OS VELHOS CARNAVAIS –
1939
Noticia o jornal Sul do Estado em sua edição
de 3 de março, do corrente ano, que o carnaval foi,
embora de uma simplicidade franciscana, de muito entusiasmo
e grande animação. Cita velhos “cordões”
e “blocos” carnavalescos que já não
tinham o brilho do tempo anterior, mas que faziam a alegria
da juventude da terra. Aponta os esforços de figuras
que eram destaque em realizações momescas,
como Chico Almeida, Francisco Plastina, Pedro Rotta e ainda
mostra a arte do professor Blotta e do poeta local Dorvalino
Castro, o conhecido Nenito, na confecção das
músicas sobre os grupos, como os Pesados, os Cabeçudos,
Vai ou Racha, As Negras Minas.
Uma grande curiosidade, é que voltando aos tempos
antigos, os grupos de fora, como o bloco da Brigada Militar,
chamado, Boi Vitoriense congregava a turma da farda gloriosa
de nossa força pública. O Arranca, organizado
por dois grandes foliões que por muitos divertiram
nossa sociedade e que foram, Francisco Marzulo, o atuante
Chico Marzulo e Julio Argondizo que, além de carnavalesco,
fez muitas vezes a alegria da gurizada, vestindo-se de Papai
Noel nos bailes de natal do Comercial e Caixeiral. Os Caipiras,
tendo como liderança o carismático Euzébio
Sousa, o Ozebito, que divertia-se principalmente nos bailes
do porto e a turma do iate Acácia, comandados por
seu mestre que fizeram a alegria da zona ribeirinha da Mirim.
A nota ainda fica interessante quando se refere aos bailes
do clube Liame Operário, onde o articulista se expressa
de uma maneira que não ouvimos mais, a de “a
Sociedade dos Mixtos” onde a gente do Vitor Carroceiro
e do citado Nenito, mais a do Ibraim e do Rosa empolgavam
as noites de fevereiro com seu ritmo e entusiasmo.
Ainda destaca a famosa “retreta”, momento musical
acontecido em nossa praça, com a banda musical dirigida
pelo conterrâneo Germano Brayer, chefe do clã
tão importante de nossa terra, inclusive dando-nos,
o atual Prefeito Municipal Cláudio Brayer Pereira.
Mais sobre as festividades apontadas, vemos as alegorias
que foram estampadas em nossa crônica, como já
em fim de atividades do “cordão” os PESADOS,
cuja originalidade marca a presença da mocidade alegre
sob a inspiração do Chico Almeida, trazendo
uns chapéus em forma de cone onde estão estampados
os Kilos que cada um representava e o Arranca, por um barco
que era impulsionado pela força dos moços
e das jovens dançarinas.
E por fim, a nota, com um pouco de saudade, relembra, os
bailes do Chuí que congregavam com os santa-vitorienses,
além de festa no Hermenegildo e Barra do Chuí.
Os carnavais foram passando e as modificações,
como mostrava a nota do jornal da terra, se fizeram sentir,
mas a euforia contageante era o ponto básico dos
três dias e como culminância, víamos
ontem e assistimos hoje, o burbulhar de emoção,
mas sempre o Carnaval deixando um pouco de melancolia, entre
os lanças - perfumes, serpentinas e confetes, uso
imortalizado numa das músicas mais bonitas que a
inspiração carioca produziu para as festas
de Rei Momo, quando a marchinha diz “...CONFETE, PEDACINHO
COLORIDO DE SAUDADE, AO TE VER NA FANTASIA QUE USEI, CONFETE,
CONFESSO QUE CHOREI”........
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Bloco dos Pesados
com sua caracterização do Kilo |
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Os blocos postados na rua 13 de maio,
hoje Barão do Rio Branco, calma e arenosa, vendo-se
o barco citado na crônica acima e outros mais
de difil identificação. |
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