1927 – Ano de Surgimento de Novos
Clubes de Futebol.
Esporte Clube Santa Cruz
Continuamos na senda do desenvolvimento do futebol em
nossa terra, já que esse esporte conquistava o mundo
e os jogadores nacionais eram admirados e louvados em todas
as esferas internacionais. O Rio da Prata desenvolvia essa
prática e isso contaminou nossa gente e muitos uruguaios
chegaram até estas latitudes para praticarem o esporte
bretão e por aqui ficaram, deixando suas presenças
em muitas famílias santa-vitorienses, cujos exemplos
colocamos em crônicas anteriores.
No fim da década de 10 surge efemeramente o Diamantino
e também o Vencedor que apenas tiveram pouca duração,
ofuscados pelo destaque de Vitoriense e Rio Branco.
No dia 20 de fevereiro de 1927 aparece o ESPORTE CLUBE SANTA
CRUZ, criado por um grupo de líricos e boêmios
do meio e que, como de praxe, os vizinhos orientais somaram-se
a esta parte da juventude esportiva.
Liderados pelo incomparável médico Justino
Amonte Anacker, Bolívar Barberena e tantos outros,
esta entidade, além do esporte do pé, destacou-se
por uma tendência cultural e benemérita.
Com uma sede própria na rua Saldanha Marinho, esquina
Gal. Osório, aí promoveu o desenvolvimento
da cultura baseada numa biblioteca que enchia de orgulho
os seus seguidores. Como apoio às obras de ajuda
social, o clube destinava parte de suas arrecadações
de sócios, para a sustentação da Santa
Casa local.
Para demonstrar as raízes platinas, o Santa Cruz,
teve em sua bandeira as cores do Penharol, famoso clube
castelhanos, que eram preta e amarela e que, como seu colega,
o Rio Branco, para homenagear o nosso pais, teve como nome,
um dos primeiros que se chamou a nossa pátria, Terra
de Santa Cruz.
Outra curiosidade desta instituição, é
que o senhor Patrício Marco, proprietário
de uma gleba de terra na coxília sul da cidade, preocupado,
imaginem só, com o perigo que seus filhos corriam
por jogar bola no meio da rua, resolveu doar uma parte dela
e nesse local construir um “campo de futebol”,
onde hoje se encontra o estádio. Foi o primeiro clube
daqui a possuir um campo próprio, porque os demais
foram doados pela municipalidade.
Completando a passagem dessa sociedade em nosso meio e repetindo
que a boêmia e cultura eram apanágios de seus
adeptos, transcrevemos uns versos de Nicásio Garcia
Beriso, fotógrafo que vindo do outro lado da fronteira,
aqui se radicou e deixou entre nós sua cultura, inspiração,
mas muito mais do que isso, um grande laço de amizades
e que somente veio a se extinguir com sua morte.
Já residente em sua querida Montevidéu, enviou
uma foto, que talvez seja de um de seus 2º quadros
(como se dizia então) acompanhada de um simples,
mas significativo verso, onde demonstra todo o seu carinho
pelos amigos e a terra que o recebeu e que muito amou:
DESPUES DE MEDIO SIGLO
Sandalio Santos (pseudônimo de Garcia Beriso)
Esta foto trae unidos,
el milagro de luz,
los tiempos del Santa Cruz,
y mis amigos queridos...
Largos años transcurridos
aunque varien el destino
hoy, en la copla ilumino
a toda esa gente buena;
sobre todo Barberena,
a Nelson y el gran Justino!
Setiembre, 29 de 1982
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poeta Nicasio
Garcia Beriso (pseudônimo Sandálio Santos) |
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2º quadro
do Esporte Santa Cruz nos três anos de 1930,
onde foi possível identificar Bolívar
Barberena “à paisana”, Nelson Vasques
Rodrigues, o goleiro, o back Modesto e o hallf Viana |
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