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Ida Donato Castro
– Quando a Vida é o seu Grande Motivo

O carnaval está passando e como dizia antigamente uma marchinha que hoje não se ouve mais, “e só deixou saudade”... Esta festa de canto e dança sempre teve em nossa terra grandes expoentes que, desde os fins dos anos 80, trafegavam por nossas ruas arenosas em direção à praça Mal. Andréa, encantando com seus carros alegóricos, músicas locais e do Rio de Janeiro, onde fluíam as inspirações dos compositores patrícios e encantavam os trabalhos da gente carioca.
No norte da cidade, um comércio se assentava na saída da Estrada Geral, para ir aos confins da Canoa e Arroito e existia a procurada “venda” a Defesa dos Pobres, do gringo Antonio Donato e ali, numa grande residência familiar dirigida pela belíssima Dona Everilda, esposa, mãe, avó e bisa, vivia a menina, juntamente com uma gama de gente que pontificou em quase todas as atividades da vida municipal, que apresentando uma estampa frágil e pequena, transformava-se naquela gigante que viria a pontuar, por quase um século, em meio a uma vida de alegria familiar, social e que segue sendo uma grande motivação entre todos nós. Esta personalidade é a querida, Ida Donato Castro!
Uniu-se à grei dos Castros e com Rubinho, outra figura admirada, fez par com aquele moço na maneira de ser e de viver: sempre envoltos numa áurea de alegria, ajuda aos necessitados e que depois, pela infalível separação da morte, seguiu sendo a mesma Dona Ida que sempre encanta.
Continua fazendo de seus dotes, um porto seguro para os que estão em volta, sendo um misto de afetividade, trabalho e alegria em todos os ramos em que se faz presente.
“La edad del corazón no está en los años” e é por isso que esta eterna jovem sempre se destaca desde a infância, quando começou a brincar na “pracinha dos Donatos” com seus irmãos, sujando-se no barro e areia da volta, torcendo por seu primeiro time, o Vencedor, para depois, se engajar no verde-negro, fazendo parte de vários “cordões carnavalescos”, como o “Araras”, cujo estandarte bordado em ouro para luzir a cor amarela conjuntamente com o verde, simbolizando o esplendor resplandecente da Pátria, dando exemplo, principalmente quando hoje, em nossos meio, vemos representadas figuras de outras terras, em detrimento das nossas.
Unida ao “baixinho do Dr. Guilherme” criou uma gente que sempre foi destaque na comunidade destes lados do Brasil, fazendo festas, produzindo cantos e semeando uma alegria inconteste e também, dedicando-se a vida a beira-mar, nas barrancas da Barra do Chuí e nesses momentos atuais, fazendo de seu atellier de artesanato, um ponto da convergência dos artistas da terra que trabalham, produzem e encantam com sua obra.
Onde existe uma mostra de arte lá esta a Dona Ida; se procuramos uma ajuda para os necessitados que nos rodeiam, sempre veremos a Dona Ida; se há um movimento de reivindicações, vamos encontrá-la entre as primeiras; se o teatro é motivo de congraçamento, estamos certos que a dama santa-vitoriense está no comando; na política nunca deixou de participar, saída das raízes do Partido Libertador e continua sendo membro das forças vivas da comunidade. E o mais de estranhar, é que na lida das entidades comerciais, estaremos certos que a mão firme se fará presente, como na ACI, no Clube Beira-Mar, no grupo dos Artesões e onde é necessária a sua presença. Possui trânsito livre em toda as entidades, municipais e serve-as indistintamente, onde é recebida com carinho e respeito.
Mas a maior contribuição de Ida Donato Castro para a gente mergulhona é esta ânsia de viver com todos numa harmonia fraternal, semeando o bem, mas acima de tudo, o otimismo, a camaradagem e o respeito que esta grande dama de nossa Santa Vitória do Palmar sabe entregar, dando-nos o exemplo de vida, que na realidade é o “seu grande motivo”.
A história registra esta longeva passagem de uma mulher que segue sendo uma marca e referência nestes bonitos caminhos do sul.

 

Ida Donato Castro deslumbrando no carnaval, acompanhada pelo esposo Rubinho Castro, sua filha Nara, e neto Eduardo (acervo próprio)
A mocinha Ida Donato (do acervo da família Donato)
A jóvem Ida Donato às margens do hoje desaparecido arroio Chuí que não mais passa, lamentavelmente pela frente do balneário (acervo da família)
Ida Donato Castro quando completou 80 anos em sua residência temática, ao lado de Eliane, Álvaro, Nara, Antônio Guilherme e Carmelina, seus filhos (foto Video Color)
A venda a DEFESA DOS POBRES de Antônio Donato (rua Campos Neutrais esq. Gal. Netto (foto da família - recuperação de Sérgio Oliveira da Foto Color)

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br