessa época, pessoas vinham e com uma rústica
máquina de “passar filme”, reuniam um
grupo de interessados e os filmes faziam o deleite de muitos.
Ora, nos clubes, como também, quando o tempo permitia,
por estas bandas, as noites sempre frias impossibilitavam
a aglomeração ao ar livre, a não ser
durante os meses de verão. Esta técnica fez
surgir uma camada de pessoas que, já tendo viajado
“para dentro”, tornaram-se fãs de 7ª
arte. E assim, foi por largos tempos, inclusive nas casas
de famílias, nos sobrados luxuosos, em volta da praça,
nos hotéis e mesmo, na campanha. O cinema viera para
ficar e somente foi destronado nas cidades do interior,
pela televisão e outras técnicas mais aprimoradas.
No dia 3 de Setembro de 1919 foi inaugurado o cinema RADIUM,
localizado nas esquinas da Gal. Deodoro com Br. Do Triunfo,
onde foi, mais tarde, a firma de loja e oficina da Continental.
Como melhor acomodação, o prédio era
de um conforto incomparável, já que se deixava
de existirem espetáculos em galpões improvisados,
para o mesmo, possuir um edifício de grandes proporções
para a época e a quantidade de assistentes. Como
maior conforto, o referido estabelecimento possuía
um gerador elétrico próprio, inclusive para
as “matinés”, acontecidas à tarde
dos domingos.
O primeiro filme que a instituição levou à
tela foi KORVAL, o espião, grande expressão
da cinematografia da atualidade.
Este cinema cerrou suas portas e mais tarde, com a propriedade
de um uruguaio, sr. Venturini, de grande destaque posterior,
nessa atividade, reapareceu, no mesmo lugar, com o nome
de ARIEL e tendo, como primeiro filme dessa nova etapa,
o clássico de então, AUDAZ CONQUISTA.
Quando em 1930 foi inaugurado um dos maiores cine-theatros
do Rio Grande do Sul, Independência, o portentoso
ARIEL, deixou de funcionar, principalmente por que seu titular
passou para a nova instituição que existe
até agora, embora, como cinema, não mais.
Mas, o mais importante cine-theatro desta terra foi o IDEAL-
VICTÓRIA na rua Conde de Porto Alegre, ao lado da
Loja Acácia Vitoriense, onde hoje está edificada
a residência do bel. Mario R. Anselmi.
Era do empresário OVIDIO MARTINO e do artista renomado,
destas latitudes que foi, FRANCISCO GOMES DE ALMEIDA e que
já foi motivo de uma crônica neste espaço.
Conhecido como PAVILHÃO ou BARRACÃO, tornou-se
maior local abrigado desta comunidade e onde se desenvolviam
grandes eventos sociais, políticos e culturais desta
gente. Devido ao tirocínio de Ovídio e da
habilidade técnica de Chico Almeida, era o ponto
de encontro da sociedade santa-vitoriense. Um de seus últimos
filmes passados nele foi HISTÓRIA DE TOUTNEGRA no
domingo 7 de dezembro de 22 pois, porque na madrugada do
dia 28 do corrente, o PAVILHÃO OU BARRACÃO
foi devorado por um trágico incêndio, não
sobrando nada no local, já que o mesmo era de madeira.
Assim terminou o mais antigo local de festas desta terra
até 1930.
Como vimos, Santa Vitória do Palmar, mercê
à capacidade de sua gente, sempre esteve nas proximidades
das grandes conquistas.
|
Ovídio Martino que logo a após o
desastre faleceu precocemente. Foto cedida por sua
nora Perla Suaya Martino.
|
|
Ao fundo
a Loja Acácia Vitoriense e do Lado o Terreno
Onde estava o Barracão(Cinema Ideal Victória)
|
|
|
Vista de
cima do Prédio da contiental que até
1928 foi o cinema Radium e depois o Ariez |
|