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Como surgiu o balneário da Barra do Chuí?

A costa de nosso município, de formação topográfica plana, não se prestava a ocupação permanente, em especial para agrupamentos humanos, devido à violência dos ventos e do mar, mas sobre tudo, por causa das dificuldades de chegar até ali, pois tínhamos de atravessar extensas dunas de areia, os banhados e a lagoa Mangueira, que vinham desde o Taim até o extremo sul de nossa orla. Isso fez com que nossa gente sempre estivesse voltada para a Mirim que, além da água, pesca e lazer, servia como veículo de integração com o resto do País, através do canal de São Gonçalo.

Na parte sul do território, o arroio Chuí saía ao mar por uma "barra" (local onde o curso d'água desemboca em outro) em meios a uma formação arenítica alterosa conhecida como "as barrancas da barra" e desembocando no mar em locais diferentes, ora mais para o norte e outras vezes, mais ao lado do Uruguai. Quando esta situação acontecia, a região agora descrita tinha como obstáculo o curso líquido que separava as barrancas do mar, provocando uma zona ímpar de local e que servia para a recreação.
Em fins da década de 1870, provavelmente, e devido a uma grande epidemia (talvez a gripe),os médicos de nossa cidade, em último recurso, aconselharam a população que saísse de casa e se dirigisse para a beira-mar, pois havia um conceito forte de que os ares da marinha eram favoráveis à cura de todas as enfermidades, principalmente respiratórias. Logo, um grupo de maiores posses econômicas assim o fez! Para isso, provocaram um verdadeiro êxodo popular em direção ao Atlântico, sob liderança de um dos maiores estancieiros da região (João Ladislau Corrêa, conhecido como João Ladriz), nos meses quentes, enquanto durasse a crise de saúde.
A isto foi chamado de "A Caravana Aquática", que não sabemos quais os resultados, mas que a verdade, deveriam ter sido satisfatórios, já que a mudança de ambiente sempre favoreceu a melhora ou a cura para tais tipos de situação.
Era proprietário da região da desembocadura do Chuí - o melhor local para se fazer a travessia até o mar - o sr. João Pedro Pereira, mais conhecido como "Joca Documento". Diz a tradição, que uma das expressões que ele mais usava era a que para tudo "precisava de documento" e outros as afirmam que ele, quando fazia seus negócios, tinha a palavra substituindo a letra no papel em cartório. Este, aproveitando a situação, doou parte de suas terras ali para que seus amigos acampassem com suas carretas e, antevendo uma oportunidade de negócios, começou a construir toscos ranchos de palha e madeira que davam à praia, alugando-os aos caravaneiros e proporcionando o início de uma simples povoação, que depois viria a ser a mais bela das estações de veraneio que existe em nosso município.
Assim deu-se o início da criação deste balneário que hoje é um ponto turístico brasileiro e que recebe veranistas do Prata e de muitas cidades do sul brasileiro. De uma necessidade salutar surgiu a Barra do Chuí, que é um orgulho de todos os habitantes de Santa Vitória do Palmar.

Foto da Barra do Chuí, na qual aparece o arroio que lhe empresta o nome, com a ponte que a liga ao mar


:: Pergunta da Semana ::

Por que o nosso porto teve como um dos primitivos nomes de Porto do Escorrega?

RESPOSTA: Escorrega era o apelido do proprietário dos campos que lindam com a Lagoa Mirim onde está edificado o nosso porto. Era o português Joaquim Gomes Campos, que possuía uma estância nas imediações das quadras entre as ruas Barão do Rio Branco, Andradas, Neyta Ramos e General Deodoro, mais ou menos onde está o edifício do antigo Unibanco A razão desse cognome de Escorrega, era que Campos, havendo sofrido uma rodada num cavalo, teve a perna quebrada e caminhava arrastando a mesma como se estivesse escorregando.

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br