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O FUNCIONAMENTO DO PORTO DE SANTA VITÓRIA DO PALMAR

A maior obra de engenharia até a chegada dos anos 50 foi a construção do porto no sul da lagoa Mirim, dando acesso à nossa cidade onde pretendíamos por fim a tão trágico isolamento que dificultava as comunicações com o Brasil e exterior, e que já estava quase pronta.
O popular “prédio” e o cais entrando pelas águas da maior lagoa internacional do pais, já estavam quase acabados, fazendo com que o transbordo de carroças para botes e dai aos iates e vapores chegasse ao término. Os escritórios do órgão federal de navegação já começavam a mudar-se para lá, embora incipientemente passavam a funcionar. Duas figuras que comandaram essas agências e que com ela chegaram até o fim das suas atividades, foram os srs. José Azambuja, jaguarense de nascimento, mas que adotou animicamente a cidadania mergulhona, quando por aqui residiu por longo tempo, casando-se com uma moça da família Saraiva, descendente dos caudilhos Gumercindo e Aparício e aqui nasceram seus filhos.
Outro destacado funcionário que, também, viu o começo e fim das atividades portuárias em nosso meio. Trata-se de Antônio dos Santos que contraiu núpcias com a sra. Vitória e que ainda reside aqui. Homem dinâmico, cordial e prestativo. Vitoriense apaixonado e, ardoroso morador do Hermenegildo.
Em 1948 iniciaram, embora ainda não terminados os serviços de acabamento do empreendimento, os iates e pequenas embarcações a atracar no cais e aproveitar os benefícios que o novíssimo porto proporcionava.
Mas, o que mais chamava atenção dos munícipes, comerciantes e classes produtoras foi quando o Instituto Porto Alegre (IPA) de Jaguarão, veio jogar futebol em nossa terra e o “vapor” numa festa esperada e entusiasta, atracou na nova construção que substituiu o trapiche de madeira.
Mas a grande emoção que tomou conta de todos que se interessavam pelo progresso santa-vitoriense, foi quando, no dia 5 de novembro de 1946 o “Vapor Rio Grande”, o último barco de passageiros que singrou nossas águas de maneira regular, chegou, sendo recebido com grandes festividades e uma parte da população foi até “a praia” para ver o desejado momento que viria a mudar a fisionomia desta comunidade, o quê infelizmente não aconteceu.
O esperado navio estava comandado pelo capitão José Serafim da Silva, e esta embarcação pertencia ao Loide brasileiro e foi recebido pelo Prefeito Municipal, dr. Osmarino de Oliveira Terra, o dr. Derly Kokot, Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, bel. Mario Anselmi, presidente do “Comitê pró Porto e Estrada”, além do eng. Silvio Lima, último técnico que estava a frente de tão importantes construção.
Inaugurava-se o serviço de atracagem com carga e descarga de produtos em trânsito, além de, a chegada e saída de passageiros, agora numa grande comunidade, que pretendia ser.
Mas a vida de nossa gleba mais ao sul teve, também, seus momentos de decepção por que, a Companhia Loide Brasileiro deixou de funcionar com seu barco para cá, embora, os grandes esforços políticos do amigo de Santa Vitória do Palmar, eng. Egidio Soares da Costa que já foi retratado numa crônica anterior e não estando mais no poder o sr. Getúlio Vargas dileto amigo do bel. Manuel Vicente do Amaral ( o velho Amaral como ele dizia) não foi possível manter a linha regular da grande embarcação.
Outro fato que contribuiu para que o Porto não tivesse o movimento esperado ardentemente e que, no pensar da maioria da população, seria a redenção econômica e de comunicações desta Terra, poucos anos depois, também visando o nosso progresso, foi dar passo nos “diques do Taim” e a estrada, hoje, BR471 fez a ligação mais rápida e segura deste ponto com o resto do pais.
As obras do Porto de Santa Vitória do Palmar não chegaram a ser inauguradas, mesmo com a volta ao Poder de Getúlio e este grande empreendimento começou a definhar até chegar num abandono total.
Quando da chegada na chefia do Ministério dos Transportes do deputado federal gaúcho Eliseu Padilha e tendo a frente do município o agron. Arthur Rocha Corrêa, a luta para a reativação do Porto começou a ter um grande impulso, principalmente pelo entusiasmo do eng. José Luiz Azambuja, sobrinho de José Azambuja, já comentado aqui. Foi feita uma dragagem e direcionadas algumas verbas para a limpeza de um canal de navegação, principalmente no local chamado Sangradouro, onde, na parte norte, o Canal de São Gonçalo desemboca nas águas da Mirim.
Neste exato momento, quando esta a frente da municipalidade o, também agrônomo, Cláudio Brayer Pereira, uma grande chata está transportando balastro de Capão do Leão para nossa terra.
Como o transporte por águas será um progresso nos meios de comunicação no futuro da humanidade, por barato e carregando maior quantidade, estamos convictos que entraremos numa nova era de prosperidade conjugando esforços para o trânsito efetivo de nossa produção.

 
Porto de Santa Vitória do Palmar em construção – foto do autor.
 
Cais pronto vendo-se o novo piso de cimento – foto do auto.r
Navio Rio Grande (vapor) – do livro Ponte Mauá – uma história de Eduardo A. de Souza Soares.
 
Chata carregando saibro (balastro) hoje – foto de Sérgio Oliveira.

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br