SANTA VITÓRIA DO
PALMAR – MOSTRA DE TEATRO NA CIDADE DE RIO GRANDE
Nossa
terra sempre destacada, nas manifestações
culturais, principalmente a partir do século 20,
quando a evolução das casas de espetáculos
já comentadas em crônicas anteriores, evoluíram
desde as apresentações nos palcos com artistas
locais, para, depois, o cinema mudo, tornar-se uma verdadeira
mania entre os espectadores da cidadezinha de pouco mais
de 5 mil habitantes, sem falar, como prova de grande evolução,
da chegada cinema falada (“o cinema falado é
o grande culpado da transformação”.....-
imortal samba de Noel Rosa).
O esporte, que era representado apenas nos jogos de bocha,
osso, rédeas, inculcados animicamente dentre as populações,
principalmente interioranas, viu-se afirmado com a chegada
entre nós, do popularíssimo “Foot-bal”
pratica criada como a conhecemos hoje, pelos ingleses, mas
do conhecimento desde a antiguidade européia e asiática,
sem falar nos povos primitivos da América, em especial
as da Amazônia, quando a bola foi criada com um material
de uso corrente entre os primitivos habitantes, que era
o látex, a popular borracha.
O E.C. Vitoriense, em 1910 começou a praticá-lo
entre os seus membros da sociedade local, na ausência
de outra agremiação, em 1910, para depois,
surgiu o E.C. Rio Branco, em 1912 e seguindo, chegaram o
Vencedor e mais tarde em 1927, o E. C.Santa Cruz e seguindo,
o G.E. Brasil.
Em 1930, como prova da valorização desta gente
sulina, é fundada uma sociedade artística
que foi o marco, o Cine Theatro Independência, que
desde essa data em diante, é o repositário
das nossas maiores apresentações da arte citadina,
tendo passado por seu palco grande gama de valores, tanto
no cinema, teatro, e outras manifestações
do modo de representar. É necessário ressaltar
que essa casa, símbolo da realização
de nosso povo, sempre serviu e continuará a faze-lo
nas mais diversas atrações representativas.
É a casa de todos!
O Teatro sempre foi um manancial de revelação
de valores, tendo como expressão espiritual de um
povo isolado que para a sua diversão, deveria fazer
tudo por ele mesmo, surgindo os grandes “Valores da
Terra”, onde alguns se destacaram fora daqui.
O mais importantes grupo teatral que existiu por estes lados
foi o Grupo Cênico Gomes de Almeida, homenagem a um
dos maiores valores da arte local e que já foi destacado
neste trabalho em crônica anterior.
Teve como de proa, Nardi Azevedo, ator e diretor, Nelson
Vasques Rodrigues, Clara Pinto e tantos que serão
nomeados nesta reprodução do jornal rio-grandino.
O Tempo de 15 de agosto de 1954.
O Tempo comentou ASSI:
Em Rio Grande
Caravana de Amadores de Teatro do Grupo Cênico “Gomes
de Almeida” visitam-nos em beneficio.
Aspecto tirado na ocasião do regresso de Santa Vitória
(Foto)
Viveu Rio Grande durante os dias 9, 10 e 11 do corrente,
dias de festa em sua historia teatral dos últimos
tempos.
O pequeno grupo de atores, que viajando em condução
gentilmente propiciada pela Empresa de Transportes “Atlântica”,
chegou, quase inesperadamente, para apresentar a “Cigana
Me Enganou”, de Paulo de Magalhães, teatrólogo,
patrício, no Cine Teatro “Carlos Gomes”.
Não se compunha de atores profissionais e no entanto
davam a impressão disso.
A renda, não a levaram, como seria de esperar, no
regresso e consideraram como retribuição os
magníficos aplausos dos filhos desta terra.
A reportagem de “O Tempo” pôs-se em campo
quem eram?...
Logo ficamos disso sabedores. O Grupo Cênico “Gomes
de Almeida”, vindo de Santa Vitória do Palmar,
num amplexo intermunicipal cuja extenção não
se pode avaliar, abandonando suas múltiplas ocupações,
deram-nos mão, como amigos e co-estaduanos. A recita
fora em beneficio exclusivo da Escola “13 de Maio”,
cuja professora, a Srtª. Betty Ereias, os convidara
e ao qual convite, acederam de pronto, sendo esta única
missão.
Apresentados ao Sr. Nardi de Azevedo, seu Diretor-Cênico,
tivemos o prazer de encontrar uma pessoa de profunda experiência
teatral, cujas maneiras estiveram nos desde suas primeiras
palavras.
Entrevista de Grupo
Entrevistando-o a cerca de suas ideais cênicas demonstrou,
na enquête, uma versatilidade excepcional no referente
á literatura especialmente teatral.
Um pequeno “bate-papo” e entramos no assunto
que era de nosso interesse.
Componente do Grupo Teatral pousando para reportagem do
“O Tempo” (Foto)
Experiências Cênicas
Já representaram tanto comedia como dramas, incluindo
peças de difícil interpretação
como “A Morte Civil” de Paulo Jacomet, “Divino
Perfume”, de Renato Vianna e a satira “Pé-Rapados”,
de Arnoldo Coimbra, teatrólogo conterrâneo.
Elenco
O elenco de “A Cigana Me Enganou”, como acima,
composto de jovens artistas da sociedade vitoriense desenrolava-se
sob a direção de Nardi Azevedo, como segue:
Nelson Vasques, Poli Serafim Trotta, Tatá, Lucio
Dupuy, Mauro, Dalva Sanchez, Vana, Elba Pinto, Baronesa
de Aguiar, Maria A. Corona, Lia (ou Sulma), Francisco Murzullo
Filho, Conde Bodoski.
Wartello Camejo, Ponto, Vicente Giudice, Chefe de cena.
A impressão foi absolutamente ótima deixando-nos
a certeza de que amadores não só no nome,
pois na essência prima considerados profissionais.
Dessa maneira, mais uma vez, assistimos nossa gente desenvolvendo
as suas potencialidades, dentro e fora destas fronteiras
reafirmando a importância das atuações
coletivas nos palcos, sejam esportivos, como, artísticos,
nas mais distintas manifestações que formam
um corolário de um povo que, mesmo distante geograficamente,
soube apresentar-se em meio a cultura que sempre cultuou.
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Grupo
Cênico Gomes de Almeida em Rio Grande.
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