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Homem simples do campo dirige esta comunidade

Cel. Brasiliano Faustino Corrêa

Estamos em novo momento da vida nacional com o Governo Provisório de Getúlio Vargas e em nossa terra a administração deixa de ficar em mãos dos antigos políticos republicanos de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, para dar passagem a vez do interventor gaúcho, Flores da Cunha, que, conforme a filosofia empregada pelos vencedores, estabeleceu uma rede político-administrativa que desembocaria numa nova maneira de conduzir os nossos destinos, mas também, que iria chegar numa das mais ferozes ditaduras sofridas por nossa Pátria, que foi o Estado Novo.
O Intendente José Bernardino de Sousa Castro, aderindo à nova ordem em questão, ainda segue à frente do governo municipal, mas sob inspiração do ascendente líder Osmarino de Oliveira Terra, passa a chefia do município ao Sr. Brasiliano Faustino Correa, enganjado na temática da hora e é o primeiro mandatário a possuir o título de “PREFEITO MUNICIPAL”.
Homem saído das primeiras famílias açorianas que se estabeleceram no polo administrativo que foi o Rio Grande e que se disseminou pelos Campos Neutrais, começou o seu governo de uma maneira inusitada, porque as pugnas políticas, agora eram feitas pelos dois grandes jornais da cidade, o vetusto Sul do Estado, retumbo das idéias castilhistas e do novo semanário, o Liberal, porta voz dos novos dirigentes. Bel. Mario Anselmi passando sua pena firme, agressiva e inteligente, de um lado e a afirmação contundente e culta, do outro, provocada por este paulista que adotou a nossa terra como sua, que foi o ex-padre e no momento, o grande professor, o doutor em Teologia, Frederico Tancredo Blotta. Ambos saídos das hostes da República Velha e agora neste tempo republicano.
Cel. Brasiliano tendo um orçamento exíguo, como aliás, os anteriores, também, marcou sua administração pela correção e cordura, onde tentava governar os mais agudos problemas municipais e o fê-lo, principalmente na área de Educação, disseminando escolas pelos mais diversos cantos de nossa terra, tanto no Chuí, na campanha e na perifeira da cidade, com a escola João Pessoa, que foi o marco desse esforço, ali, no Campo do Sarapico, antiga área da sesmaria de Carvalho Porto. Ainda assim, preocupou-se com a Saúde Pública, principalmente no momento em que fomos afetados por uma grave epidemia de varíola, onde se destacaram os jovens médicas Osmarino e Brasiliano. A iluminação elétrica começou a expandir-se para a região suburbana, dando facilidade de trânsito e segurança à noite.
No fim da vida, já em segundas núpicias, passou a viver entre nossa cidade, suas propriedades interioranas e a Barra Chuí, no verão e em Montevidéu, aliás, costume seguido por muitos ricos desta região.
Ainda contribuiu com a criação de um loteamento no lado leste da cidade e que hoje está inserido na geografia local, como pomposo nome de Vila Cel- Brasiliano, onde deu aumento na estada, principalmente dos pequenos proprietários que a partir de 1960 com a explosão do arroz, venderam suas terras e lá se instalaram, como também, a nova gente que chegou, motividada pelo “ouro branco”, plantado em nosso solo.
Homem correto, bonachão, simples, que fez da administração pública um trampolim para ajudar a sua terra e dignificar a ação de seus patrícios e “servindo-a”, sempre pensando em dar-lhe uma retribuição do que havia recebido e nunca se locupletanto do poder, usufruindo vantagens.
BRASILIANO FAUSTINO CORRÊA, orgulhava-se de um dia, ter contribuído para a evolução do meio que administrou e, dentro dos recursos dos cofres da municipalidade, fazendo em sua maneira da dirigir, responder pelos desejos de todos, dando exemplos de respeito e honestidade, num período tão agitado da vida nacional.
Foi um vulto, cuja memória sempre estará no coração de muitos, quando estes se embrenhan nos estudos da grande terra que agora está cumprindo os seus gloriosos 150 anos.

Brasiliano Faustino Correa

 

Residência de Brasiliano Faustino Corrêa



Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br