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EMPRESA PÁSSARO AZUL – la. LINHA DE ONIBUS COM SEDE NO CHUÍ

 

A História nos reserva cada surpresa, que ao narrá-la, temos que desmistificar o seu conteúdo: fui crescendo a partir da tenra idade, do conhecimento infantil, impressionado com os transportes coletivos de nosso município, em especial, da Atlântica que nos ligava pra “dentro”, mas, a firma que mais impactava a gurizada, era o Pássaro Azul, fazendo a ligação de nossa cidade com a, então, vila do Chuí, diariamente e nos verões, desde janeiro até março, para a estação balneária Barra do Chuí, a mais austral povoação do litoral brasileiro.
Sua função era ligar-nos ao Uruguai, através da fronteira Chuí-Chuy e daí passarmos principalmente as cidades do leste, como Castilhos, Rocha e Montevidéu, sem contar, com a bela região da fortaleza de Santa Tereza, local muito procurado pelos mergulhões. Possuía dois horários, manhã e tarde e esperava que a ONDA chegasse para o transbordo.
Seus motoristas e ajudantes eram solícitos em encaminhar as encomendas que se faziam do estado Oriental e que chegavam aqui, em perfeita segurança, todos os dias necessários, destacando-se os condutores como o Henrique, Brasil e tantos outros e o popularíssimo Manuel Farias, o “Maneca chouffer” e que foi grande colaborador nas pesquisas sobre o Pássaro Azul.
O proprietário da companhia era o sr. Laudelino Acosta, o Tano, conhecido homem da zona, de nacionalidade uruguaia e que para cá veio e findou seus dias na região. Casado com a sra. Adelaide, filha de um próspero comerciante da vila e que era destacada por sua alegria contagiante e ligada a nossa sociedade. Seu apelido era Delaidinha e também, residiu para sempre entre nós, acompanhada por cães ovelheiros, sendo o mais popular, de nome Cacique, que vai estampado em uma das fotos.
A grande curiosidade, conforme anúncio colocado nas edições do ano 1939, do Sul do Estado é que, a atuante companhia de transporte coletivo, totalmente municipal, tinha com base o Chuí e primeiro, com uns Fords-mod. A. A linha foi feita no trajeto Chuí – Barra do Chuí e não em nossa cidade, como pareceria ser, por um pequeno carro da mesma marca e que foi apelidado por seus usuários de “Mula Manca”, título de uma marchinha de carnaval e muito popular no momento: “não me importa que a Mula manque, o que eu quero, é rosetar”...Isto devía-se aos solavancos que o coletivo produzia nos viajantes ao vencerem a estrada arenosa e esburacada que levava ao mar.
Desde o ano em questão e devido ao sucesso do empreendimento, Laudelino Acosta, o Tano, passou a fomentar o curso em direção à nossa cidade diariamente e para cá transmudou-se com a família, lembrando, formada pela Delaidinha e o cachorro Cacique. Foi tornando-se importante e popular e os autobuses passaram a acompanhar um desenvolvimento crescente. Teve carros maiores e melhores, como os dos anos 40, sem nunca esquecer o “Mula Manca” que, por velho e desatualizado, somente trafegava no verão, até o seu completo desativamento. No ano de 1951, provavelmente em outubro, o Tano, fez um lance mais ousado, que colocou sua linha em grande destaque, quando comprou um moderno carro e mandou fazer sua carroceria na firma caxiense Elliziário, que era destaque em todo o Brasil naqueles tempos. Este chegou na cidadezinha, mais ou menos, pelas 17 h. e depois de um acompanhamento com foguetório e tudo a que tinha direito, estacionou em frente a garagem da empresa na rua 7 de setembro, ao lado do bar Tabajara e agora onde está a tabacaria do pranteado Marcio Batista. Foi chamado de “Gostosão”, apelido que era dado aos carros grandes em todo o interior do pais e que ficou conhecido por longos anos graças a uma letra de um baião muito popular cantado por Luis Gonzaga, mas que foi adaptada pelo Aldo Rodrigues, o “Aldo do Pandeiro”
Esta “linha de onibus” , passou, posteriormente para o pecuarista Roberto Plastina, depois para Baltazar Talayer, Brasil Cabreira e Manuel Rosales, o “Baixinho”, até ser comprado, pela firma pelotense que até hoje a explora, ligada a intermunicipal.
Deixou de existir esse complexo transportista, mas a lembrança dessa gente e tudo em que se viu envolvida, ainda esta na memória para quem vai ao Chuí, Barra e Hermenegildo e mais ainda, acompanhou, com suas famosas excurções de estudantes e times de futebol para todos os recantos da fronteira. Foi um exemplo de perseverança e fé num trabalho duro pelas estradas barrentas de Santa Vitória do Palmar.

 

 
Laudelino Acosta em frente ao hotel Atlântico da Barra do Chuí. Acervo de Rubens Carrasco
 
O Mula Manca. (em frente a garagem)
     
 
No parque do Sindicato Rural, onibus do Pássaro Azul, vendo-se Henrique Acosta e Manuel Farias, o Maneca, da confecção de Manuel Farias. o Maneca
 
Novamente o onibus vendo-se (da esqu. p/ dir.) Zezinho, Antoninho Barbosa, Airã Machado, Bola Sete.Brasil Cabreira, cachorro Cacique, Maneca e Wandort Correa. (de Maneca)
     
 
O mais moderno veículo que teve a empresa Pássaro Azul, o primeiro com o motor para dentro, com vidros Raibans, que foi apelidado e imortalizado na letra do baião por Aldo do Pandeiro, de Gostosão. (Ainda Maneca)
 
Propaganda no Sul do Estado de 1939 da Empresa Pássaro Azul.

 



 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br