Quem somos
Coberturas
Notícias
Revista
Entrevistas
Enquetes
Arquivo
José Golgerci
Políbio Braga
Colaboradores
Zero Hora
Correio do Povo
Diário Popular
O Globo
Gazeta Esportiva
Clima Tempo
Weather Channel
UFPel
Tempo Agora
Banco do Brasil
Banrisul
Bradesco
Caixa Federal
Santander
Secretaria Fazenda RS
Receita Federal
Proc. Geral da União
TRT
TRE
INSS
Detran-RS
Consulta CEP
Lista Telefônica
 
 

NA GRANDE CRISE MUNDIAL DOS FINS DE 20 O PROGRESSO DE SANTA VITÓRIA DO PALMAR. “VAMOS VIVER PRA DENTRO”

Terminava a década de 20 quando o mundo ocidental e algumas zonas da Ásia, deparavam-se com uma fantástica mudança de ordem econômica, com a queda das bolsas de valores de Londres e principalmente a de Nova York e a inflação rondando os maiores Estados da Europa, como Alemanha, França e os paises nórdicos. Esse panorama, também, foi preparando a eclusão da mais terrível das guerras que foi a de 39-45, alentada pelas novas filosofias totalitárias e que viriam a dividir o mundo em dois blocos, o Socialista e o Capitalista.

O Brasil não poderia fugir a essa avalanche e seus reflexos se estenderam até nós, em função de sermos um município produtor de carne, couro vacum e a lã ovina. Se o Velho Mundo andava mal, não importava nossos únicos resultados dos trabalhos aqui assentados. A desvalorização dos campos era muito grande e o comércio sentia, em grande escala e mais ainda, o Uruguai, igual a nós, não poderia comprar as mercadorias que trazíamos do centro brasileiro e que, sustentavam a praça sulina numa troca legal e ilegal, no contrabando.

Mesmo com esse sombrio panorama, a nossa comunidade ia demonstrando um grande interesse no desenvolvimento material e cultural, já que, como até hoje, pequena casta de proprietários detinham uma grande soma de valores pecuniários, chegando a sermos conhecidos lá fora como a cidade que possuía as famílias mais ricas do estado e onde era uma achado vir para estes pagos e aqui casarem com as donzelas e assegurar um futuro próspero. Dizem os pesquisadores de nossa História Social que este era o motivo da chegada de tantos indivíduos com diplomas universitários conseguidos nas faculdades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife em nosso território e mais ainda, outros, com formação adquiridas nos maiores centros da Europa que para cá vieram e com o matrimônio com as conterrâneas abastadas, mas, acima de tudo, com sua competência profissional e uma férrea capacidade de trabalho, transformaram-se em grandes vultos do meio e juntaram enormes fortunas, na maioria transformadas em grandes glebas de campos. Também, a esse punhado de homens devedos o progresso e o desenvolvimento local.

Desse modo, começaram a surgir figuras que se dedicaram à construção de prédios, os famosos homens de obras e que, com o apoio dos grandes fazendeiros, disseminaram residências particulares, obras públicas, comerciais, administrativas e recreativas que destacaram até o inicio de 40, mesmo durante a conflagração mundial e daí, para a frente, passamos a ter uma acentuada baixa nessas edificações por que, já os poderosos com, a cabeça voltada para a permanência nas cidades uruguaias de Rocha e Montevidéu, e passaram, com a melhoria dos transportes, inclusive o avião, a residir em Pelotas e principalmente, Porto Alegre, a fulgurante capital do Rio Grande do Sul. Essa migração para o norte e sul, produziu uma famosa frase que até hoje ecoa nos ouvidos dos mais antigos: “meu filho foi estudar ou trabalhar pra dentro”.

Com esses acontecimentos, as construções passaram a diminuir de intensidade chegando ao ponto de que grandes estancieiros, que aqui atuavam, mudaram-se definitivamente para fora de nosso município, vindo para cá pelos trabalhos de fim de ano, por ocasião da tosquia, arrumação de negócios e o veraneio nas estações balneárias, em especial na Barra do Chuí. Essa moda chegou a ponto, que alguns dos referidos nesta crônica atuaram em nosso meio e nunca tiveram uma moradia na cidade e sim, na campanha ou nos lugares “pra dentro”, já citados.

Vai terminando a fase dos anos 20, mas estes deixaram uma gama de progresso e sobretudo, de afirmação em nosso desenvolvimento, mas principalmente em nossa maneira de ser.

Algumas obras arquitetônicas ainda agora estão firmes e destacadas em nossa cidade, apontando a todos, hoje em dia, que por estas bandas, mesmo no isolamento sulino, forjou-se uma civilização, em especial, profundamente patriótica e com seu espírito voltado para o Brasil.

 

Residência do Sr. Francisco Flório

 

Clube Comercial (Reformado) tendo a direita a Casa Estrela


Moradia do Sr. Brasilino Corrêa


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br