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GUILHERME CASTRO – UM INTERVENTOR DIGNO E RESPEITUOSO

 

Dizia o bel. Andy Emílio Matte, referindo-se ao interventor nomeado pela ditadura Vargas, através do governador, também indicado pelo poder central, Ernesto Dorneles, que o “dr Guilherme era o Papai Noel dos Interventores”.
Por que apresentava o nosso prefeito municipal como a figura religiosa de um senhor bondoso? Era que o mesmo havia substituído outra grande figura santa - vitoriense que, apesar dos pesares, sem representação popular, o bel. João Dêntice, que ficou na memória de seus concidadãos e que já foi motivo de uma anterior crônica, narrando a sua intenpestiva saída da chefia do governo.
É que o dr Guilherme Castro soube, mesmo com os poderes discricionários que tinha em mão, respeitar os seus comandados e os tratava com dignidade, acima de tudo. Também, marcou a sua atuação, que teve até o fim do governo totalitário, pela cordura que proporcionou e que por isso, até hoje, é lembrado com carinho, respeito e sobretudo, amizade.
Este homem público, da estirpe dos Castros, tinha como herança, a política em seu sangue, já que era o sucessor do grande administrador José Bernardino de Souza Castro. Foi um dos primeiros profissionais da área agronômica que recebeu o diploma na faculdade de Agronomia de Pelotas.
Mesmo com as dificuldades da época, como a crise de 1929 e a 2ª guerra mundial, que abalaram as economias do planeta e que não poderíamos ficar imunes a ela, quando nossos produtos principais, a lã, a carne e o couro, sofreram o impacto brutal dos ataques nazistas no Atlântico, onde nossos navios eram bombardeados para não abastecerem os aliados, o trabalho administrativo seguiu em frente.
Sua maior obssessão era com o calçamento da cidade, com o andamento das obras do porto e a ligação da Barra do Chuí brasileira, com a uruguaia. Para tanto sempre teve apoio de um embaixador patrício, que foi Batista Luzardo. Outra meta de sua administração, a melhoria das comunicações interiorâneas, de péssimas condições e sua luta maior, foi colocar em funcionamento, a grande conquista da terra, o colégio Elementar que, inaugurado por Osmarino de Oliveira Terra, estava fechado por falta de mobiliário e professores, em maior números, pela magnitude do estabelecimento. Neste último evento, teve ajuda incansável de um dos maiores educadores que o Rio Grande do Sul já possuiu, o prof. Coelho de Souza. Em sua gestão iniciou suas atividades em nosso território, VARIG.
Além dessas atividades políticas, teve ele um grande entusiasmo nas melhorias de nossos rebanhos, sendo inclusive, presidente da Sociedade Agrícola Pastoril e Industrial que sempre ditou os rumos de nosso desenvolvimento.
Sua atuação mais interessante foi saber administrar uma comunidade isolada, num momento bélico de grandes dificuldades e possuir a visão esclarecida de ser um parceiro de nossos vizinhos e de procurar sempre o apoio das autoridades castelhanas para de lá pudessem chegar, a pedra que sempre nos faltou, mas mais do que isso, com todos, unidos por um bem maior.
De uma honestidade a toda prova, soube ser parceiro na vida econômica ruralista, atuou dentro de nossa sociedade recreativa e também,saiu da chefia do governo municipal sem mágoas e deixou uma réstea de tolerância que lhe grangeou um respeito até o fim da sua vida. Morador, primeiro, na casa vetusta na Barão do Rio Branco, onde hoje é a fundação Bernardina Arnoni, para depois, alegando necessidade de sossego, residiu na rua Conrado Alves Guimarães, onde veio a falecer.
Sempre para todos os munícipes, foi salutar vê-lo passar, com sua estampa pequena, educado, retirando o chapéu, em cortesia, para todos é nós, os meninos do Colégio – Elementar, o tínhamos como referência, por suas atitudes de um homem correto e bom.
Dr. GUILHERME DE SOUZA CASTRO, foi um exemplo de que, homens com essas atitudes, podem dirigir uma coletividade em momentos de crise, como foi o período Vargas, respeitando a todos, mesmo de filosofias contrárias, sempre esteve acima das acirradas querelas partidárias e por isso, ficou entre nós, como bandeira que todos devemos seguir nesta terra de 150 anos.



 

 
Guilherme de Souza Castro - do acervo da família
 
Convite da municipalidade para o banquete em homenagem ao interventor estadual Cel. Osvaldo Cordeiro de Farias quando de sua visita a esta terra - cartão do acervo da família
 
Guilherme Castro num bote, saindo do vapor Rio Grande acompanhando a comitiva do governador Cordeiro de Farias, para chegar a uma diligência e dai para a cidade - acervo do pesquisador Rubens Carrasco

 



 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br