Uma grande festa para comemorar a Abolição
da Escravatura
Já citamos em outro momento que a escravidão
negra em nosso município não foi intensa,
tanto no trabalho, como em número de escravos, mas
mesmo assim foi dolorosa e triste. A comunidade de origem
africana sempre esteve ao lado dos grupos de elite de nossa
população, pelo seu grande valor e a carência
de mulheres brancas. Houve uma simbiose das etnias, através
do trabalho e do sexo, e dentre outras razões, nossa
sociedade se prestou para também comemorar a introdução
da "mais humana lei já feita no Brasil":
a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel.
No dia 27 de maio, pouco tempo depois da libertação
da comunidade sulina, tendo à frente os maiores daqui,
se organizou e programou grandes festejos condizentes com
a época e uma comissão foi estabelecida, tendo
a testa da mesma o venerando José Soares de Azambuja,
homem de grande destaque no meio e de grandes serviços
prestados a comunidade em que viveu.
Também, formou-se um grupo de "homens de cor",
como se dizia na ocasião, que angariou fundos entre
os moradores e estrangeiros que por aqui passaram. Eles
foram depositados em mãos do comerciante Antônio
Fernandes Loro para que as festividades tivessem brilho
e os negros aqui residentes fizessem a festa tão
almejada para demarcar este ímpar momento pelo qual
passou esta pequenina comunidade do extremo-sul.
As comemorações dentro do espírito
religioso pontificaram-se dentro da Igreja Matriz com desfiles
e cânticos de louvores pelo momento vivido e, supostamente,
colocava os escravos e seus descendentes dentro da comunidade
brasileira, embora até agora esse fato não
se demonstre em sua plenitude.
Aqui então, depois da abolição, festejamos
em conjunto um dos momentos mais sublimes da nacionalidade,
pretendendo reunir, em torno de um ato político,
a fé que nos campos do sul viveram brancos, índios
e negros numa comunhão, repetimos, muito mais humana
e digna que em outras partes de nossa Pátria.
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