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BANCO DO BRASIL


CHEGADA EM TEMPO DE CRISE – ORESTE PATELLA – TRANSPORTE DO DINHEIRO

Volto a bater na mesma tecla: nossa terra sempre teve grande progresso durante os momentos de maior crise, seja na vida política, como na ditadura de Getúlio Vargas e na econômica, durante a queda da bolsa de Nova Iorque e a 2ª Guerra Mundial. Isto não nunca foi uma especialidade local, mas, sim, entre todas as sociedades, desde os primórdios tempos do desenvolvimento da humanidade.
Oreste Patella, forte comerciante, ligado à Associação Comercial, lutou, junto aos amigos do Banco do Brasil de Pelotas, para que por estes lados, fosse criada uma agência do grande representante oficial, já que funcionava entre nós, o Banco do Estado e o da Província, mas precisava a chancela dessa aglomeração creditícia, para impulsionar a nossa economia.
A produção santa-vitoriense, pujante, embora o momento mundial, baseava-se na pecuária e nos fins de 30, começavam a aparecer as primeiras plantações intensivas de arroz, em Curral Alto e depois, em São Miguel. A comida era o ouro que movia as transações comerciais para abastecer a faminta Europa destruída pela sandice da luta armada.
Este homem de visão conseguiu o seu intento e em fevereiro de 1943, aqui se fundava a filial do BANCO DO BRASIL, e o mesmo construiu uma casa apropriada para que ele funcionasse na rua Barão do Rio Branco, quase na “curva da faixa, lá nos Patella”, moderna e toda gradeada para desfrutar de segurança. Ainda agora, a habitação ai está, praticamente, da mesma forma que foi feita.
Com o apoio do gerente atual Evandro Domingues e do gerente adjunto, Telmo Estrela, passamos a retratar a instituição.
Na foto nº 1, vemos os primeiros funcionários que se instalaram em nossa cidade: 1 – Celso Sefrin – contador; Cadaval – inspetor e Aristeu Veiga – gerente.
No retrato nº 2, temos a habitação comentada, estando a sua frente Celso, Aristeu e da. Ismênia, esposa do gerente. Posteriormente a instituição mudou-se para o centro, na mesma rua principal, entre a 7 de setembro e Osório, ao lado da Ótica Lira e finalmente num grande prédio moderno na 7 onde ainda hoje está. Local suntuoso que abrigava quase cem funcionários onde exercia seu trabalho uma grande gama de conterrâneos, saído de nossas escolas, principalmente a de Comércio Santa Vitória do Palmar. A modernização eletrônica reduziu essa gente e o mesmo ficou grande demais e por isso, foi uma parte vendida à Prefeitura Municipal para ali instalar seus serviços que a cada dia que passa mais se expande.
Está, dessa maneira, retratada uma época da vida da instituição de crédito, aliás, a mais importante do país, mas não poderia deixar de contar uma passagem interessante dos primeiros dias do B.B., na informação do primeiro funcionário santa-vitoriense, que foi o hoje, pecuarista João Carlos Patella, atuando como estafeta (guri de mandalete da corporação), sendo depois, substituído por José Antônio Plá dos Santos, mais tarde, por Pedro Cardoso, o Cambota e que teve a acompanha-lo, Julião Garcia e por fim, Edsão Corrêa, o Exo.
Para a filial do Banco do Brasil iniciar as suas atividades, era necessário o dinheiro, num momento, quando a troca da moeda, o “Mil Réis”, foram substituídos pelo Cruzeiro, um ano antes e por estas bandas não havia como conseguir tanto numerário. Por causa disso, obrigatório foi trazê-lo de Pelotas e não havendo “Carro Forte” e as viagens eram feitas por barco, nem sempre seguras, ou então, pela praia, no ônibus da empresa Atlântica. O senhor Aristeu Veiga, imitanto aos demais passageiros quando das cruzadas perigosas pela beira do mar, deveriam levar cobertores, travesseiros, comidas, mate, café e remédios, para enfrentar as peripércias do caminho, muniu-se dessas tralhas todas e preparando numa caixa grande de papelão o fiambre para alimentar-se durante o trajeto longo e inseguro. Acontece que nesse objeto de cartão, que ele sempre carregou no colo, com o maior cuidado e que despertava a admiração, mas todos entendendo que, sendo ele novato nessa travessia, não desejava separa-se de sua deliciosa refeição.Mas, no entanto, o fato não era esse! Acontece que por baixo das primeiras camadas de sanduíches, estava acomodado o grande número de moedas e cédulas do dinheiro que seria fundamental para que o Banco do Brasil começasse a funcionar, distribuindo-o aos clientes.
Assim foi: o fator de desejo de todos, veio para cá, dentro de um recipiente simples que a os companheiros derrota, parecia ser uma lauta refeição para suprir as necessidades nos desertos de nossa costa.Artimanha esperta, como era necessária praticá-la na vida dura dessa Santa Vitória do Palmar, que agora completou seus 150 anos.


 
 
 
Durante as comemoraçãoes dos 50 anos de instalação da agência, vemos o remanecente do grupo que iniciou o trabalho aqui, sr. Celso Sefrin e esposa e ao lado, o sr. Osvaldo Tibiriça Feijó, um dos primeiros plantadores de arroz em Curral Alto e São Miguel.
 
Oreste Patella - O incentivador da instalação da instituição oficial.
 
Prédio atual do BANCO DO BRASIL.
 
O menino estafeta João Carlos Patella na festa dos 50 anos, junto ao gerente da ocasião.
Na festa a família de Pedro Cardoso (Cambota) junto a ele.
Todas as fotos pertencem ao acervo do Banco do brasil.

 



 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br