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QUANDO UM TÉCNICO EM ELETRÔNICA TORNOU-SE UM MERGULHÃO
HAMILTON PEDROSO

Corriam os tempos dos anos 30 com grandes evoluções na área da eletrônica e onde os rádios à válvula imensos e poderosos, que duravam a vida inteira, com suas possantes baterias supridas de energia pelos “cata-ventos”, os nossos conhecidos “carregadores” para depois, com a capacidade inventiva de João “Gibigegue”, motorista do médico Amaranto Coutinho, tornou-se um “expert” no setor e Paulo Guerra que veio de Lascano, via Jaguarão, para demonstrarem suas inclinações e dando mais esta onda de progresso, carregadas com motor à gasolina.
O Cine Theatro Independência fundado na mesma década, passou a demonstrar grandes inovações e entre elas, a mais sedutora, que foi o advento do “filme sonoro”, que hoje a gurizada com tanta tecnologia, há de achar ante-diluviano o fato dessas conquistas.
Era arrendatário desse local o grande empresário dos transportes, José Benito de los Santos que fez do cinema uma nova atração realizando suas aspirações comerciais. Para capacitar a projeção nas telas da via sonora, contratou desde a cidade de Rio Grande um jovem especialista nesse trabalho e que era dado, também, no setor dos contatos na eletricidade, principalmente na arrumação dos receptores que naquele tempo começavam a ser, além, de motivo de entretenimento e informação, uma razão de “status” social e financeiro.
Uma família média, rica ou postulante ao acesso no meio era “chick”, possuir um rádio, mais o “carregador”, que exposto em lugar visível, anunciava que o dono deles era agora um cidadão de porte avançado ou melhorado.
José Santos trouxe esse indivíduo que começou a fazer parte de nossa vida, conhecido por Hamilton Pedroso e que mais tarde era identificado como o Pedroso do rádio, já que, por aqui, também, vivia outro Pedroso, o calceteiro e dono de bar que já foi retratado neste espaço, junto com seu concunhado, o famoso “Enterrado Vivo.”
Era um homem muito afável, o Hamilton, dedicando-se a “passar os filmes no cinema” e como especialista nos consertos dos aparelhos comentados e viver no centro na Livraria Apollo e no Café Central.
Mais tarde voltou-se a transmissão na confecção das emissões radiofônicas, nos conhecidos “rádio amadores”, onde o mesmo em sua residência na esquina das ruas Mirapalhete com a Don Diogo de Souza, instalou uma base e era comum vê-lo, principalmente quando a cidade era abastecida pela energia elétrica durante o dia ou então, varava as madrugadas comunicando-se com vários pontos do planeta.
Sua voz, forte e sonora, antes do aparecimento da Cultura, quando tornou-se assistente técnico da mesma até a sua morte, era motivo da atenção de muitos notívagos, juntamente com outro aficionado, este no interior, que era o pecuarista Arlindo Zareti e mais tarde, aparecendo mais seguidores, entre eles, Elias Suaya, Edi Castanheira e Fernando, da Tabacaria 007 e mais alguns, principalmente com o advento do arroz em nosso campo. Foi um momento de comunicação que somente nos últimos anos deixou de ser importante, pois, o telefone celular ocupou esse espaço.
O Rádio Amador do Pedroso era uma segurança nas comunicações numa comunidade tão carente de contatos para fora e interior do município. Em momentos de alegria, mas principalmente, nas necessidades mais urgentes, lá estava o Pedroso para fazer a comunicação necessária.
Mais tarde, foi o técnico que possibilitou o funcionamento do Serviço de Auto-falantes, a Voz dos Palmares que desde os altos do Cine Theatro Independência transmitia aos “parlantes” postados na esquina da Barão do Rio Branco com a Mirapalhete, em frente ao hoje salão de beleza Sayonara na esquina do hotel do Duque Auch, depois, loja de Ibhrain Boabaid e posteriormente, o Bar Tabajara e mais ao leste, na esquina da residência do médico Flor Amaral.
Outra atividade muito a gosto de Hamilton Pedroso era a assistência dada às orquestras da cidade. Primeiro, para o “Jazz-Band” de Darci Blotta, mais tarde na orquestra de Darci Blotta, depois na orquestra de Humberto Rodrigues e posteriormente, na orquestra do Selo, Lua Nova e outros.
Quando chegavam aqui os conjuntos musicais de outros locais lá estava esse cidadão dando cobertura com o seu sistema que agora chamamos de som, em momentos políticos. Nas festas esportivas, principalmente futebol, comparecia torcendo ardorosamente para seu Esporte Clube Rio Branco.
As noitadas musicais e de festas sempre podiam contar com esse nosso conterrâneo por adoção vindo da Noiva do Mar e que aqui constituiu família com a senhora Juanita Pontes, uruguaia, irmã dos conhecidos Omar, Odil e Maria Cândida Pontes.
Hamilton Pedroso, depois de um longo tempo de permanência entre nós somente saiu daqui devido a uma pertinaz enfermidade que o levou à morte.
Este cidadão encheu de suaves sons as Terras Palmarinas e que, tenho certeza, merece uma sentida lembrança pela sua passagem por estes rincões do sul do Brasil.

Pedroso tendo à esquerda a esposa Joanita Pontes e a direita Maria Cândida Pontes Naparo (Gentileza Raynold Corrêa – o Nono).
Hamilton Pedroso a direita numa rua de Montevidéu acompanhado pelo “Turco” Ramão Suaya e o “Gringo” Rafael Trotta. (Foto do acervo da família Trotta num oferecimento de Elci Trotta).
Hamilton Pedroso primeiro da esquerda num fim de baile dando assistência a orquestra do Selo no Hermenegildo lendo o LIBERAL, no Clube Recreio dos Veranistas. Foto cortesia Olavo Marzullo.
Residência de Pedroso e Joanita na Rua Don Diogo de ouza esquina Mirapalhete (seta), (Foto de Chico Almeida de 1929 – Recuperada por Sérgio Oliveira – Foto Color).

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br