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João de Oliveira Rodrigues e Ibrhaim Boabaid uma nova situação política santa-vitoriense
Mudanças na direção administrativa

A partir de 1952 começava outra era na vida política desta terra com a chegada ao Poder Municipal de uma nova filosofia de governar, embora, numa região onde a ovelha e o boi, eram os pontos altos da economia centralizadora de capitais, neste aspecto tudo seguia como antes.
A grande riqueza, espelho atraente de um passado poderoso, fez com que hoje, a pobre, chamada Metade Sul, ditasse as regras do desenvolvimento comercial, tendo como pólos importantes, Rio Grande, por suas indústrias) porto e Pelotas. No entretanto, seguia a pecuária era tudo o que se fazia em volta e onde a “civilização da carne e da lã” fez o esplendor de nossa área fronteiriça.
Santa Vitória do Palmar não poderia fugir a essa realidade, mas a região norte do Estado, com Porto Alegre, já com os olhos virados para lá, debatia-se com a concorrência de nossos irmãos do Prata que, com uma atividade no campo, muito avançada, era um entrave para as nossas realizações.
Frise-se que sempre fomos, infelizmente,vítimas da concentração de rendas nas mãos de poucos potentados, herança dos tempos coloniais, desde a distribuição das Sesmarias e até hoje, não saiu das burras dos grandes proprietários uma ação direta para inverterem grandes somas de dinheiro, a fim de, jogar na economia municipal, para provocar o desenvolvimento que nas datas atuais, são tão necessários, lembrando a máxima que agora começa a tomar vulto “que é mais importante o dinheiro local se sobreponha aos carreados de fora.
De toda essa situação, com o grande prestígio de Getúlio Vargas novamente no poder e com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) fundado por ele, foi-se desenvolvendo no Rio Grande do Sul uma nova política administrativa que veio a desembocar no famoso dogma que foi o “Trabalhismo de Vargas, com Ernesto Dorneles e depois, mais tarde, com Leonel Brisola. Dessa maneira, uma nova era de mudanças chega por todo o território estadual e aqui não poderia ser diferente.
João de Oliveira Rodrigues e Ibrhaim Boabaid, o primeiro, um jovem bacharel em Direito, de origem rural, foi indicado pelo PTB e o libanês, naturalizado brasileiro, grande comerciante que começou sua vida de mascate por nosso interior, saído das fileiras do Partido Social Democrático, o PSD, com a adesão de uma parte deste, derrotou a União Democrática Nacional, a UDN e seu aliado constante, o Partido Libertador, o PL e mais uma parte dessidente do grupo de desgostosos do pessedismo.
Como Joca Rodrigues e o turco Boabaid fica inaugurada uma nova era de desenvolvimento municipal, onde as atenções se voltam para a solução dos graves problemas locais.
Com a fundação da Cooperativa de Lãs de Santa Vitória do Palmar, sob a liderança profícua de Rutílio Russomano, a produção e comercialização do gado ovino e bovino, passou a se diversificar, dando ao pequeno produtor a possibilidade de, aglutinado, ver suas rendas aumentarem, tanto em qualidade do produto, como na afirmação do preço que era negociado em bloco.
O Ginásio de Santa Vitória trouxe uma nova mentalidade cultural e fez com que muitas famílias, principalmente as ricas, começassem a ficar por aqui e os mais desprovidos de recursos, pudessem deixar sua gente entre nós, despejando riquezas por estes lados e não mais, nos municípios vizinhos, com a compra de apartamentos e casas em outras cidades e gastos por lá,inclusive no Uruguai.
Outro grande problema começava a ser solucionado na esfera das comunicações, que foi a abertura da passagem nos banhados do Taim, com a criação dos “diques, lembrando duas figuras que merecem um reconhecimento maior de nossa gente, que foram os engenheiros Clóvis Pestana e Egídio Costa na formação da BR que faria a ligação do norte com a fronteira, embora precariamente, já que as dificuldades dos terrenos dificultava o trânsito e por isso, a mesma foi apelidada da“Estrada do Inferno”.
E por fim, este novo governo começou um trabalho em 1953 que era um dos maiores desejos da população citadina, que foi o calçamento com pedra irregular vinda do cerro de São Miguel e que estabeleceu o ponto de partida para a nossa melhoria viária que com chegada da “Faixa de cimento”, que dotou a nossa rua principal, a Barão do Rio Branco, de um leito firme e seguro que até hoje desfrutamos dele.
O novo trabalho de pavimentação iniciou na via principal, na rua saindo desde a desembocadura da Mirapalhete em direção à Prefeitura Municipal.
Esta dupla dinâmica seguiu seu trabalho com honestidade, num tempo em que os Prefeitos serviam ao seu torrão e com muita tenacidade, provocando obras nunca imaginadas por seus pares. O trabalho deles foi tão forte que, num espaço de um novo quatriênio, conforme preceituava a Constituição Federal de 1946, esse jovem prefeito voltou ao poder sem a companhia de Ibrhaim Boabaid, que havia se transferido para São Paulo.
Uma dinâmica maneira de governar acentada na filosofia de Getúlio, que com seu trabalhismo, dotou nossa terra de tantos benefícios e propiciou que João de Oliveira Rodrigues, o Joca ou mesmo João Grande e o turco Ibrhaim Boabaid dignificassem a terra em que viviam, dando um exemplo de fé nas realizações e soluções de nossos grandes problemas que hoje, os vemos diluídos no grande desenvolvimento mundial, mas lembrados por todos os cidadãos conscientes, que se espelham nos exemplos dos grandes que ficaram na História.

 

O Prefeito em foto atual do 1º período da gestão (foto Color)
João de Oliveira Rodrigues em conferência com o Presidente Getúlio Vargas em Rio Grande no ano de 1953 (acervo do Autor)

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br