LIVRARIA
APOLO – O CENTRO CULTURAL E DE INFORMAÇÕES
DA CIDADE
JOÃO LUIS – HOMEM QUE SERVIU A ESTA TERRA
Corriam
os tempos de 30 e grandes mudanças aconteciam no
mundo. Progresso vertiginoso nas comunicações,
na indústria e também, agitação
política que veio a desembocar nas grandes movimentações
doutrinárias, políticas e principalmente fez
surgir o fantasma da última guerra, tão maléfica
e catastrófica.
Nossa cidadezinha continuava no seu marasmo com a riqueza
de pecuária, fazendo fortunas tão pouco distribuídas,
aliás, razão do nosso lento desenvolvimento,
em especial, no progresso material, cultural e das comunicações.
Recebíamos as novidades através de Montevidéu,
Rio Grande, Pelotas, além, de uma comunidade de tamanho
da nossa, mais que estava mais ligadas ao centros de desenvolvimento,
que era Jaguarão, última parada na rota que
demandava ao atracadouro das Capinchas, o conhecido Porto
de Escorrega.
Por causa desse contato, muitos filhos daquela cidade, foram
por estes lados. Uns, como representates militares , outros
comerciais e alguns, que para cá se deslocavam em
busca de realizações econômicas ou artísticas.
Este foi caso de João Luiz Botto que veio e ficou
criando família e um grande círculo de amizades
que deixou para sempre.
João Botto, como era conhecido, grande boêmio,
músico excepcional, tocador de bateria e que desembarcou
na Mirim com a orquestra do maestro Carmelito contratado
para animar bailes e fazer apresentações,
em particular no Café Central, do árabe Elias
Squeff.
Aqui passou uns tempos e apaixonou-se por Eli Rodrigues
de um clã tradicional do meio e contraio matrimônio
para formar sua vida familiar e profissional . Recebeu ajuda
de seu cunhado Nepomuceno La Rosa que possuía uma
livraria na cidade localizada do outro lado da Mirim e fundou
outra em Santa Vitória do Palmar com o mesmo nome
já usado, Livraria Apolo.
Foi, concerteza, a única casa do ramo que aqui frutificou
e além da venda de livros, muito poucos na época
, teve a participação de produtos escolares
e de armarinho . Estava estabelecida na rua 13 de Maio,
depois ,da Barão do Rio Branco, entre as vias Mirapalhete
e 7 de Setembro e cujo edifício ainda se encontra
da mesma forma que fora naquele tempo, somente com cores
distintas, já que agora existem dois estabelecimento
localizados nele.
Mas, o quê mais impactou essa comunidade e que naquele
lugar de cultura foi que João Botto aproveitou para
que o espaço fosse um centro de conhecimentos e mais
ainda, quando havia uma notícia importante, aviso
chegado pelo telégrafo, o telegrama era afixado num
pequeno ‘’quadro negro’’, colocado
em frente a vitrine, este atirava três foguetes e
toda a comunidade sabia que se o estrondo não fosse
por causa de futebol, carnaval, leilão ou outras
festas raras na cidade, estava comunicando a notícia
que era de interesse geral.
Depois que veio o ‘’ Serviço de Auto-Falantes,
A Voz dos Palmares’’, e na década de
60 a Rádio Cultura , este sistema começou
a não ser procurado e desapareceu.
Nos idos de 1950 quando foi fundado o Ginásio de
Santa Vitória do Palmar, os alunos que faziam o seu
recreio na praça, davam uma esticada até o
correio e a Livraria de João Botto e ali faziam as
suas reuniões.
Este dedicado homem de negócio foi sócio,
justamente com Otávio Benno Sttiger do Cine Theatro
Independência por largos anos.
João Luiz Botto, enviuvando muito cedo, novamente,
contraiu núpcias com a Sra Aida Botto. Era cidadão
de grandes amizades , um desportista dinâmico e sempre
esteve junto com seu querido Rio Branco e voltando para
as causas do Hermenegildo.
Foi um símbolo entre nós e vulto imprescindível
dentro da Faixa, das noitadas artísticas e do contato
com todos que perambulavam pelas nossas ruas centrais que,
como disse o poeta, ‘’ a gente estava sempre
a se encontrar’’;
Ainda está na memória de muitos o ponto destacado
da Livraria Apolo, com a figura carismática de seu
proprietário, mas acima de tudo, de homem que amou
esta Terra, que fez dela bem eu seu coração,
o local onde reunia pessoas de todas as classes, para discutir
futebol, comprar um livro, material escolar, mas acima de
tudo, distribuindo as mais preciosas e imediatas informações
que carecia a nossa gente em tão longos tempos de
isolamento.
João Luiz Botto o proprietário da Livraria
Apolo dedicou a maior parte de sua vida as causas de nossa
Terra com o som de sua bateria, seus foguetes anunciadores
e a grande vontade de ser mais uns dos ‘’Grandes
Mergulhões que, vindo de outras plagas, se tornou
nosso conterrâneo de adoção.
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