Quem somos
Coberturas
Notícias
Revista
Entrevistas
Enquetes
Arquivo
José Golgerci
Políbio Braga
Colaboradores
Zero Hora
Correio do Povo
Diário Popular
O Globo
Gazeta Esportiva
Clima Tempo
Weather Channel
UFPel
Tempo Agora
Banco do Brasil
Banrisul
Bradesco
Caixa Federal
Santander
Secretaria Fazenda RS
Receita Federal
Proc. Geral da União
TRT
TRE
INSS
Detran-RS
Consulta CEP
Lista Telefônica
 
 

LIVRARIA APOLO – O CENTRO CULTURAL E DE INFORMAÇÕES DA CIDADE
JOÃO LUIS – HOMEM QUE SERVIU A ESTA TERRA

Corriam os tempos de 30 e grandes mudanças aconteciam no mundo. Progresso vertiginoso nas comunicações, na indústria e também, agitação política que veio a desembocar nas grandes movimentações doutrinárias, políticas e principalmente fez surgir o fantasma da última guerra, tão maléfica e catastrófica.
Nossa cidadezinha continuava no seu marasmo com a riqueza de pecuária, fazendo fortunas tão pouco distribuídas, aliás, razão do nosso lento desenvolvimento, em especial, no progresso material, cultural e das comunicações.
Recebíamos as novidades através de Montevidéu, Rio Grande, Pelotas, além, de uma comunidade de tamanho da nossa, mais que estava mais ligadas ao centros de desenvolvimento, que era Jaguarão, última parada na rota que demandava ao atracadouro das Capinchas, o conhecido Porto de Escorrega.
Por causa desse contato, muitos filhos daquela cidade, foram por estes lados. Uns, como representates militares , outros comerciais e alguns, que para cá se deslocavam em busca de realizações econômicas ou artísticas.
Este foi caso de João Luiz Botto que veio e ficou criando família e um grande círculo de amizades que deixou para sempre.
João Botto, como era conhecido, grande boêmio, músico excepcional, tocador de bateria e que desembarcou na Mirim com a orquestra do maestro Carmelito contratado para animar bailes e fazer apresentações, em particular no Café Central, do árabe Elias Squeff.
Aqui passou uns tempos e apaixonou-se por Eli Rodrigues de um clã tradicional do meio e contraio matrimônio para formar sua vida familiar e profissional . Recebeu ajuda de seu cunhado Nepomuceno La Rosa que possuía uma livraria na cidade localizada do outro lado da Mirim e fundou outra em Santa Vitória do Palmar com o mesmo nome já usado, Livraria Apolo.
Foi, concerteza, a única casa do ramo que aqui frutificou e além da venda de livros, muito poucos na época , teve a participação de produtos escolares e de armarinho . Estava estabelecida na rua 13 de Maio, depois ,da Barão do Rio Branco, entre as vias Mirapalhete e 7 de Setembro e cujo edifício ainda se encontra da mesma forma que fora naquele tempo, somente com cores distintas, já que agora existem dois estabelecimento localizados nele.
Mas, o quê mais impactou essa comunidade e que naquele lugar de cultura foi que João Botto aproveitou para que o espaço fosse um centro de conhecimentos e mais ainda, quando havia uma notícia importante, aviso chegado pelo telégrafo, o telegrama era afixado num pequeno ‘’quadro negro’’, colocado em frente a vitrine, este atirava três foguetes e toda a comunidade sabia que se o estrondo não fosse por causa de futebol, carnaval, leilão ou outras festas raras na cidade, estava comunicando a notícia que era de interesse geral.
Depois que veio o ‘’ Serviço de Auto-Falantes, A Voz dos Palmares’’, e na década de 60 a Rádio Cultura , este sistema começou a não ser procurado e desapareceu.
Nos idos de 1950 quando foi fundado o Ginásio de Santa Vitória do Palmar, os alunos que faziam o seu recreio na praça, davam uma esticada até o correio e a Livraria de João Botto e ali faziam as suas reuniões.
Este dedicado homem de negócio foi sócio, justamente com Otávio Benno Sttiger do Cine Theatro Independência por largos anos.
João Luiz Botto, enviuvando muito cedo, novamente, contraiu núpcias com a Sra Aida Botto. Era cidadão de grandes amizades , um desportista dinâmico e sempre esteve junto com seu querido Rio Branco e voltando para as causas do Hermenegildo.
Foi um símbolo entre nós e vulto imprescindível dentro da Faixa, das noitadas artísticas e do contato com todos que perambulavam pelas nossas ruas centrais que, como disse o poeta, ‘’ a gente estava sempre a se encontrar’’;
Ainda está na memória de muitos o ponto destacado da Livraria Apolo, com a figura carismática de seu proprietário, mas acima de tudo, de homem que amou esta Terra, que fez dela bem eu seu coração, o local onde reunia pessoas de todas as classes, para discutir futebol, comprar um livro, material escolar, mas acima de tudo, distribuindo as mais preciosas e imediatas informações que carecia a nossa gente em tão longos tempos de isolamento.
João Luiz Botto o proprietário da Livraria Apolo dedicou a maior parte de sua vida as causas de nossa Terra com o som de sua bateria, seus foguetes anunciadores e a grande vontade de ser mais uns dos ‘’Grandes Mergulhões que, vindo de outras plagas, se tornou nosso conterrâneo de adoção.

 

Dois momentos da rua Barão do Rio Branco vendo-se a direita a Livaria Apolo (da esquerda em fins de 1940 e da direta julho de 2007) (a primeira foto é uma cortesia da pesquisadora Lígia Spotorno Petruzzi e a segunda do trabalho do fotógrafo Ricardo Carvalho.)
 
João Botto recém casado com Eli Rodrigues acompanhados de uma amiga em frente a Livraria Apolo. (da coleção de Lígia Spotorno Petruzzi)
João Botto a frente cercado por Fábio Spotorno, Clóvis Teixeira, professor Dorval e ao fundo Lolota Correa no balcão do bar Tabajara nos de 1950. (propriedade de Fábio Spotorno)

Correção em tempo: Graças a informação do atento amigo Clóvis Ferreira, grande marcineiro e músico, fazemos a correção da crônica sobre a Taça de Ouro.
Onde escrevíamos que um dos proprietários foi Olavo Acunha, leia-se Olavo Camacho.
Fica aqui o acerto no trabalho e a gratidão ao caro Clóvis.

  Homero

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br