NA GRANDE CRISE MUNDIAL DOS
FINS DE 20 O PROGRESSO DE SANTA VITÓRIA DO PALMAR.
“VAMOS VIVER PRA DENTRO”
Terminava a década de 20 quando o mundo ocidental
e algumas zonas da Ásia, deparavam-se com uma fantástica
mudança de ordem econômica, com a queda das
bolsas de valores de Londres e principalmente a de Nova
York e a inflação rondando os maiores Estados
da Europa, como Alemanha, França e os paises nórdicos.
Esse panorama, também, foi preparando a eclusão
da mais terrível das guerras que foi a de 39-45,
alentada pelas novas filosofias totalitárias e que
viriam a dividir o mundo em dois blocos, o Socialista e
o Capitalista.
O Brasil não poderia fugir a essa avalanche e seus
reflexos se estenderam até nós, em função
de sermos um município produtor de carne, couro vacum
e a lã ovina. Se o Velho Mundo andava mal, não
importava nossos únicos resultados dos trabalhos
aqui assentados. A desvalorização dos campos
era muito grande e o comércio sentia, em grande escala
e mais ainda, o Uruguai, igual a nós, não
poderia comprar as mercadorias que trazíamos do centro
brasileiro e que, sustentavam a praça sulina numa
troca legal e ilegal, no contrabando.
Mesmo com esse sombrio panorama, a nossa comunidade ia
demonstrando um grande interesse no desenvolvimento material
e cultural, já que, como até hoje, pequena
casta de proprietários detinham uma grande soma de
valores pecuniários, chegando a sermos conhecidos
lá fora como a cidade que possuía as famílias
mais ricas do estado e onde era uma achado vir para estes
pagos e aqui casarem com as donzelas e assegurar um futuro
próspero. Dizem os pesquisadores de nossa História
Social que este era o motivo da chegada de tantos indivíduos
com diplomas universitários conseguidos nas faculdades
de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife em
nosso território e mais ainda, outros, com formação
adquiridas nos maiores centros da Europa que para cá
vieram e com o matrimônio com as conterrâneas
abastadas, mas, acima de tudo, com sua competência
profissional e uma férrea capacidade de trabalho,
transformaram-se em grandes vultos do meio e juntaram enormes
fortunas, na maioria transformadas em grandes glebas de
campos. Também, a esse punhado de homens devedos
o progresso e o desenvolvimento local.
Desse modo, começaram a surgir figuras que se dedicaram
à construção de prédios, os
famosos homens de obras e que, com o apoio dos grandes fazendeiros,
disseminaram residências particulares, obras públicas,
comerciais, administrativas e recreativas que destacaram
até o inicio de 40, mesmo durante a conflagração
mundial e daí, para a frente, passamos a ter uma
acentuada baixa nessas edificações por que,
já os poderosos com, a cabeça voltada para
a permanência nas cidades uruguaias de Rocha e Montevidéu,
e passaram, com a melhoria dos transportes, inclusive o
avião, a residir em Pelotas e principalmente, Porto
Alegre, a fulgurante capital do Rio Grande do Sul. Essa
migração para o norte e sul, produziu uma
famosa frase que até hoje ecoa nos ouvidos dos mais
antigos: “meu filho foi estudar ou trabalhar pra dentro”.
Com esses acontecimentos, as construções
passaram a diminuir de intensidade chegando ao ponto de
que grandes estancieiros, que aqui atuavam, mudaram-se definitivamente
para fora de nosso município, vindo para cá
pelos trabalhos de fim de ano, por ocasião da tosquia,
arrumação de negócios e o veraneio
nas estações balneárias, em especial
na Barra do Chuí. Essa moda chegou a ponto, que alguns
dos referidos nesta crônica atuaram em nosso meio
e nunca tiveram uma moradia na cidade e sim, na campanha
ou nos lugares “pra dentro”, já citados.
Vai terminando a fase dos anos 20, mas estes deixaram uma
gama de progresso e sobretudo, de afirmação
em nosso desenvolvimento, mas principalmente em nossa maneira
de ser.
Algumas obras arquitetônicas ainda agora estão
firmes e destacadas em nossa cidade, apontando a todos,
hoje em dia, que por estas bandas, mesmo no isolamento sulino,
forjou-se uma civilização, em especial, profundamente
patriótica e com seu espírito voltado para
o Brasil.
|
|
|
Residência do Sr. Francisco
Flório |
|
Clube Comercial (Reformado) tendo
a direita a Casa Estrela |
|
Moradia do Sr. Brasilino Corrêa |
|