UMA NOVA ERA PARA TODOS
- ALVORECER DE 1950
A criação do Ginásio de Santa Vitória
A
história de Santa Vitória do Palmar divide-se
em duas partes: antes e depois do Ginásio de Santa
Vitória.
Com estas palavras o bacharel Cândido Auch Ribeiro
perpetuou o ato que se tornaria na maior realização
dos habitantes desta terra, Profeticamente anteviu tudo
aquilo que iria acontecer por estas plagas, chegando a influenciar
as áreas adjacentes, transformando a fato legal e
político, numa perspectiva de desenvolvimento para
o progresso que tanto esperávamos, num ambiente de
marasmo que a pecuária soe estabelecer, em especial,
graças ao acúmulo de riquezas nas mãos
de poucos que foram privilegiados por doações
de terras desde os idos do Brasil Colônia, com a norma
jurídica das Sesmarias e que passados mais de trezentos
anos demarcou a posse e a riqueza desta região, que
foi inicialmente conhecida na ação dos tratados
de limites que por aqui foram muitos no de Santo Ildefonso,
de 1777.
Era o isolamento geográfico que fez que desejássemos
por sua aparição, isto é, uma escola
de “nível ginasial” como se denominava
e que a criminosa reforma do ensino de 1970, terminou fazendo
com que várias gerações de jovens pagassem
por isso, numa precariedade de conhecimentos, tanto no setor
discente, como dos professores.
É a primeira vez que por estes lados foram deixados
interesses partidários e políticos para fluírem
todos em razão do “bem comum”. Desde
a fundação da Povoação de André,
nunca assistimos uma união tão forte para
estabelecer o grande “Objeto de desejo” dos
Mergulhões, isto é, a fundação
do ginásio.
Santa Vitória do Palmar já havia, embora efemeramente,
possuído um colégio desse tipo, o GIMNASIO
INSTITUTO BRAZILEIRO, fundado em 24 de novembro de 1916,
sob a inspiração do professor Braziliano da
Costa e Silva que já foi motivo de uma crônica
neste espaço, onde teve como mestres figuras exponenciais
da cidade, entre elas, o advogado Manuel Vicente do Amaral
e outras, compondo o grupo, alguns dos mais destacados cidadãos
que possuíam curso universitário, alguns no
exterior.
Sua duração foi breve, mas valeu como uma
contribuição a mais para o caminho do desenvolvimento
sulino.
Voltando à fundação do GINÁSIO
DE SANTA VITÓRIA, estávamos recém saídos
do período da última guerra e na perseverança
de um Juiz de direito, destacado no trabalho anterior, o
bel José Antônio Borges Maciel, a idéia
do aparecimento foi aumentando até que caindo no
seio do Rotary Clube onde o mesmo era militante e provavelmente
seu presidente, passou a ser uma meta a ser perseguida.
Na Loja Acácia Vitoriense, a Maçonaria, é
que o impulso maior foi dado, tendo por grande entusiasta
o bacharel Marcus Melzer, figura que veio para cá
a fim de exercer a sua profissão, onde se aliou às
hostes da UDN( União Democrática Nacional)
partido político surgido após a ditadura de
Getúlio e que estava no Governo local. Foi a grande
força para que o sonho fosse realizado. Lá
estavam também, os grandes líderes desta comunidade,
ansiosos por tal realização.
O Poder Público contribuiu de maneira decisiva para
que surgisse essa escola tão importante na nova realidade
que o mundo estava a viver. A Câmara Municipal de
vereadores, tendo a frente o edil Cândido Auch Ribeiro
uniu-se ao Prefeito Municipal Osmarino de Oliveira Terra
e todos juntos às correntes partidárias, envidaram
esforços e a conquista foi feita.
Em Porto Alegre, no seio Rotary Club e Maçonaria,
estava em grande destaque um professor protestante com curso
nos EUA e Europa que foi contatado e de suas mãos
chegou para nós, vencendo a burocracia enorme de
então, a licença para que o Ministério
de Educação do Rio de janeiro desse o sinal
verde a aquele dedicado pedagogo que estando lá,
teve, pela urgência da “Papelada”, dar
o nome do Colégio que foi aceito por todos, o de
Ginásio de Santa Vitória, que no percurso
de leis e decretos, teve alterada a sua nomenclatura e que
noutro trabalho será comentado.
Novo entrave a ser transposto foi o local para o seu funcionamento,
devido a urgência para que o mesmo começasse
a atuar em 1950, já que aqui não existia um
prédio que pudesse abrigar, pelo menos um centenar
número de alunos, era a casa onde se estabeleceria.
Nesse momento entra com sua dedicação e patriótico
força, a entidade dos pecuaristas santa-vitoriense
que nem chegaram a usa integralmente o edifício que
haviam construído para realizar os seus trabalhos,
a Associação Rural, que hoje leva o nome de
Sindicato Rural de Santa Vitória do Palmar e na figura
do seu presidente, jovem advogado vindo da capital para
aqui atuar na sua profissão, bacharel Andy Emilio
Matte, cedeu o próprio em frente à Prefeitura
Municipal, ficando este, com duas pequenas aulas por onze
anos.
E finalmente, para dar cunho legal a novel entidade, outro
profissional do Direito, Jorge Calvete, assumiu sem ônus
para o município, as funções de Inspetor
Federal que as cumpriu com dedicação e justiça
até a extinção desse cargo em fins
de 1950.
Esta é a primeira parte do histórico breve
de uma Escola que proporcionou o grande progresso em nossa
comunidade e que venceu “as trevas da ignorância”,
como marca o Hino do Ginásio, em letra e música
feito pelo grande mestre paulista que vindo para cá,
nunca mais saiu, Frederico Tancredo Blotta.
Nesse canto ele vislumbra o quê viria a seguir, quando
escreveu “As trevas nós combateremos com um
grande facho de Luz”, o GINÁSIO de Santa Vitória
é a senda que ao Saber Conduz”.
Na próxima crônica será comentada a
realização deste enorme feito de tanta gente
e que mudou a nossa realidade, nestas terras longínguas
que sempre estiveram alertas para o bem da Pátria.
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