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UM BRASILEIRO SERVINDO AO PAÍS VIZINHO COM DEDICAÇÃO E AMOR
JORGE CALVETE AYESTARAN “O YOYO”

As comunidades fronteiriças do Chui-Chuy eram de pouco desenvolvimento nos começos dos anos 30 quando em Santa Vitória do Palmar um menino, filho da união das famílias Calvete, do Brasil e Ayestaran, do Uruguai.
Desenvolveu precocentemente sua inclinação artística e declinou-se para o lado do magistério, mesmo sendo autodidata, devido aos poucos recursos para aprimorar sua inquietação e a capacidade na arte do teatro, pintura e tantas outras atividades do ramo.
Começa a delinear as suas inquietações quando, dentro de um coleginho recebe o carinho, principalmente de duas jovens mestras Delícia Ramis e Dada Calvete Rota, sua prima, mas as suas aspirações iam muito mais além de receber as primeiras letras e passa a se desenvolver no seio da comunidade fronteiriça e como do lado de lá as oportunidades eram maiores, principalmente de ter contato com os maiores expoentes da cultura, com Castilhos, Rocha e principalmente de Montevidéu, mais perto do que os quase inalcançáveis rumos de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, o centro da cultura gaúcha e esse jovenzinho bandeia-se para o “lado dos castelhanos” e dessa movimentação afirma-se, primeiro, como homem de reação para o desenvolvimento mental dos seus, com os resultados de sua arte nos desenhos, pinturas, mas a composição de grandes festas com quadros pátrios e deslumbrando arranjos para os bailes e momentos cívicos principalmente no seu querido Liceu do Chuí e no Club Social da localidade.
Mesmo sem formação pedagógica, que veio adquirir depois, começou a trabalhar no educandário maior da fronteira, chegando a ser o ponto referencial nas atividades que envolviam o magistério e o ramo educativo que sempre foi caminho para o aprendizado, as artes.
Esteve sempre envolvido com a música e na sua vanguarda, sendo a clássica, como a regional, o tango e o folclore, mas o teatro foi sua grande vocação e daí advindo à formação anímica, saindo das terras santa-vitorienses, para tornar-se um uruguaio de alma e vida.
Com a ligação com a gente da terra em que nasceu, ora pelos laços familiares ou pela amizade que sempre teve com todos deste lado, fez dos professores de nossa terra e dos literatos e artistas, uma extensão de sua confraternização.
Participou de várias entidades, mas no Rotary Club pode desenvolver o contato que o tornou um cidadão de todos com um respaldo respeitoso da comunidade em que o viu crescer.
“YOYO” como era carinhosamente chamado por todos que privavam de sua sabedoria e dos dotes que demonstrava para realizar as funções que o destino deu-lhe. Atender os movimentos culturais que tanto eram necessários em tão distante aglomeração, num pedaço sem fim de duas nações que sempre estiveram frente à luta para que aqui neste torrão que o viu crescer, fosse um exemplo de paz e cordialidade e para demonstrar num mundo tão perturbado pela 2ª Guerra Mundial e depois, a destutiva Guerra Fria, que a convivência entre gente separada por uma linha imaginária que se estendia desde 1852 em direção leste-oeste. Esse era o seu forte imperativo para que suas funções estivessem sempre presentes.
A cidade de Santa Vitória do Palmar, sempre foi uma atração, em especial, o Ginásio de Santa Vitória, célula, na época, do aprimoramento cultural e cívico da região. O Cine Theatro Independência, templo de aprimoramento das artes e o grande grupo de intelectuais que esbanjavam animações para que tudo que era de sua afinidade pudesse se destacar mais.
Nos últimos momentos de sua passagem por estas fronteiras sulinas, foi um dos diretores do Liceu do Chuy que mais destaque demonstrou e em cuja passagem por sua direção deixou marcada a sua vontade férrea de fazer com que esta gente que se dedicavam principalmente do comércio dos dois paises, fosse, a exemplo de todo Uruguai, uma mostra de que não importa onde esteja o homem, mas que se as oportunidades aparecem, sua passagem por esses meios jamais deixarão de se destacar.
Culminou sua afanosa vida de bom cidadão e de um idealista dentro do ramo que abraçou, bem longe das plagas que tanto amou, pois, quando a morte veio encontra-lo, YOYO, estava, como representante de nossos irmãos orientais, dirigindo na cidade do México, o Instituto Latino-americano da Comunicação e Cultura, lá no extremo norte de nossa América no dia 23 de junho de 1982.
Este brasileiro com coração uruguaio pontificou, desde criança, em todas as atividades em que se envolveu e desapareceu quando se encontrava dirigindo, representando sua terra fronteiriça, uma entidade de destaque mundial, em função dos ditames da Educação.
JORGE CALVETE AYESTARAN, foi um símbolo de tenacidade e fé no trabalho na área, cultural, administrativa. Por sua atuação docente transformou-se no respeitado professor Calvete e para todos que privamos de sua amizade e de seu alto espírito cívico, quando dedicou sua breve existência aos ditames do ensino, mas, sobretudo, o exemplo de cidadão de duas terras, onde sempre fez da amizade, do carinho e da solidariedade, o seu maior anseio, o lembramos com afetividade e simplesmente o relembramos com o íntimo apelido de YOYO.

Foto e informações cedidas por sua prima e companheira de rumos, professora Clair Pinto de Oliveira Torino.
Outros dados colhidos de trabalhos do historiador uruguaio Julio Dornel.

 

Jorge Calvete Ayestaran

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br