BARRA DO CHUÍ
Das Barrancas um casal espreita o Mar -
Armando e Mimosa
O
balneário da Barra do Chuí localiza-se no
extremo meridional da costa brasileira. Ele está
inserido na depressão histórica pronunciada
em todo o território nacional e que é um marco
da geografia e da civilização santa-vitoriense:
Do Oiapoque ao Chuí!
Juntamente como Torres, ao norte, ele se difere da topografia
costeira, com uma imensidão de areia. Aquele, como
o rio Mampituba e o nosso rincão, cortado pelo arroio
Chuí, fonte viva do passado de conquistas e ocupação.
Desde o naufrágio de Martim Afonso de Souza ficamos
conhecidos na literatura mundial, através do Diário
de Bordo de Pero Lopes de Souza, irmão ao fidalgo
português, fundador do nosso primeiro núcleo
populacional, que foi a Vila de São Vicente, em São
Paulo.
Posteriormente esse promontório de “arenito”,
as conhecidas Barrancas da Barra do Arroio Chuí,
local de passagens e limites diplomáticos entre Espanha,
ao sul e Portugal (Brasil), ao norte, serviu de base para
o tratado entre a nova republica aparecida em 1828, o Uruguai
com o Brasil.
Já nos extertores do século XIX, com Joca
Documento recebendo a “Caravana Aquática”,
grupo da elite econômica desta terra, que para fugir
de um surto de uma epidemia, talvez o tifo, foi acampar
à beira mar, surgindo o ponto de recreio mais ao
sul da Pátria.
Esta povoação logo transformou-se num local
de encontro de uma sociedade fronteiriça que a procurava
nos períodos estivais para sua recreação,
fugindo do calor e das doenças. Foi a Barra, como
é conhecida carinhosamente, refugio de muitos veranistas
dos locais citados e de municípios do entrono da
Mirim, mais Pelotas e outros grandes cidades gaúchas,
desde o início dos anos 90.
Sempre foi pujante, sendo a primeira a receber os benefícios
do progresso, como estrada vencendo as areias, já
que era a porta de saída de nossas terras, via rodoviária,
pela costa na era dos veículos motorizados para,
chegando a Rio Grande, ligasse ao nosso país. Teve
os primeiros hotéis da zona costeira, iluminação
e sempre fiéis veranistas, rivalizando-se com os
do Hermenegildo, distante dela por 13 Kms para o norte da
costa.
Quando no início dos anos 60 começaram a ser
fundadas as “Sociedades Amigos” das localidades,
após a da Estação Hermenegildense,
criando-se a Sociedade Amigos da Praia da Barra do Chuí,
um grupo de abnegados veranistas colocou-se a frente da
entidade e passou a lutar para o desenvolvimento da zona.
Dessa plêiade de cidadãos destacou-se um que
durante esse período até a sua morte, dedicou-se
a lutar pelas melhorias de sua praia.
Armando Devildes, homem dinâmico, bancário,
estancieiro, mas, sobretudo, líder da comunidade
onde nasceu, seja nos serviços sociais, no esporte,
na construção de novas entidades, como a Cooperativa
Telefônica Vitoriense, onde foi diretor, sob a presidência
profícua de Carlos Alcy Cardoso, Santa Casa, Clubes
recreativos e tantos outros seguimentos, formados para o
desenvolvimento desta comunidade.
Casado com a professora “Mimosa Rotta”, dona
Matilde, grande companheira dessa empreitada em prol do
desenvolvimento e do progresso, foi ele, o marco na luta
para que a sua Barra do Chuí tivesse a expressão
que citamos acima.
Morando quase junto as barrancas de arenito já citadas,
era comum vê-lo ao lado da eterna companheira, assistindo
o mar ao longe bramindo ou encantando-se com o pequeno,
mas bucólico arroiozinho que passava em todas, a
extensão do promontório saindo, desde o limite
com os orientais, e muitas vezes, indo atirar-se às
águas do Atlântico, passando o Balneário
Alvorada, reduto hoje, de quase a totalidade de imigrantes
moradores de nosso vizinho do sul.
Até seus últimos dias, Armando Devildes, praticou
a sagrada função, para ele, que era lutar
pela estação balneária, junto com a
querida esposa, sempre pensando numa ação
melhor que viesse provocar a melhoria ambiental para o benefício
de todos.
Assim foi Armando Devildes, que ao lado de Mimosa Rotta
pensou grande num futuro para a localidade, embora, agora
não veja mais o riachinho das Tartarugas ou dos Xueús,
passar na frente de seus olhos, pois, a sanha terrorista
de uma ditadura feroz, acabou com a beleza das águas
cruzando o casario, onde uma ponte provisória levava
ao mar.
Mas todo esse desastre ganancioso, o maior acontecido em
nossa terra, não servirá para desencantar
as belezas das barrancas onde o conterrâneo Armando
e a professorinha Mimosa, sonharam ao luar do plenilúnio
ou na escuridão soturna, assistindo o Cruzeiro do
Sul marcar definitivamente as fronteiras sulinas desta grande
terra.
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