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AS MARAVILHAS – O BALNEÁRIO SANTA-VITORIENSE DOS URUGUAIOS

Corria o ano de 1943 e o sr. EUZÉBIO IZABELINO BERMUDES, de família tradicional da fronteira, adquire de Ricardo Lopes, uma considerável fração de campo (470 hc.) cujo limite leste chegava até o oceano Atlântico. Homem de visão nos negócios, resolveu aproveitar a área litorânea, que se considerava improdutiva na beira do mar, para transformá-la em um lugar de banhos, como se dizia por aqueles tempos e para isso, aproveitando a estada de seu filho Leão Bermudes que prestava o serviço militar obrigatório na cidade do Rio Grande, deu-lhe a incumbência de legalizar os terrenos citados em órgão oficial da marinha Brasileira, que erroneamente se dizia “terrenos da Marinha”. Mas as dificuldades naquelas repartições eram enormes e caríssimo o fato de produzir ai um loteamento dos terrenos, a fim de, vendê-los, principalmente aos vizinhos orientais que sempre gostaram da vida à beira mar. Por isso, ao lado de um riacho que corre desde s limites das areias, foi edificando ranchos que foram vendidos a todos que se propunham a possuir uma casa de veraneio não muito longe do luxuoso e caro balneário da Barra do Chuí, num ponto invejável em cima das alterosas barrancas e banhado em quase toda sua frente pelo arroio Chuí, que agora, por uma desgraça, crime ecológico, ficou prisioneiro de dois molhes numa ação bi-nacional e que, por não ter muita extensão, para quase nada serve.
Foi-se a grande beleza natural hídrica do lugar!
A pequena povoação balnear chamada AS MARAVILHAS, começou a receber um grande número de turistas e desse modo, foi crescendo juntamente com as outras duas, a Barra do Chuí, a 4 km em direção ao sul e 9 km, mais ou menos para o Hermenegildo, a estação dos moradores de menos posses que residiam na cidade de Santa Vitória o Palmar e mais, os habitantes das redondezas que eram conhecidos como os “de fora das areias”.
O nome era sugestivo, pois na amplidão da costa sulina, era realmente uma maravilha, porque as casas, além de estarem muito perto do mar, o agrupamento possuía uma amplidão, tendo como limites, dois riachos que deram uma fisionomia própria a tão aprazível rincão.
Leão Bermudes de volta do quartel ficou integrado nos serviços pecuários do pai, mas inclinado na sua organização e assim foi crescendo o balneário que enfeita a paisagem marinha. Na parte norte, à beira do riacho, num campestre verdoso levou para lá uma carreta onde estabeleceu a sua residência que ainda marca o local.
Com recursos familiares foi construído quase no meio do “acampamento”, um prédio de um andar conhecido como o primeiro sobrado da orla e feito de alvenaria, desmistificando a hipótese de que no terreno arenoso as casas deviam ser de madeira ou faxina. Foi o ponto de encontro dos turistas que não possuíam residência no local e também servia de ponto de festas principalmente dos bailes e saraus para abrilhantar as noites daí.
A direção primeira do estabelecimento foi entregue, também, a Leão Bermudes que revolucionou a maneira de estar no mar, atraindo grande quantidade de veranistas que lotaram estas paragens.
Mais tarde, agora não mais ao lado da costa é erguido um clube tão necessário naquela época e seus bailes ficaram famosos porque aglutinava as famílias do lugar e recebia caravanas da Barra e do Hermenegildo, transportadas pelo útil e inesquecível “Gostosinho”, nos inícios de 50, que era o ponto de ligação delas, viajando pela costa.
Muita gente chegava do Uruguai e da Argentina, sem falar de localidades brasileiras e ficou famosa a figura serena do médico dr. Rice e sua família, dos trabalhadores que executavam as obras, como o Chico Louco, Pedro Grigoletti, José Pires, que fazia os tijolos no outro lado do areal, e alguns veranistas que agora transcrevemos sem a preocupação da ordem cronológica da chegada, como os já citados, mais o sr. Mario Dias e a professora Ostília Cúrcio, sua esposa e a jovem consorte do promotor público Olmiro Plácido Marchiori, Corinto Viana e a professora Neli Portaluppi Viana e seus irriquietos filhos, Roger e Corintinho. Cabe destacar a figura Vitor Rota Rodrigues, mais de da. Eni Grigoletti, a família Amarillo e suas bonitas donzelas e tantos outros.
O Clube das Maravilhas teve como ecônomo o mesmo Leão e mais, Tarcílio Corrêa, mas ainda deve-se ressaltar que no lado norte foi construído quase na costa dois grandes ranchos de palha e que dentro foram construídos enormes tanques que serviam para receber os mariscos e qualificá-los para depois, transportá-los através da foz do Chuí para os hotéis orientais, ajudando com essa prática, extinção desses moluscos tão procurados.
Depois, já na década de 60 com a evolução da Barra uruguaia e brasileira, a construção de uma travessia nas areias que levava ao Hermenegildo e principalmente pela falta de registro dos terrenos (informação do sr. Leão) e principalmente, a inexistência de uma estrada litorânea, mais os benefícios de luz, água e telefone, este recanto maravilhoso começou a definhar e suas casas transformaram-se em ruínas, mas agora, um grupo de abnegados veranistas, principalmente moradores do Chuí, tendo a frente Marco Antônio Barbosa, Diego e José Mena, Volnei dos Santos, Gilnei C. de Aguiar, Daniel Gutierres e tantos outros, estão empenhados em dar uma nova dinâmica em toda a povoação. Trativas junto à Prefeitura Municipal de Santa Vitória do Palmar e com o apoio logístico do Chuí, mais a atenção do governo do Estado do Rio Grande do Sul, querem fazer reformas desse recanto uma verdadeira MARAVILHA.
Junto ao sol que bate, o vento que perfuma e a paisagem que encanta, teremos mais uma opção de lazer durante todo o ano nestas plagas, provocando tantos melhoramentos, nos locais de repouso e lazer.
Do sonho de Euzébio Izabelino Bermudes o encantamento de toda uma grande comunidade na fronteira sul.

 

Hotel AS MARAVILHAS onde começou o balneário vendo-se a família de Leão Bermudes e junto a Elza e o bel. Leão, um dos líderes da comunidade do Chuí.
Vista aérea tirada pelo Governo Estadual por ocasião da grande enchente de 1958 quando destruiu algumas casas em frente a orla marítima e praticamente toda a linha da costa em frente ao balneário do Hermenegildo.

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br