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NA NOITE INVERNAL O RONCO DO TROVÃO E A LUMINOSIDADE DO RAIO

A PASSAGEM POR NOSSA CIDADE DO GRAF. ZEPPELIN

Era uma noite fria, escura e límpida, onde somente as estrelas permaneciam em nosso céu sulino. Em frente a Farmácia Central, de Francisco Plastina, na rua Mirapalhete, na praça Gal. Andréa, comemorando o dia de São Pedro, em junho de 1934, numa grande fogueira, como sempre era feito naquelas épocas, em cuja volta corria a gurizada, o Élbio Graña, o Fabio Spotorno, a Lígia Petruzzi e tantos outros, que se recordam do momento inisitado. A luz amarelada subia ao alto e os foguetes procuravam homenagear o santo padroeiro do Rio Grande.
Num determinado instante, começou a sair das profundezas da escuridão, um barulho infernal e uma grande luz branca, parecendo que os fins dos tempos estavam para chegar. Era o Graf. Zeppelin, que cruzando a rota Porto Alegre-Buenos Aires, dava uma volta em torno da pracinha do interior e encantou a todos. Não houve sustos, nem pânico, porque o Intendente Brasiliano Faustino Correa já havia comunicado aos seus munícipes que mandara um telegrama ao comandante Hugo Eckner, para que incluísse na passagem estabelecida, esta demonstração de tão importante máquina de transporte coletivo que, por causa de sua velocidade, transformaria a vida dos viajantes, já que, como está transcrito no Liberal de 27 de junho e no de 4 de julho de 34, a nave saiu da Alemanha em 25 do mês em questão e chegou à capital portenha no dia 30. Que progresso fantástico, principalmente para nós que, para chegarmos ao Chuí, gastávamos mais de 4 horas de recorrido!
Eram 19,35 horas quando a população assistiu tão importante ação aérea.
Nos arredores do povoado muita gente encontou-se com o feito e o menino Júlio Garcia, no lado norte da cidade, comtemplou o feito e não esqueceu jamais. Em dias seguintes, ficaram todos esperando a volta do dragão voador e o mesmo passou, pela manhã, no lado leste da cidade, nas imediações de Geribatu, sendo visto por muitos, inclusive, tanta gente procurou os locais mais altos dos prédios para presenciarem o instante.
Muitas conjecturas surgiram por causa de tão insólita visão. Uns, afirmavam que o chefe da aeronave teve sua atenção chamada pela fogueira do Chico Plastina, outros, se referiam ao fato de que o inventor do barco voador, Conde Von Zeppelin e que era amigo de Manoel Duque de Auch, teria solicitado que fizessam esse caminho para homenagear o imigrante alemão que residia aqui. No entanto, o pedido do Intendente Municipal, seja a mais importante causa do desvio importante, aliás, nem tanto, por que nos encontramos a meio caminho do destino do Zeppelin.
Um mergulhão, como sempre, um de nós, Geraldo Rossumano fez a viagem desde o Recife até o Rio de Janeiro nesse dirigível e graças a gentileza de sua filha Moema e sua sobrinha Flora Castellano, pôde-se tirar dados relativas a ele, como projeto, potência, rota, a parte de cômodos e a vida social durante a viagem. Este conterrâneo soube sempre explicar como era a vida a bordo de tão importante meio de comunicação.
Este foi um dos momentos mais destacados acontecidos nessa década de 30 e que impactou nossa comunidade inteira, onde ninguém ficou indiferente ao ato visto nos céus de Santa Vitória do Palmar. Pelo inusitado de que o Graf. Zeppelin, passou por aqui, por um pedido de Brasilino Faustino Correa ou que teria mudado a rota para saudar um gran amigo e conterrâneo do criador na nave, Duque de Auch, mas muito mais do que isso, foi uma dádiva do acaso e da diligência de muitos protagonistas que fizeram com que, nossa gente haja visto no céu de nossa terra, o aparecimento de um objeto que ficou, para sempre na memória de todos.

Agradecimentos às srtas. Moema Russumano, Flora Castellano, Reinold Corrêa, o Nono e mais, aos assistentes daquele instante.

 

Graf. Zeppelin quando sobrevoava Porto Alegre.

 

Sobrado de Francisco Plastina onde na noite de 29/06/34 foi feita a fogueira que a circundou o Zeppelin


   

Comandante Hugo Eckner, que além de dirigir a aeronave, a construiu

 

Conde Ferdinan Von Zeppelin

 

Geraldo Russumano que viajou na rota Recife
Rio de Janeiro quando de sua passagem por aqui, em demanda a Argentina.



Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br