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CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA (39-45) – O GASOGÊNIO

Quando, no momento, o Brasil, é o líder do uso de gás automotivo, criando motores com esse produto e mais, o óleo adicionado aos produtos vegetais, começando a transformar a maior preocupação, que é o combustível neste futuro tão incerto, quanto ao produto descrito, em solução permanente.
Durante o terrível momento bélico, sendo o conflito estendido para funcionar a nossa vida de transportes e economia, porque as grandes potências não permitiam que procurássemos o ouro negro em nossas terras, inclusive sendo preso o grande conterrâneo, Monteiro Lobato, que afirmava que entre os 8 milhões de Km2. a abundância desse mineral era notável, aliás, fato esse que se comprova hoje, inclusive em nosso município (vejam a crônica anterior).
Com essa situação, a escassez de gasolina para impulsionar automóveis era tão grande, que o governo federal instituiu o relacionamento dela e somente os carros, dos médicos, ambulâncias e “carros de aluguel”, recebiam uma cota mensal para seu uso. Foi uma grande dificuldade e em nossa cidade poucos automóveis rodavam, como os carros de “carros de praça” e os flamantes autos do dr. Osmarino, Osvaldo Anselmi, Derli Kokoty e mais alguns oficiais, que não atrapalhavam as brincadeiras da gurizada nas ruas cheias de areia e poças d´água.
No país, a inventiva dos brasileiros optou por um sistema que deveria dar certo e até certo ponto, deu, -- o carro movido a GASOGÊNIO. Consistia o sistema em colocar na parte traseira do veículo, dois grandes tubos de latão, a maneira dos botijões grandes do nosso gás doméstico e tendo um recipiente para depositar carvão ou madeira em combustão, o fogo aquecia a água com um produto, que poderia ser o acetileno, o carbureto, ou outros que saiam por uma tubulação e movimentava o motor, precariamente, mas, mesmo, com grande problema de potência e da sujeira, que contaminava-o causando costumeiras panes e deveria ser feita uma limpeza em poucos trajetos de percurso. Mas o que resolvia era o que tínhamos no momento, o Carro a Gasogênio!
Terminado o conflito, a importação feita pelas multinacionais que até agora atuam entre nós, esse invento foi deixado de lado.
Era curioso assistir, em nossa cidadezinha pequenina...”onde a gente estava sempre a se encontrar”, grupo de pessoas aglomeradas para verem passar os possantes autos diferentes e vê-los de perto, como se víssemos uns monstros anti-diluvianos.
PAULO GUERRA – o Paulo da Paz, que tantas coisas inventava ou construía as que já existiam, procurava adapta-las para o seu trabalho e como tinha um “carro de aluguel”, começou a “estudar” a maneira de fazer um próprio e trafegar dessa maneira. De acordo com o “chouffer de praça”, o já retratado aqui anteriormente, Atanagildo Setembrino Bonfim e usando um Chevrolet que lhe pertencia, fez funcionar o tão desejado gás --- o GASOGÊNIO. Ainda vê-se em fotos antigas o “coche” com as armações dianteiras e o cano de escape do carburante gaseificado.
Mais tarde a “invensão” foi passada para outros e alguns caminhões que circularam desse jeito. Lembro-me dos Rottas, um Chevrolet, dos Anselmis, do Acelino Rodrigues, o pai do “7 Bolinhas”, grande músico, falecido precocemente e alguns mais. Também, vem à memória, automóveis colocados em cima de 4 tocos de madeira para que ficassem no ar e não estragassem os pneus, dentro das garagens, porque não podiam andar em nossas ruas e estradas.
Foi um momento difícil da vida santa-vitoriense, como, de resto, em toda a nação. Era estranho apreciar os “GASOGÊNIOS”, como se dizia antigamente, parecendo uns pobres operários, carregando às costas, enormes fardos de lã.
Foi assim, por esse tempo que, no entanto, maravilhou a nossa gente e que deu vazão ao ato inventivo dos conterrâneos, embora o Paulo fosse uruguaio e o Atanagildo, de São Borja, mas que se mimetizaram entre o verde de nossos campos e o azul deste mar e das grandes lagoas, Mirim e Mangueira, que tanto amaram e se transformaram nuns verdadeiros mergulhões.
Este foi um momento importante na terra aniversariante nos seus 150 anos.


Carro do Atanagildo Setembrino Bonfim com a armação dianteira para colocação do gasificador (foto do proprietário)
Outra vista do mesmo veículo
Desenho de um automóvel com a tubulação traseira parecido com os que passavam por aqui (colaboração da Planetsul)

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br