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OLINDA MOLINA – TIPO CARACTERÍSTICO DE NOSSA TERRA – DETERMINAÇÃO E TRABALHO

 

Perambulando por nosso interior e vivendo em nossa cidade, encontraríamos uma figura, que em qualquer lugar do mundo, chamaria atenção, a TROPEIRA OLINDA MOLINA.
Vestidas com roupas masculinas, sempre gauchescamente, de bombachas, chapéu de abas largas, poncho campeiro, com uma faca e um 38 na cintura e o inseparável lenço vermelho, reverenciando a tradição Farroupilha.
Esta mulher possui uma história invulgar, sempre com inclinações femininas, mas de jeito rude e másculo, por força de seu trabalho nos meios rurais.
Contam na tradição oral, que OLINDA MOLINA, com um lar formado, por força do descaso do marido que, não sendo muito dado ao trabalho e gostando muito de uma cachaça, despertou a ira nessa mulher que, abandonando-o, foi continuar à testa dos negócios, cuidando de seus poucos haveres, como algumas vacas e cavalos e preferencialmente, no trabalho que ela achava que teria pendores para tal, como TROPEIRA.
Graças a retidão nos afazeres e na responsabilidade que aplicava nos seus atos, conseguiu viver numa zona cortada pelo riacho, mais precisamente, na rua Saldanha Marinho, entre a Mirapalhete e a Deodoro, ligada a ponte colocada nesta via.
OLINDA MOLINA, construiu sua modesta residência com restos de cartões, madeiras velhas e telhas de zinco e postou-se no outro lado do curso da d´água. Para chagar até lá deveria-se passar por uma pequena pontezinha, gesto que também os animais do tambo e seu tordilho, passavam a noitinha e abrigavam-se da chuva e do frio. Para contatar com ela deveria-se pedir permissão para a travessia e que ela, com uma cara “mal-encarada”, deixava chegar aqueles que lhe eram simpáticos ou os que necessitavam de seus serviços.
Quantidade de anedotas e contos surgem quando se fala na OLINDA MOLINA e para ilustrar a vida de tão diferente personalidade aqui estão duas. A primeira, narrada pelo sr. Osmar Baes, figura de destaque em nossa comunidade e que dirige, por muitos anos, com eficiência, dedicação e responsabilidade, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Diz ele, ser testemunho que em tempos passados durante um remate na “Pastoril”, como era chamado o Parque do Sindicato Rural, um touro furioso escapou do brete e fugiu em direção ao centro, colocando em risco a segurança das pessoas, em especial dos velhos e das crianças, dada a pujança e fúria do animal. Os homens que ali estavam não se movimentaram, mas ela, que era responsável, na ocasião por uma tropa que ali chegava para ser vendida, acomodou-se no lombo de seu flamante flete e saiu em disparada pela rua agitada e mais ou menos, pela altura da hoje Delegacia de Polícia, num gesto de perícia, enlaçou o animal, postando-o ao chão e que depois, foi conduzido ao lugar dos negócios.
O segundo fato, testemunhado pelo autor desta crônica e seus companheiros de então, que a tarde quando a “guapa mulher”, chegava com seu equino e leiteiras até o local de pouso noturno, aliás, sua moradia, a gurizada ficava esperando que ela se acomodasse, e pediam-lhe autorização para, de caniço, minhocas e anzóis, pudessem pescar no riachinho, alguns jundiás ou pequenas traíras . O local era piscoso porque a turma não o depredava, pelo respeito e até o temor que ela impunha aos meninos. Conforme o comportamento do grupo, a licença era dada, mas um fato curioso, que serviu, também, para demonstrar a sua personalidade. OLINDA MOLINA perguntava-nos como estávamos no colégio e se alguns, que aliás, eram muitos, fizessem uma cara demonstrando dúvida em sua aplicação nos estudos, ela fazia com que os mesmos voltassem às suas casas e trouxessem o “BOLETIM”. Como tudo era perto, retornavam com o material e se por ventura, houvesse uma nota em vermelho, este ficava proibido de atravessar a pinguela e praticar o tão desejado lazer até o próximo mês.
Grande exemplo de OLINDA MOLINA!
Por ocasião da venda do local, essa conterrânea, ainda ajudada pela municipalidade, foi transferida para o lado oeste do cemitério, onde recém começava a ser edificada a Vila Nova, onde veio a falecer.
OLINDA MOLINA, fez o seu trabalho de TROPEIRA por todo nosso interior e mesmo ao Uruguai, onde algumas vezes era contratada para conduzir o gado numa ação de contrabando. Provavelmente ela fôsse oriunda desse pais, mas que atuou aqui, sendo mais uma parcela de trabalho e dedicação que contrubuiu com a nossa riqueza pecuária e engrandeceu as histórias contadas em nossos 150 anos de vida.



 
Oscar Petruzzi na ponte do riácho na rua Gal Osório
 
Outra vista da ponte onde estão o próprio Oscar, sua namorada Lígia e mais os colegas Eda e Dalva Rodrigues, Tereza Peres e o acadêmico de medicina Wolney Rodrigues
OLINA MOLINA vestida a carater gaúcho montada em seu tordilho tendo ao fundo o já retratado cabaret Taça de Ouro e ao lado o jóvem estudante do colégio Gonzaga Carlos Alci Cardoso nos primórdios dos aos 40



 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br