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BEL. MARCUS SOIBELMAN MELZER – UMA FIGURA DE DESTAQUE

Vindo na década de 30 desde Santa Maria, sua terra natal, chegou por estes lados, o jovem acadêmico de Direito que cursava essa faculdade em Pelotas, desenvolvendo aqui as suas potencialidades jurídicas e foi um cidadão que marcou época, principalmente no conturbado meio político partidário daqui.
Afirma o bel. Anselmo Amaral que sua vinda para a plaga palmarina foi motivada por uma manobra da inteligência conterrânea que foi o médico Osmarino de Oliveira Terra que somente contando com a capacidade do prof. Frederico Tancredo Blotta e sua pena clara e contundente, além de lírica, precisava um elemento nas áreas da advogacia para fazer frente a grande capacidade nesse ramo do jovem causídico Mario Russumano Anselmi.
O jornalista Péricles Azambuja, figura importante que participou do grupo do Prefeito Municipal de então, não concorda com essa colocação, e é por isso, que são apresentadas as duas hipóteses estampadas neste comentário.
Moço, ainda, veio para cá e para manter-se, foi nomeado Juiz Distrital para atuar como complemento das atividades no direito.
Homem de conduta reta, de uma cultura sólida, embora recém começando sua vida profissional e cultural, possuía uma forte contundência em seus discursos que contrastava com a fineza de sua maneira de ser.
O seu auge entre nós foi depois da redemocratização, quando passou a cerrar fileiras no partido conservador, a União Democrática Nacional – a UDN, entidade partidária que fez frente aos ideais de Getúlio Vargas.
Com seu trabalho conseguiu concentrar uma fortuna pecuniária mas, devido a sua origem judia, contrariando os hábitos da nossa zona ruralista, não adquiriu terras, as famosas estâncias, que eram um chamarisco para os que vinham de fora, principalmente os detentores de graduação universitária.
O Fórum local e a praça pública assistiram grandes embates de oratória, principalmente por ocasião das eleições que levaram o seu líder ao poder, tendo como rival o acadêmico falado.
Era empolgante assistir os atracos entre os moços Marcus e Mario, tanto nos discursos e discussões pelos jornais, o seu Liberal e o de seu oponente, o Sul do Estado, como as ações na área judicial.
Marcus Melzer, como era conhecido adquiriu grande prestígio entre todos, principalmente tomando parte no esporte, o seu querido Grêmio Esportivo Brasil, no Rotary Club local, que ajudou a fundar e na Maçonaria.
Em convivência, era agradável de ver suas convicções quando ao futuro desta localidade, preocupando-se com o desenvolvimento cultural e não descansou enquanto não viu fundado o Ginásio de Santa Vitória, entidade que foi menina de seus olhos e mais uma oportunidade de guerrear o seu adversário que, por ser o educandário sem orientação religiosa, mas trazidas pelos metodistas do IPA, era frontalmente contra a sua instalação, porque desejava que a mesma fosse de inclinação católica.
Sua esposa foi nossa professora de Francês e sua filha menor, a inteligente mocinha Idaete, foi colega nos primeiros anos em que cursamos o lembrado estabelecimento de ensino.
Politicamente não conseguiu chegar ao topo do Poder Municipal sendo derrotado por João de Oliveira Rodrigues e mais tarde, já em Porto Alegre, tentou a deputação estadual, também, não chegando à vitória.
Nunca desligou-se de nosso município, pois, ao haver inviuvado, casou-se com a sra. França C. de Aguiar de família tradicional santa-vitoriense. Fez parte de uma banca de advogados da capital e ocupou altos cargos quando seu partido chegou ao governo do Estado com Ildo Meneghetti.
Sempre recordaremos com carinho e respeito a este tipo de cidadão que por estes lados chegou e nesta zona desenvolveu o seu trabalho profícuo e quando longe dela, foi sempre em embaixador de nossa gente em suas demandas capitalinas.
Um grande exemplo que recordam todos os mergulhões que viram em Marcus S. Melzer um indivíduo que contribuiu para o desenvolvimento local, tanto na área do Direito, Cultura, mas principalmente formando aqui uma família e nunca esquecendo esta terra de 150 anos que o recebeu de braços abertos, o aclamou, mas sobretudo, continua respeitando a sua memória, quando navegou pelas plácidas águas e os campos verdes do extremo sul.

Dr Marcus S. Melzer, sua esposa Lilian e a filha Idete quando de uma chegada no avião da Varig, numa de suas tantas viagens em pról de uma campanha política, tão a gosto naqueles tempos. (gentileza da sra. Léa Lima Quadros)

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br